JOGOS DO CORPO

Todo jovem em idade núbil recepciona e concebe avidamente a proposta sugerida no poema de amor. A peça lírica sugere a ocorrência de um estado de felicidade entre os amantes, se bem que não é assim a todo o tempo, porque o amar é fósforo, desencadeador de calores e atritos – os ocorrentes altos e baixos da relação amorosa. A reflexão plena de lirismo, assenta-se nos prazeres que o sensitivo nos proporciona. Sob múltiplos prismas, é o centro difusor de ideações que vivifica a Poesia como gênero – um convite codificado, nunca às claras. Sempre existe nela uma certa dificuldade de entendimento do conteúdo e de sua possível celebração. Nem todos os poemas amorosos conseguem atingir este condão, de forma que fico feliz de que este "NASCIMENTO", publicado em http://www.recantodasletras.com.br/poesias/40115 , tenha sido capaz de envolver a poeta-receptora, que o toma como seu. Para mim, é entre “a razão e o aço”, e curiosamente na leveza da Poesia, que a materialidade representada pelo POEMA deve vir ao mundo: muito choro, esforço, paciência... Enfim, todos os entreatos do amar (e o poema é um deles) necessitam destas ações, que exigem tempo disponível e profunda dedicação ao outro. O gozo humano não se pode resumir somente à cópula, mesmo na inquietude, ansiedade e a atual frugalidade dos jogos do corpo.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4810937