NÃO SOMOS MACACOS

Começo com a indagação do jovem Lucas: “Vovô, se o homem veio do macaco, por que ainda existe macaco?”

O gesto que tomou conta do mundo, quando Daniel Alves apanhou e comeu a banana atirada no campo durante o jogo do Barcelona, é louvável como uma resposta simples, porém direta, a todos que ainda insistem na discriminação racial.

Pronto! Termina aí.

Não!?

Os aproveitadores de ocasiões logo espalharam uma “campanha” (maria-vai-com-as-outras), denominada de “Somos todos macacos”, e passaram a comer banana pelo mundo afora.

Qual o significado prático desta ação? Nenhuma! Passado o efeito televisivo e das redes sociais, nada foi modificado. Nenhuma “instituição” se manifestou efetivamente na conscientização de que “Somos todos humanos”. Nenhuma campanha educacional foi desencadeada para mostrar que o “homem” não tem cor, e sim, princípio, emoção, sentimento e alma de gente.

Faça um pequeno exercício: pergunte aos que estão ao seu lado, se elas são macacos. Invariavelmente terá como resposta: “Não, não sou macaco. Sou gente!”

Os tempos de hoje parecem tão imediatos, que deixamos de refletir antes de apoiarmos as diversas “causas” que não produzem efeito.

A discriminação racial existe? Legalmente, não!

Mas, em nós, ela está totalmente arraigada? Honestamente, não!

Temos apenas 126 anos da abolição da escravidão e isso aconteceu em 13 de maio de 1888 quando a Rainha Isabel assinou a famosa Lei Áurea. Mas, sejamos sinceros, a escravidão não acabou nem aqui nem no mundo.

Não aprendemos que o respeito pelo outro independe de qualquer etnia. Deus não criou um “branco” e um “negro” separadamente, e sim um único “homem” à sua imagem e semelhança.

"Não haverá tranquilidade nem sossego na América enquanto o negro não tiver garantidos os seus direitos de cidadão… Enquanto não chegar o radiante dia da justiça… A luta dos negros por liberdade e igualdade de direitos ainda está longe do fim", declarou Martin Luther King na lendária marcha pelos direitos civis rumo a Washington em 1963.

Pergunto: “você, já se deu conta que se pudesse alterar a cor da pele, seria diferente?”

Eu mesmo respondo: “Não, não seria diferente, pois se isso pudesse acontecer em nada afetaria a sua condição humana”.

O que precisamos é deixar de sair por aí vestindo camisas, portando bandeiras, com gritos de “guerra”, apenas para procurar demonstrar aos outros que você está engajado numa causa qualquer.

Como você e seu filho lidam verdadeiramente sobre o assunto?

Abrace a luta por uma educação formadora de respeito moral, de aceitação do outro como você mesmo, proporcionando oportunidades igualitárias.

Não são “quotas” que vão nos fazer entender que “somos todos humanos”.

Somos humanos, com nossas falhas, nossas virtudes, enfrentando a vida com um sorriso ou com cara feia, lutando pela sobrevivência diária, compartilhando emoções positivas ou negativas.

Um macaco é um macaco, e como tal, um animal com sua importância no equilíbrio da natureza.

Um negro, um branco, um pardo, um índio, qualquer que seja, é um humano, com sua importância pela qual Deus nos colocou todos juntos.

Sejamos modificadores destas baboseiras, não aceitando participar de campanhas sem um propósito educativo, sem reivindicação clara, sem ser politicamente correto, sem ser voltada para o espírito cristão e acima de tudo sem ser humanitária.

Uma banana é rica em potássio, faz bem a saúde.

Longe de ser um elemento transformador de uma sociedade de aparências.

Lucas, ainda tem macaco sim! Mas tem humano também. Cada qual no seu habitat e com a sua importância no reino animal. Aprenda desde já a distinguir um macaco de um homem, qualquer que seja a cor de sua pele.

Sejamos dignos de uma sociedade igualitária em direitos e deveres, mas mui especialmente em respeito à condição humana.

A desfaçatez é tão descabida, que nos jornais esportivos, em 10 de maio de 2014, deram o seguinte destaque para o jogo entre Flamengo e Fluminense: “E mesmo sem maiores atrações dentro das quatro linhas ou títulos em disputa, o tradicional clássico será histórico neste final de semana. Pela primeira vez em mais de 100 anos do confronto, os rivais da Gávea e das Laranjeiras serão comandados, ao mesmo tempo, por técnicos negros”.

Ora bolas! O que isso tem de histórico?! Serão comandados simplesmente por dois profissionais. Que isso tem de importância, a não ser pela competência de ambos.

É essa falta de sensibilidade que faz com que uma mão levante o cartaz: “Não ao Racismo” e a outra se utilize de expediente desta natureza.

Sim, e a pesquisa, fez? Encontrou quantos que se consideravam macacos? Nenhum?! E qual a resposta que obteve? “Todos disseram que eram humanos”.

Somos somente humanos!

Respeitemo-nos!