O PAI QUE RESGATOU O FILHO
Foi lá o pai. O filho de dezesseis anos bem no meio do ativismo político, máscara preta no rosto. Do nada surge o pai, e profere as palavras marcantes que foram motivo de divulgação intensa no noticiário do dia: Eu te amo, cara! - Diz, entre outras coisas - Eu pago a sua escola! Você terá o seu direito quando trabalhar e ganhar o seu dinheiro! Vamos embora!"...
As reivindicações do garoto são até justas. Refletem o que toda a sociedade pede a altos brados, desde que recentemente descobriu o sabor novo, mas exaustivamente praticado noutras nações, de ir às ruas contestar quadros sociais injustos. O rapaz argumenta com o pai que quer escola e saúde decentes. Que a avó quase morre num hospital público. Pede que o pai lhe respeite o direito de livre expressão de uma revolta que, em verdade, é a de todas as sociedades reféns dos rudes contrastes sociais. Mas o pai se mantém irredutível. Arranca a máscara do rosto do menino e o arrasta para casa.
-" Eu te amo, cara!..."
Quão sugestivo, metafórico de tantas realidades difíceis pelo nosso país afora, foi este acontecimento aparentemente despojado de significados que persistam no noticiário durante mais do que alguns dias! Fiquei em casa imaginando o tanto de desentendimentos, de discussões, de aflições deste pai angustiado foram necessários, até que ele atingisse este ponto: o do resgate do filho de uma situação imprópria para o idealismo adolescente que, embora em muitas ocasiões bem intencionado, não alcança o cortejo sombrio de consequências possíveis a iniciativas desta monta. Porque trata-se de uma fase da vida que funciona assim. Como se um persistente arco-íris feliz se delineasse nos horizontes, nos desfechos de tudo aquilo que se quer defender a todo custo.
Só mais tarde, com a chegada da maturidade entretanto, descobre-se que não é bem assim que acontece. E o pai experiente certamente conhece bem esta verdade. Só que ao idealismo sincero do rapaz escapa a percepção de que para todo ato desta seriedade um cortejo de consequências perigosas pode se desencadear sobre os participantes, consequências estas que, na sua faixa etária, se desviarão em cheio para cobrar do responsável por suas atitudes de menor de idade: no caso, dos pais! E, no caso específico, daquele pai certamente tomado de preocupação extrema, e que, no exercício legítimo do amor pleno, colhe o filho com perplexidade para livra-lo de um possível desfecho infeliz para as suas iniciativas motivadas por ideais também legítimos; mas reivindicados de modo impróprio para uma fase da vida em que ainda não tem como responder por resultados graves pertinentes ao ativismo político que, nos tempos perigosos em que vivemos, podem lhe comprometer, nada menos, do que o dom precioso da vida!
Mas, em todas as fases da história humana, o amor age sempre assim. Como poderoso anjo investido de forças divinas em meio ao flagelo das maiores amarguras, alarga suas asas para envolver em cuidados e proteção aqueles que são alvo deste sentimento excelso. Entenda ou não o beneficiado o que motiva as atitudes de seu amparador, por vezes suprimindo de seu campo de ação justo aquilo que reputa como seu direito legítimo de felicidade, ou como requisito do exercício de um livre arbítrio do qual não sabe fazer um uso consciente, responsável, estes seres que se movimentam em meio às turbulências do mundo como verdadeiros heróis da vida real não medem esforços. Vencem receios e hesitações, ignoram os perigos a que talvez se exponham nas suas iniciativas em favor dos que amam; inalam uma dose a mais de coragem, de ânimo, que os impulsionem à ação produtiva sobreposta à própria segurança, ao próprio e eventual desfalecimento das forças, para, sem hesitação, ir em socorro dos entes queridos.
Tenho dois filhos adorados. E, como mãe, fácil é imaginar o dilema difícil daquele pai, até que se decidisse a agir e a se expor daquele modo, em hora crítica do país, em que as ruas são convulsionadas em várias capitais por protestos de vários segmentos da sociedade contra o mega evento futebolístico que se iniciou esta semana, e que segue seu curso esfervilhante em meio à outra legião de turistas alvoroçados de todas as partes do mundo e do país, vestidos com as cores de suas bandeiras.
Todavia, faz-se clara a compreensão de que só mesmo o Amor - este mesmo Amor que impulsionou a atitude drástica daquele pai, provavelmente obcecado pelo desejo de livrar a todo custo o filho amado dos reveses brutais dos confrontos frequentes nas ruas das grandes cidades - somente este sentimento é capaz de apaziguar todas as diferenças. De permear a atitude firme aquele senhor com as palavras certas que, por sua vez, auxiliem o rapazinho idealista a alcançar o entendimento da importância de que se reveste a sua vida para a sua família, e que os riscos potenciais, e que poderiam reverter nalguma tragédia pelas suas atitudes são reais! Não mera quimera, ou produto de excessos de cuidados, ou de repressão gratuita. Que uma causa, no seu coração, talvez justificada pelos melhores propósitos - no entanto abstrata, volátil demais em suas razões e resultados incertos - não justifica a dor no coração de familiares amados que lhe dedicaram toda uma vida!
Tais cenários não podem motivar, na conduta dos nossos jovens ainda menores, embora sinceramente idealistas, o rumo questionável da violência gratuita em enfrentamentos sangrentos de rua, para solução dos problemas políticos complexos do nosso grande país. Tudo tem sua hora, para cada país e sociedade, e para cada um de nós. E cada ação cobra o seu preço, nem sempre fácil, e, sobretudo, maturidade para se atender com acerto ao inusitado dos resultados de cada escolha, em todas as situações.
Que a voz soberana do Amor prevaleça, em todas as famílias de nosso país continental, e em todos os impasses sérios de cada agrupamento humano, para que mais facilmente se faça a paz e o entendimento em toda a face da Terra!
Foi lá o pai. O filho de dezesseis anos bem no meio do ativismo político, máscara preta no rosto. Do nada surge o pai, e profere as palavras marcantes que foram motivo de divulgação intensa no noticiário do dia: Eu te amo, cara! - Diz, entre outras coisas - Eu pago a sua escola! Você terá o seu direito quando trabalhar e ganhar o seu dinheiro! Vamos embora!"...
As reivindicações do garoto são até justas. Refletem o que toda a sociedade pede a altos brados, desde que recentemente descobriu o sabor novo, mas exaustivamente praticado noutras nações, de ir às ruas contestar quadros sociais injustos. O rapaz argumenta com o pai que quer escola e saúde decentes. Que a avó quase morre num hospital público. Pede que o pai lhe respeite o direito de livre expressão de uma revolta que, em verdade, é a de todas as sociedades reféns dos rudes contrastes sociais. Mas o pai se mantém irredutível. Arranca a máscara do rosto do menino e o arrasta para casa.
-" Eu te amo, cara!..."
Quão sugestivo, metafórico de tantas realidades difíceis pelo nosso país afora, foi este acontecimento aparentemente despojado de significados que persistam no noticiário durante mais do que alguns dias! Fiquei em casa imaginando o tanto de desentendimentos, de discussões, de aflições deste pai angustiado foram necessários, até que ele atingisse este ponto: o do resgate do filho de uma situação imprópria para o idealismo adolescente que, embora em muitas ocasiões bem intencionado, não alcança o cortejo sombrio de consequências possíveis a iniciativas desta monta. Porque trata-se de uma fase da vida que funciona assim. Como se um persistente arco-íris feliz se delineasse nos horizontes, nos desfechos de tudo aquilo que se quer defender a todo custo.
Só mais tarde, com a chegada da maturidade entretanto, descobre-se que não é bem assim que acontece. E o pai experiente certamente conhece bem esta verdade. Só que ao idealismo sincero do rapaz escapa a percepção de que para todo ato desta seriedade um cortejo de consequências perigosas pode se desencadear sobre os participantes, consequências estas que, na sua faixa etária, se desviarão em cheio para cobrar do responsável por suas atitudes de menor de idade: no caso, dos pais! E, no caso específico, daquele pai certamente tomado de preocupação extrema, e que, no exercício legítimo do amor pleno, colhe o filho com perplexidade para livra-lo de um possível desfecho infeliz para as suas iniciativas motivadas por ideais também legítimos; mas reivindicados de modo impróprio para uma fase da vida em que ainda não tem como responder por resultados graves pertinentes ao ativismo político que, nos tempos perigosos em que vivemos, podem lhe comprometer, nada menos, do que o dom precioso da vida!
Mas, em todas as fases da história humana, o amor age sempre assim. Como poderoso anjo investido de forças divinas em meio ao flagelo das maiores amarguras, alarga suas asas para envolver em cuidados e proteção aqueles que são alvo deste sentimento excelso. Entenda ou não o beneficiado o que motiva as atitudes de seu amparador, por vezes suprimindo de seu campo de ação justo aquilo que reputa como seu direito legítimo de felicidade, ou como requisito do exercício de um livre arbítrio do qual não sabe fazer um uso consciente, responsável, estes seres que se movimentam em meio às turbulências do mundo como verdadeiros heróis da vida real não medem esforços. Vencem receios e hesitações, ignoram os perigos a que talvez se exponham nas suas iniciativas em favor dos que amam; inalam uma dose a mais de coragem, de ânimo, que os impulsionem à ação produtiva sobreposta à própria segurança, ao próprio e eventual desfalecimento das forças, para, sem hesitação, ir em socorro dos entes queridos.
Tenho dois filhos adorados. E, como mãe, fácil é imaginar o dilema difícil daquele pai, até que se decidisse a agir e a se expor daquele modo, em hora crítica do país, em que as ruas são convulsionadas em várias capitais por protestos de vários segmentos da sociedade contra o mega evento futebolístico que se iniciou esta semana, e que segue seu curso esfervilhante em meio à outra legião de turistas alvoroçados de todas as partes do mundo e do país, vestidos com as cores de suas bandeiras.
Todavia, faz-se clara a compreensão de que só mesmo o Amor - este mesmo Amor que impulsionou a atitude drástica daquele pai, provavelmente obcecado pelo desejo de livrar a todo custo o filho amado dos reveses brutais dos confrontos frequentes nas ruas das grandes cidades - somente este sentimento é capaz de apaziguar todas as diferenças. De permear a atitude firme aquele senhor com as palavras certas que, por sua vez, auxiliem o rapazinho idealista a alcançar o entendimento da importância de que se reveste a sua vida para a sua família, e que os riscos potenciais, e que poderiam reverter nalguma tragédia pelas suas atitudes são reais! Não mera quimera, ou produto de excessos de cuidados, ou de repressão gratuita. Que uma causa, no seu coração, talvez justificada pelos melhores propósitos - no entanto abstrata, volátil demais em suas razões e resultados incertos - não justifica a dor no coração de familiares amados que lhe dedicaram toda uma vida!
Tais cenários não podem motivar, na conduta dos nossos jovens ainda menores, embora sinceramente idealistas, o rumo questionável da violência gratuita em enfrentamentos sangrentos de rua, para solução dos problemas políticos complexos do nosso grande país. Tudo tem sua hora, para cada país e sociedade, e para cada um de nós. E cada ação cobra o seu preço, nem sempre fácil, e, sobretudo, maturidade para se atender com acerto ao inusitado dos resultados de cada escolha, em todas as situações.
Que a voz soberana do Amor prevaleça, em todas as famílias de nosso país continental, e em todos os impasses sérios de cada agrupamento humano, para que mais facilmente se faça a paz e o entendimento em toda a face da Terra!