COMEÇOU! A BOLA JÁ ESTÁ ROLANDO.

Não gosto de escrever sobre futebol por que não entendo nada do assunto, exatamente como o Galvão Bueno. Mas gosto do jogo. Não vou a estádios por absoluta falta de saco – desculpe eu quis dizer paciência – para me enfiar, ou ser enfiado, nomeio da multidão; nem hoje nem quando tinha 50 anos a menos de idade.

Assisto jogos de futebol pela ESPN que não tem papas na língua, pois não pertence a nenhum grupo de mídia brasileiro; principalmente, mas nem sempre, os jogos dos campeonatos europeus, onde se joga o melhor futebol do mundo e de onde vêm, aliás, a maioria dos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol.

Pois para mim a Copa do Mundo começou em 2007 com aquela farsa do sorteio da sede do Mundial de 2014. Mas isso é outra história que quem entende de futebol, é jornalista esportivo, e sabe muito mais dessa história pra boi dormir.

Digo isso porque eu, como todos os brasileiros, é claro, acompanhei como é que a FIFA faz uma Copa do Mundo. É assustador o poder que tem. Capacidade de impor o que quer: coagir, tripudiar, cooptar Governos, alterar leis federais, exigir a construção de novos estádios de futebol; chama-los de Arena e vender o nome. Exigir a construção de vias públicas e meios de transporte e tantas obras mais com a falácia do legado, beira o domínio de um país colonizador sobre outro. Só faltou nos impor um idioma oficial.

Nas cidades sedes seus moradores passaram por obrigações absurdas, não só no entorno das tais Arenas. Em Salvador, um dia antes da abertura da Copa, a Presidente e o Governador baiano inauguraram o metrô, em construção há 12 anos – um trecho de meia dúzia de quarteirões de um “projeto de 38 km”.

Em Fortaleza, a construção do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos foi suspensa pelo Governador alegando que as três construtoras “não estavam dando contas do recado” e cancelou os contratos. O que houve foi que a obra parou no meio do caminho, literalmente, porque o governo não conseguiu a desapropriação de centenas de casas plantadas no trajeto há mais de 40 anos, tudo sob o comando de um “líder comunitário” filiado a um ajuntamento chamado de partido político adversário do governo de plantão.

Li por aí que a Copa a 100 dias do início da competição já custava 35 bilhões de reais. Dinheiro que ninguém sabe bem de onde saiu: das empresas privadas, dos governos (federal, estadual e municipal), de patrocinadores, da CBF, dos bancos federais ou da casa da mãe Joana, que nesse caso da na mesma.

Não acredito que com esse dinheiro todo o governo poderia fazer melhorias para a população quanto aos sistemas de saúde, educação, segurança, transporte e tudo mais que o país precisa; o que o governo faz é gato e sapato – e ambos dos mais chinfrins – com nosso dinheiro; sobretudo esse que foi eleito e reeleito com 47% dos votos dos infelizes miseráveis do Brasil e aparelhou o Estado com a mesma receita que partidos políticos tanto da esquerda quanto da direita já fizeram em vários países e alguns, os que sobraram, ainda fazem.

Mas volto à parte principal desse artigo. O conhecido cantor e compositor cearense Raimundo Fagner disse não. "Fui convidado para fazer as Fan Fests e desde o começo recusei. Até porque não gosto de cantar em Copa. E a produção, da FIFA com a TV Globo, acha que o artista está se sentindo muito bem em estar ali, tem até que pagar para estar ali. Achei meio ridículo. As condições que ofereceram, desde novembro, são como se a gente que estivesse querendo ir. Não é esse meu caso. Recusei convite da FIFA, da TV Globo, do governo do estado, da prefeitura. Não quis fazer. Pra mim não é essa visibilidade. Não achei a oferta legal e tem muita gente precisando aparecer. Não me interessei em fazer".

As Fan Fests da FIFA são uma espécie moderna, século XXI, do Coliseu dos séculos II e III em Roma. Nessas não se matam cristãos nem gladiadores lutam até que um deles morra. A barbárie promovida pela FIFA é mais civilizada: um espaço público cercado, ruas interditadas, com palco para “atrações” e telões, com entrada gratuita depois de passar por rigorosa revista. É que ninguém pode entrar com bebida alcoólica. Não sei se bêbado pode. É aí que o povão vai assistir a Copa

Quem será que vai entregar o troféu de campeão da Copa do mundo? Deveria ser a Dilma. Porém depois da xingadela da abertura acho que não ela não vai. Dilma foi ofendida, dizem alguns, condenando a atitude de parte da torcida; falta de respeito, dizem outros, falta de educação. Bueno, a Dilma foi xingada como se faz com o arbitro do jogo ou com qualquer jogador que não faz o que a torcida espera; inclusive os treinadores.

Há quem ache que a frase foi pesada de mais; foi com um palavrão; “nome feio” como se dizia antigamente. Quanto à frase ser pesada de mais é o de menos. Além do que xingar alguém sem palavrão não é xingamento e deve ser porque o xingado fez – ou deixou de fazer – alguma coisa bem feita. Coisa boa que a maioria esperava e o xingado não fez.

Por que o povo não pode xingar um Presidente da República? Pode sim! Tanto quanto elogiar, o que certamente não é o nosso caso. O Lullla sequer conseguiu dizer “declaro aberto os Jogos Pan-americanos” em 2007. Quem lembra?

Então quem vai entregar o Troféu? Gisele Bündchen, convidada pela FIFA, agradeceu e disse quem não vai. Se eu for convidado aceitarei na hora. Meu cachê? Cobro 1% do faturamento da FIFA nessa Copa do Brasil. Aceito vaias e todo e qualquer tipo de xingamento. I’m bad ass!

Delírio a parte, algumas coisas me intrigam. Por que será que chamam um troféu – seja lá o formato que tenha – de taça não sendo uma taça. Nenhum troféu de nenhuma Copa do Mundo teve o formato de uma taça. O que mais dava essa impressão, e talvez por isso, ser chamado de taça, foi o troféu que Jules Rimet, então presidente da FIFA em 1929, que mandou um artesão Frances fazer o troféu da Copa do Mundo. O troféu Jules Rimet era a figura mítica da Vitória alada segurando sob a cabeça um vaso de oito lados, uma copa, feito de ouro. O Brasil quando em 1970 ganhou o tri campeonato ficou em definitivo com o troféu que foi roubado e derretido – ah Brasil! – e jamais encontrado. E o pior: quem roubou?

Por isso esse torneio mundial de futebol tem o nome de Copa do Mundo. Copa que também pode ser a parte superior das arvores, aquela sala junto à cozinha que havia na casa de meus avós, em Alfredo Chaves –ops! Veranópolis – a parte de cima de um chapéu, entre outras coisas; talvez até mesmo uma taça. Mas eu prefiro troféu.

Como já escrevi em outro artigo, vai ter Copa, está tendo Copa, as passeatas continuam ridículas, perigosas e ameaçadoras já que não há foco na reclamação. Qualquer coisa é motivo; ninguém se entende. Não são ideológicas de direita, como foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade liderada pelo fundamentalista cristão Plínio Correia da TFP contra a “ameaça comunista”(!!!!) de Jango um estancieiro gaúcho. E nem ideológica de esquerda, como a das “Diretas Já”, organizadas por Partidos Políticos. Assim a polícia continuará batendo e gozando, jornalistas sendo feridos e os “Black Blocs” (essa invenção da TV Globo, que “pautou” todas as outras, viu nos vagabundos brasileiros de sempre- agindo isoladamente e não em bloco- os jovens alemães mascarados que na década de 1980 protestavam contra a construção de novas usinas atômicas naquele país. As mascaras representavam o perigo atômico não era pra esconder o rosto e vestiam-se de preto representando a morte; daí black bloc – bloco negro. Ah essa TV Globo!).

Pois os BBs brasilinos continuarão quebrando paredes de vidro dos bancos, atrapalhando o trânsito, e enchendo o saco de quem não tem nada a ver com isso e nem eles ganharão. Nem cadeia. Os estádios estarão lotados de gente da classe média alta pra cima – notei no jogo Brasil 3X1 Croácia (com dois gols contra: um do Marcelo e outro do goleiro Pletikosa que botou pra dentro do gol a bola que o Neymar chutou): todos brancos, mulheres lindas, homens bonitos, “bem apessoados”, todos com seus cabelos cuidados, óculos, calças jeans e tênis de grife, como dizem, brincos, dentes perfeitos em largos sorrisos, xingando a Dilma na tribuna de honra com cara de quem pensava: “essa gente vai me levar pro segundo turno”, entre o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, com cara de “quem sou eu, onde estou, qual é minha serventia”, e Sepp Blatter com cara de “ pelos poderes da FIFA, eu tenho a Força”. Tenho a impressão que um dia a FIFA será uma religião universal, um partido político global ou um governo único mundial; alguma coisa orwelliana.

Quanto à “festa da abertura”, não se pode negar: pior seria impossível, insignificante, bastarda como o PT. Homens fantasiados de gaúchos com as mangas das camisas ao estilo rumbeiro-chachacha, e as araucárias da Amazônia, porém, estavam perfeitas. Enfim é o que dá a FIFA contratar uma coreógrafa belga. Até hoje sempre me disseram que pitbull é um baita de um cão feroz; não é! É um idiota de cabeça raspada. Eu vi.

O povão ficou em casa, nas bodegas, nas Fan Fests e o Brasil continuará como sempre; com esse jeitão meio vira lata, deslumbrado e reelegendo o Lullla para seu quarto mandato; a Dilma continuará laranja.

Vamos então aproveitar. Assistir aos jogos, torcer, beber cerveja, vaiar e xingar quem quer que seja dentro dos estádios como se faz em qualquer jogo de futebol onde quer que ele seja jogado porque essa é a Copa das Copas, o que passa a ideia de ser a última; jamais haverá outra.

Mas, como a Primeira Guerra Mundial foi chamada de a Guerra das Guerras, pois jamais haveria outra e isso não aconteceu, até a Rússia em 2018.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 14/06/2014
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