A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO

Na obra, O Evangelho Segundo O Espiritismo, codificada por Allan Kardec, capítulo 5, Bem Aventurados Os Aflitos, item 20, vem afirmar para nós que a felicidade não é deste mundo, fazendo menção às citações de Salomão, Rei de Israel e filho de Davi, no livro bíblico de Eclesiastes, Capitulo 2, versículos 4 a 11. Neste livro, Salomão explana que “fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz para mim hortas e jardins e plantei neles árvores de toda espécie”... “Amontoei para mim prata, e ouro, e jóias de reis e províncias...” E, assim, Salomão vai versando, deixando a conclusão de que esses prazeres e essas riquezas não lhe trouxeram a tal felicidade. Ela não era daqueles mundos.

Mas o que será que essa afirmação, “A Felicidade Não é Deste Mundo” vem nos dizer?

Vamos analisar, calmamente, e tirarmos nossa conclusão.

Algumas pessoas confundem felicidade com algazarra, gritaria, bagunça, bebedeira, desordem e tumulto, mas a felicidade só é verdadeira quando associada à serenidade, caso contrário, se torna desespero.

Se aquilo que sinto tira a tranquilidade, irrita, humilha, magoa e atormenta a vida do outro, não pode ser felicidade.

Vivemos em um mundo tão caótico que nos momentos em que

supomos estarmos felizes fazemos deles também um caos.

Quantos fogos de artifícios são usados para comemorar eventos, causando barulho, incomodando crianças, animais, idosos, pessoas hospitalizadas ou que têm problemas de insônia, ou que estão dormindo ou trabalhando nessas horas; ou alguém que está estudando naquele momento.

Às vezes, enquanto os familiares velam o corpo de um ente querido, outros estão com som alto ligado em carros ou em suas casas, ou na bebedeira, falando coisas indevidas, não respeitando a dor e aquele momento difícil para muitos.

Nos momentos em que o time ou o atleta de nosso esporte predileto vence, saímos desvairados pelas ruas e avenidas, tirando o sossego alheio. Algumas pessoas aproveitam este momento para descarregarem nas outras, toda raiva e descontrole emocional. Essa euforia, na verdade, se torna um momento de desabafo e descontrole emocional, e muitos já foram feridos, tiveram prejuízos ou perderam suas vidas em tais circunstâncias.

Essa realidade precisa ser mudada, partindo de nós.

Primeiramente, diga a si mesmo “preciso me acalmar”.

Depois, analise o evento racionalmente, refletindo sobre os riscos em que irá se expor e as outras pessoas, perguntando-se:

É seguro?

É correto eu proceder dessa forma?

Se alguém agisse assim comigo como eu me sentiria?

A serenidade certamente virá após essas reflexões e a ação corresponderá a ela.

Vamos analisar, agora, a palavra mundo, que possui diversas acepções como o Mundo da Moda, das Drogas, da Fama, do Crime, da Violência, Mundo do Poder, ou o Mundo de alguém. São desses mundos que Eclesiastes nos fala. Procuramos a felicidade em coisas efêmeras, que os ladrões roubam, as traças corroem e o tempo desfaz.

O que nos faz feliz de fato é tornar o outro feliz, enviando-lhe uma mensagem edificante, e não lhe indicando livros, filmes, jogos ou sites inadequados. É doar-lhe um pouco do que temos e uma fração de nosso tempo.

Não há como sermos felizes com crianças passando fome, velhinhos abandonados e esquecidos nos asilos, irmãos nossos debaixo de viadutos e marquises, animais abandonados e famintos pelas cidades, se não estivermos fazendo nada para sanar essas situações. Não resta dúvida, a felicidade não é mesmo destes mundos. Mas não nos entristeçamos. Não consintamos que essas coisas nos abalem. Acreditemos no Supremo Arquiteto do Universo, nas forças que Ele e nós temos, nesse estranho poder de transformação e regeneração que pode ocorrer diante do perigo e da dor.

Apesar da felicidade não ser destes mundos, ao passarmos por eles entendendo seus transitórios valores, compreenderemos que eles poderão ser caminhos para a felicidade real.

Muitos de nós somos seres muito frágeis e em diversas ocasiões sentimos como se o chão tivesse sumido debaixo dos nossos pés. É a separação ou traição conjugal, a traição de um amigo ou parente, a corrupção no mundo político, as drogas, a violência, os filhos difíceis, os pais que não nos entendem, o chefe exigente, o funcionário indisciplinado, o vizinho barulhento... Todas essas situações conflitantes, todavia, são testes e oportunidades valiosas que, se soubermos aproveitar, será cada uma delas um degrau, compondo uma escada que nos levará à nossa felicidade.

Sofremos diversas vezes, porém há pessoas que precisam de nós, e nesse instante alguém está passando por problemas tão ou mais difíceis que os nossos. E nesse ínterim vem uma voz que nos diz assim: “Você não está sozinho”.

Por isso, acredite firmemente que por pior que seja a situação sempre há uma boa saída. Há um DEUS maravilhoso que zela por nós, que nos dá forças, que quer que usemos a pedra do tropeço como meio para realizar mudanças.

Somos capazes de coisas realmente inimagináveis. Somos capazes de realizar grandiosas coisas sem fazer coisas grandes.

Não tenhamos pressa em alcançar nossas metas, pois na pressa de fazermos as coisas podemos pôr tudo a perder.

Creiamos em nossos sonhos, por mais absurdos ou sem lógica que possam parecer perante aos olhos dos outros, e ajamos com nobreza para realizá-los. Seja um sonhador operante.

Se errarmos, não vamos ficar pelos cantos, nos remoendo, como se isso fosse o fim de tudo. Sempre é tempo de recomeçar. Não importa qual seja nossa idade física, o importante é nosso estado de sanidade mental.

Não julguemos; em vez de julgar procuremos entender.

Não se desespere. Tenha convicção de que tudo vai passar.

Essa voz que ecoa em nossas mentes são dos emissários divinos que desejam o nosso bem e nossa vitória nas adversidades do percurso. E a nossa vontade de aprimoramento será secundada por eles, pois ela é material de trabalho indispensável aos irmãos missionários.

Quanto a nós, devemos passar ao outro o que recebemos do plano superior. Talvez, o que esteja faltando àquela pessoa que está desalentada ou descontrolada é isso: Palavras de estímulo e motivação para o soerguimento. Vamos até ela e revigoremos-la porque, um dia, nos momentos difíceis que atravessávamos, Deus enviou alguém para nos auxiliar. Passe à frente. Recebemos em conformidade com o que damos ou deixamos de dar.

Em nosso lar, no setor de trabalho nos deparamos muito com tais situações. Familiares, amigos, encarregados de secção, antes de qualquer virtude ou profissionalismo precisam ser fraternos. Todos nós podemos ser humanos, não nos limitando apenas a cobranças e a tratar as pessoas como se fossem robôs, mas oferecer algo de bom e reconfortante, reconhecendo, assim, os acertos individuais e coletivos, motivando todos a elevarem-se.

Querer as benesses apenas para nós é o que desestrutura nosso mundo. O que causa as guerras é essa ambição de querer só para nós o que é bom. Isso se chama egoísmo. Querer manter em nosso poder o que é bonito tira a beleza que viceja.

Quando aprendermos a divisar e a dividir o belo estaremos espalhando em nossa volta o bálsamo da fraternidade que irá nos consolar e felicitar-nos, juntamente com aqueles que caminham junto de nós.

No passado, diversos tipos de invasões e guerras, implantadas por infelizes verdugos, sucederam. Ao mesmo tempo, de geração em geração, novos guerreiros vão sendo criados e deixam seus ensinamentos para aqueles que virão, posteriormente. No meio de tudo isso, estamos nós, os que testemunharam a manifestação da força desses lutadores e são os encarregados de repassarem a experiência vivida ao lado deles, onde alguns apoiam, mas outros condenam, se omitem ou lavam suas mãos. Mas mesmo sendo egoístas e ditadores, percebemos que os algozes e carrascos dos enredos diversos da vida entendiam o que era bom, belo e bonito, mas as dificuldades que eles tinham era a de buscar a construção desse bom, belo e bonito dentro deles.