Os manos e as minas aprenderam a ler?

Em meio a uma onda de denúncias contra o racismo surge este texto dando sinais de um estilo preconceituoso e cheio de xenofobismo. Calma! Antes de se embasar em títulos dê uma chance ao escritor para que ele possa se explicar e você possa se interessar e começar a ler. Não precisa ser o meu texto, sei que contêm imperfeições, erros que muitos cometeram ao escrever suas primeiras opiniões, mas quero que vocês dêem oportunidade ao leitor que está dentro de ti e que ele torne-se cada vez mais um ser real. Saia de sua condição latente e se acumule de palavras, vocábulos, expressões dantes nunca pronunciadas. Seja diferente, leia.

A minha indignação com essa geração juvenil que se acumula aos montes nos bailes e bares da vida é antiga, desde a apatia da minha geração, aquela que finalizou os anos 80 e tentou dar seu ar no início da década de 90 com o impedimento do Presidente Collor (hoje Senador). Uma juventude que começa a votar e a escolher um presidente da República pela primeira vez, validando sua conduta pela sua disposição e juventude. Collor seria o espelho para os jovens que ali se formavam (que decepção!), dando amplitude aos futuros adultos que ali estavam se formando. Na política começamos mal e até hoje não acertamos muito bem. Sei... Entendo, pois ninguém é perfeito, nem mesmo o autor do texto.

Fechamos os olhos para as bandas e compositores que surgiram na década de 1980 e acabamos abrindo as janelas para os grupos de pagode, duplas sertanejas e o funk, que nas letras nada tinham para nos acrescentar. Juventude perdida! Aqueles que preferissem escutar música de boa qualidade teriam que mergulhar no túnel do tempo e reviver os clássicos do passado (isso até hoje). O samba tradicional deu lugar ao pagode sem elementos; o sertanejo com suas músicas de raiz perdeu espaço para as músicas denominadas sertanejas (sertanojos), mais uns clássicos de bordéis – e daqueles que as pulgas infestam os ambientes; o funk surge com uma vertente aos excluídos das favelas, dos morros e ao conclamar a paz incentivam a violência. E aonde pararíamos? Nessa Torre de Babel. Onde pouco se aproveita, apenas os clássicos.

Tentaram apoiar o surgimento dos livros de auto-ajuda e nesse barco de dinheiro, Paulo Coelho colheu seus frutos abusando do seu instinto voraz e demoníaco que não fez sucesso na década de 1970 e 1980. Tiveram a petulância de elege-lo acadêmico, ou seja, dono de uma das dezenas de cadeiras da Academia de Machado de Assis. Pode? Aconteceu e com isso Paulo vive bem, beneficiando-se da ignorância da minha geração e dessa que aí está (ou não está?). Abandonamos figuras importantíssimas de um novo Realismo – Arnaldo Antunes, Cazuza, Renato Russo – para endeusarmos homens que pouco fizeram para o nosso progresso literário. Sinceramente: essa foi uma geração de merda, reunida na ignorância e sem poder de debate. E os poucos que escaparam dessa avalanche catastrófica, venderam-se as ideologias políticas alicerçadas ao capitalismo selvagem. Não era de se esperar o nascimento de uma nova geração de homens importantes e inteligentes, capazes de discernirem entre o certo e o errado, muitos menos o que é bom ou o que é ruim, portanto dessa mistura ignorante surgiram os denominados manos e minas ou outras tribos que nada acrescentam ao crescimento cultural, social, econômico, político e pessoal do nosso País. A pobreza intelectual começa a partir do momento que você abdica da compreensão da sua própria língua, mesmo que esta surja com suas divisões e dialetos. Mas esse passo é importante para conhecer o Brasil através de seu povo e sua cultura. O desconhecimento da língua falada pelo seu povo causa constrangimento, mesmo que esse não seja desconfiado por esses ignorantes. O termo mina vem do enriquecimento dos cafetões da década de 1940 que dominavam as prostitutas do Porto de Santos, estas que lhes enchiam de dinheiro, grana. Daí o termo mina, aquela que lhe dá dinheiro. Mas poderão bradar os defensores do progresso da língua. Também sou a favor da evolução de nossa língua e luto por um português tipicamente brasileiro, mas não posso aceitar essa apatia adolescente que vem de décadas.

Enquanto a sociedade não se mobilizar e achar que tudo está bem e que o importante é se preocupar com o próprio umbigo, estaremos reféns dessa nostalgia que reviva nosso passado e passa forças a esses ignorantes do futuro. Mas antes vamos ensinar-lhes a ler?

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 08/05/2007
Código do texto: T479776
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.