Morreu Jair Rodrigues
E o que eu tenho que ver com isso? É claro que tem muito que ver sim. Todos de um modo geral tem que ver sim. É mais um dia escuro para a MPB, definitivamente os bons estão indo e os horrorosos ficando a cantar o chulismo –e vocês sabem à qual chulismo me refiro, sei que sabem. Jair Rodrigues, de uma simplicidade, bom caráter, simpatia, lutou muitos anos pela educação no Brasil, uma de suas passagens era a seguinte:”A maior herança que os pais podem deixar para seus filhos é a escola”. Esse sim, com certeza foi pai, esse sim, os outros, ah, os outros... “Deixa isso para lá”. Ele que ao lado de Elis Regina deram ao Brasil e à Música Popular Brasileira um real conceito do que é música. Jair, para sempre Jair.
No dia de hoje, já havia me preparado para escrever sobre outro assunto, mas não poderia deixar de arquivar minha homenagem àquele que muito fez parte de minha infância com músicas como “Disparada” e “Deixa isso para lá”, jamais me esquecerei das mãos viradas para cima, sei que poucos me entenderão, paciência. Nos últimos dias a MPB tem perdido vários intérpretes e compositores. Sim, sei que um dia e uma hora todos partirão dessa casca chamada corpo, todavia, nessa nossa sociedade ínclita, pouquíssimos são os novos cantores que têm peito para continuar o trabalho que eles, os grandes intérpretes da boa música, deixaram. Elis, até hoje foi uma perda irreparável, não houve uma cantora que pudesse nos fazer adentrar em uma canção como ela, a pimentinha. Clara Nunes, mostrou-nos uma realidade completamente diferente daquela que estávamos acostumados, trouxe-nos à tona canções afro; Nara Leão, Maysa, Dalva de Oliveira entre vários infindáveis outros cantores que de nossa pátria, vestiram a camisa. Jair pode ser chamado de o pai da alegria, por onde passava contagiava até mesmo aqueles que de MPB não gostavam. Vai, sim, vá cantar para os anjos lá de cima, vá incendiar de alegria os grandes que lá também já estão à sua espera, vá...
De outro lado, aposto que a minoria dos jovens de hoje sabem quem foi Jair Rodrigues e o que ele fez para ser tão aclamado por sua morte. É claro, com esses ruídos poluidores de ouvidos que há por aí justificaria essa mazela, penso que jamais iriam conhecê-lo mesmo. Jair cantava com a alma, cantava com amor, fugacidade, com voz de homem com H. Esse sim foi cantor, esse. O grande problema da morte dessas célebres pessoas que ultimamente não chega até nós outros da mesma extirpe, as músicas de hoje apenas querem difamar as mulheres, falar de coisas fúteis, desrespeitar o próximo, enfim, o chulismo anda à solta e eles têm liberdade de cantar o que quiserem e não há quem os impeça da mesma maneira que fizeram com outros em tempos passados.
E para finalizar, em uma notícia do site Globo, nos comentários, vi um dos comentaristas escreverem, certamente um desorientado, desavisado e podre, que o Jair já foi tarde, e que era ‘menas’ pessoa na terra. Eu até ia responder ao ‘post’, mas quando vi a palavra “menas” preferi nem brigar, a justificativa de o Jair ter partido, quiçá, já estivesse subentendida nas palavras do boçal. Definitivamente, não seria a terra o melhor lugar para os bons ficarem...
Rafael Vieira