Decadência

Percorro vários canais televisivos e, definitivamente, o chulismo anda à solta, as pessoas não param mais para pensar e só depois falar. Darei uma volta antes de chegar onde quero. Tudo no Brasil está sendo facilitado para que a população fique, a cada dia mais, alienada e ninguém faça nada. É preciso que você, brasileiros, brasileiras, acordem para a realidade que nos cerca.

Como já disse aí acima, liguei a televisão, troquei várias vezes de canal e só assunto de Copa, mas e eu com isso? E eu com Copa? Eu quero saber do dinheiro dos impostos escandalosos que pago e não vejo retorno. Eu quero ver o dinheiro que gasto sendo aplicado em hospitais públicos, em escolas públicas, enfim, em algo que surta efeitos positivos. Agora não, a maldita televisão quer me descer goela abaixo essa monstruosa Copa comprada –e não me venham falar que toda essa baixaria chamada Copa não está comprada porque está sim. Ah, faça-me o favor. Em uma ordem cronológica, antes tínhamos programas televisivos que poderíamos ouvir boas músicas, mas tiveram de retirá-los porque a “sociedadezinha de hoje” não se enquadra a essa boa música, ah, mais uma bizarrice, quem foi que disse essa asneira? E por qual motivo as emissoras televisas devem atender apenas a classe da juventude? E aqueles que têm bom gosto? Ah, esses não caretas, pobretões culturalmente. Agora é assim, tudo tem de ser mudado para atingir essa nova massa jovial. Tem cabimento? De outro lado, o linguajar, os apresentadores, os cantores, os jogadores, entrevistadores, em sua grande maioria não se preocupam mais com a norma-padrão, aquela de maior prestígio, tudo isso para quê? Para atender essa desorientada juventude que está chegando. Por conseguinte, vê-se que há um paradoxo e nisso os faço pensar. Por que essa nova geração precisa de um linguajar especial? Não sabem ler? Hum! É claro, com isso, tentam justificar entre tantas outras falsidades que a culpa é da escola, não temos mais escolas como outrora, essa é a desculpa esfarrapada, medíocres. Engraçado que, da mesma escola que saem os analfabetos, os preguiçosos, os nauseabundos, os pífios, os desidiosos, os néscios, os apedeutas, os molambentos que não dão para nada pois sempre atrapalharam o professor em sala de aula, dessa mesma escola aí também saem aqueles que virarão médicos, psicólogos, professores e tantas outras profissões de sucesso. Ora, que diabos! Então não é a escola, é sim, o vagabundo que não quer estudar, e, junto com o pai, transferem toda e qualquer responsabilidade para a escola. Assim, volto ao assunto da televisão, não é necessário que sejam ridículos os programas televisivos, é preciso sim, que esses jovens se adéquem àquilo que lhes é passado. Ah, Rafael, mas é Brasil. Pois é, por ser Brasil que minha esperança vai embora, sempre, em quase tudo que escrevo.

Acontece que, muito se fala e pouco se faz. O povo é falso, é hipócrita, dizem que não gostam de programas chulos, mas toda noite estão lá assistindo ao “Big Brother”, fazendo ligações para lá e mandando torpedos, vão se olhar no espelho, mentirosos e farsantes de uma figa. Não sabem o que querem. Dão audiência ao chulismo, aos programas que têm barraco e quanto mais barraco tiver, mais audiência terá. Então é chegada a hora de o povo reagir, pedir programações que possam engrandecê-los culturalmente. Mas quem é que pensa assim? Poucos, raros, quase não os há. Toda essa celeuma televisa em que vivemos hoje, faz-me lembrar de algo realizado em Nova Iorque, há alguns anos, sobre o que a população mais queria assistir, a eles isso lhes fora inquirido. Saíram às ruas e perguntaram, muito bem. Feito isso, foi aberta uma emissora, apenas com a programação que eles mesmos queriam, ah, mas não durou um ano, sabem por quê? Porque o povo queria o chulismo, disseram, primeiramente, que queriam programas de qualidade, educativos, cultos. Balela! Os mentirosos fizeram com que a emissora não tivesse o mínimo necessário de audiência para sobreviverem. É por isso que os programas televisivos estão assim, um lixo, porque os “lixeiros” gostam de assistir ao que se passa: sexo desenfreado, pornografias nas novelas, barracos para saber exames de DNA, sangue a todo custo, barracos familiares, enfim, lixo sobre lixo. Grosso modo, a programação aberta brasileira é feita para o gosto popular. Chegada a essa conclusão, é preciso que haja uma determinação de pessoas de bom gosto (o difícil é achá-las) que exijam uma programação de igual sorte àqueles que não querem única e exclusivamente a Copa, quero dizer, o lixo, porque não é possível que apenas essa categoriazinha seja atendida. Chega!

E para finalizar, a educação de saber assistir a bons programas, vem de casa, dos pais, desde o berço. Eles, já desde bem cedo mostrando aos filhos o que eles podem e o que não podem assistir, norteando-os a retidão, ao bom caminho. Agora, qual é o pai que faz isso? Esses pífios de hoje? Mas de maneira alguma. Prefere deixar os filhos escolherem aquela programação que mais os agrade. Dizem-se completamente estressados, cansados, desnorteados existencialmente. É por isso que essa sociedade louca caminha da maneira que está, pais não colocam freios, limites, em seus filhos, depois crescem e daí sim vão querer saber onde foram que erraram, lamento, já será tarde, seu filho já terá seguido os exemplos dos “programas televisivos” de hoje. E por que os filhos já não mais obedecem aos pais? Preciso dizer? Recuso-me. “Quem vigia os lábios preserva o coração da angústia”.

Rafael Vieira

Professor Rafael Vieira
Enviado por Professor Rafael Vieira em 18/06/2014
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