Será que a China até 2030 ultrapassará os EUA?

O Japão que é o único país asiático membro do G8 (países mais desenvolvidos economicamente e industrializados), foi a 2ª potência econômica durante 32 anos (de 1980 a 2010) e não conseguiu ultrapassar o PIB dos EUA.

Mas...

Saindo de um patamar onde tudo que se movia, se comia a restaurantes sofisticados. O desempenho econômico da China nos últimos 30 anos tem sido notável. É uma história única de sucesso de desenvolvimento, fornecendo valiosas lições para outros países que buscam imitar este sucesso: lições sobre a importância de adaptar a iniciativa local e da competição inter-regional, integração com o mundo, ajustando às novas tecnologias, construção de infraestrutura de classe mundial e investindo pesadamente em seu povo.

O Produto Interno Bruto (PIB) nos anos 1970 era menor que o do Brasil, a maioria da população vivia em pobreza extrema no campo e a indústria era sucata doada pela finada União Soviética. Hoje, o país é a 2ª maior potência econômica do mundo e encurta a cada ano sua distância em relação aos EUA. Já é o maior exportador mundial e rivaliza com os EUA em tamanho industrial.

Enquanto a economia brasileira marcava passo, a China cresceu e se tornou o maior cliente de nossas exportações. O sucesso do capitalismo de Estado chinês é visível a olho nu.

Nos próximos 15 a 20 anos, a China está bem posicionada para se juntar às fileiras dos países de alta renda do mundo. Decisões políticas da China já estão focadas em alteração da estratégia de crescimento do país para responder aos novos desafios que virão, e evitar a "armadilha de renda média." Isso claramente com foco na qualidade do crescimento, nas reformas estruturais para aproveitar a inovação, eficiência econômica e inclusão social para superar a divisão rural-urbana e a diferença de renda.

Mas o motor da riqueza nacional dá sinal de que começa a engripar - Em países em franco processo de envelhecimento, na China, sobretudo, onde o crescimento a qualquer preço é perseguido como fator de estabilidade social, legitimada pela criação de empregos e, nos últimos tempos, aumento de renda. Para mudar o modelo lançado em 1978, quando começaram as reformas econômicas liberalizantes, que legou à China taxas de crescimento de 10% ao ano e a ascensão de 500 milhões de chineses que viviam na miséria à classe média. Não há exemplo igual na história mundial. - E como na China nada é por acaso, mas milimetricamente planejado, um relatório recente, divulgado pelo Banco Mundial e pelo Centro do Conselho de Estado da República Popular da China prevê o futuro desenvolvimento económico da China.

Nas comemorações do 30º aniversário da parceria China-Banco Mundial, para comemorar esse marco, o ex-presidente do Grupo Banco Mundial, Robert Zoellick propôs aos líderes chineses a trabalhar em conjunto na identificação e análise de desenvolvimento a médio prazo da China, para 2030. Juntos, China e do Banco Mundial elaboraram: China 2030: A construção de uma moderna, harmoniosa e criativa Sociedade de alta renda:

O crescimento econômico de 9,9% entre 1995 e 2010, segundo diz o estudo, tende a 8,6% de 2011 a 2015, 7% entre 2016 e 2020, 5,9% entre 2021 e 2025, e 5% daí até 2030. Mas sem reformas pode ser pior, a China pode começar a estagnar, caindo, diz o estudo, na "armadilha da renda média". Dá-se como certo que taxas de crescimento de dois dígitos ficaram para trás, o que terá repercussões no mundo, inclusive no Brasil, grande exportador de commodities.

Para lideranças chinesas enfrentar tal cenário sem crise, “este não é o tempo apenas para seguir adiante", disse Zoellick. "É o tempo de chegar à frente dos acontecimentos e adaptar-se às grandes mudanças (em curso) no mundo e nas economias nacionais."

Tais alertas fazem desse estudo uma leitura obrigatória, ao menos, pelo pessoal de qualquer governo. Como registra um dos capítulos, depois de certo nível de desenvolvimento só com tecnologia própria o processo irá adiante. A adaptação de métodos importados já não basta, como o Japão aprendeu, ao conseguir a alforria agora desejada pela China. De 101 economias com renda média, Brasil entre eles, que havia em 1960, diz o estudo, apenas 13 tinham ascendido ao status de ricos em 1980. O Brasil não está na lista. Das que chegaram lá, só Japão, Taiwan, Coreia do Sul, Hong Kong, Israel e Singapura estão firmes. Outros, como Espanha, Portugal e Irlanda, estão em regressão. E nós nos jactando pelo 6º maior PIB do mundo. O tamanho do PIB diz algo, mas não diz tudo, como a China está a nos dizer.

A economia brasileira crescerá a uma das médias mais baixas entre os países emergentes até 2030. Segundo estudo divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 2011 e 2030 será de 4,1%, contra 6,6% da China, 6,7% da Índia e 5,3% da Indonésia.

Com esse cenário, a economia da China provavelmente irá superar a da zona do euro neste ano, a Índia irá ultrapassar o Japão e até 2030 as economias dos dois países asiáticos serão maiores do que a dos Estados Unidos, zona do euro e Japão juntos, afirmou a OCDE. Em um exercício para avaliar tendências de longo prazo na economia global, a OCDE afirmou que o PIB combinado de China e Índia deve ultrapassar a do grupo das sete (G7) de economias ricas por volta de 2025.

As projeções da OCDE, um clube de democracias industriais, são baseadas no conceito de Paridade de Poder de Compra (PPP na sigla em inglês) de 2005. Entretanto, disse que a extensão da esperada mudança no poder econômico, saindo das mãos de países desenvolvidos, está começando.

Levando em conta os PPPs de 2005, a China e a Índia responderão por 28% e 11%, respectivamente, da produção das 42 principais economias até 2030, comparado com 18% dos EUA, 12% da zona do euro e 4% do Japão.

A OCDE calcula crescimento global de 3% por ano nos próximos 50 anos, impulsionado principalmente - como no passado - por melhoras de produtividade e fortalecimento do capital humano.

Até 2020, a China terá a maior taxa de crescimento entre os países estudados, mas será ultrapassada pela Índia e pela Indonésia devido à rápida queda da população em idade de trabalho.

Entretanto, a China tem um forte início em relação à Índia graças ao bom crescimento da produtividade e investimento intensivo na última década.

Como resultado, mesmo com ambas as economias crescendo sete vezes nos próximos 50 anos, a renda per capita da China será 25% maior do que a renda atual dos EUA até 2060, mas a Índia terá apenas a metade do nível americano.

Na China e em quase todos os países asiáticos, investem pesado na Educação. No Brasil, onde impera a corrupção, a Educação, Saúde-Saneamento Básico, Segurança... são apenas assuntos eleitoreiros de 4 em 4 anos.

Falta planejamento e neste ano só não houve um apagão de energia elétrica porque o Governo-Dilma utilizou as usinas termoelétricas criadas pelo FHC no apagão de 2001.

Mas falta água em São Paulo, o colapso do sistema Cantareira estava previsto em estudos realizados há 8 anos.

Parece claro que vai depender muito da habilidade do próximo governo em aplicar recursos públicos nas obras certas e estimular a participação da iniciativa privada tanto de dentro como de fora do País em empreendimentos vitais, que exigiria o esforço de gerações, mas é de lembrar que a China em uma década conseguiu levantar uma infraestrutura capaz de atender à demanda dos seus setores produtivos. Basta ver que, entre os 16 maiores portos do planeta, seis estão em território chinês. E nenhum deles constava da lista há dez anos.

Vale lembrar dos produtos japoneses que invadiram o mercado mundial nas décadas 1960 e 1970. Em apenas duas décadas após o Japão ser arrasado pela 2ª Guerra Mundial, o país se colocou entre os países adiantados. No início do seu período de industrialização o Japão contava com mão de obra abundante, o que permitiu um crescimento acelerado, mas os produtos japoneses eram semelhantes aos produtos chineses de alguns anos atrás, considerados baratos e ruins até pelos próprios japoneses. A etiqueta made in Japão era malvista, diziam que os japoneses nada criavam ou inventavam, só miniaturizavam. Em pouco tempo o produto "made in Japan" passou a ser sinônimo de qualidade e uma garantia de eficiência e o Japão passou a ameaçar os Estados Unidos como segunda potência econômica.

Quem quer se tornar uma potência, um dia tem que trocar a quinquilharia pela tecnologia. O Japão de algumas décadas atrás, dos robozinhos de lata aos mais modernos seres cibernéticos do planeta, o Japão deu um salto de tecnologia e qualidade em poucos anos. A lição japonesa foi então compreendida pela Coréia do Sul e pela China e demais Tigres Asiáticos. Copiando os japoneses, a partir da década de 70, o direcionamento da indústria eletrônica para a exportação de produtos baratos traz prosperidade econômica crescente e rápida para alguns países da Ásia. Coréia do Sul, Formosa (Taiwan), Hong Kong e Cingapura são os primeiros destaques. Dez anos depois, Malásia, Tailândia e Indonésia integram o grupo de países chamados Tigres Asiáticos. Apesar da recessão mundial dos anos 80, apresentam uma taxa de crescimento médio anual de 5%, graças à base industrial voltada para os mercados externos da Ásia, Europa e América do Norte.

Hoje Produtos chineses estão tomando conta do restrito e lucrativo mercado de produtos de alta qualidade. No inicio, a China como grande produtor, para ganhar mercado, exportou para o mundo todo a preço abaixo do custo. Para tentar deter o avanço chinês, mercados aplicaram a lei antidumping, sobretaxando o produto chinês. Mas pouco adiantou, pois usaram outros mecanismos para driblar a taxação. E o estigma de baixa qualidade vem dessa época. A indústria chinesa superou essa fase. A China deu esse salto, hoje há milhares de empresas chinesas que fabricam produtos de qualquer outra qualidade do mundo. A etiqueta "made em China" mostra a real procedência dos vestidos franceses, das calcas americanas, das bolsas italianas, fabricadas na China. Reflexo de uma realidade do mercado de luxo: seis em cada dez roupas já são produzidas total ou parcialmente na China. A italiana Alzati, uma das mais caras marcas de tapetes do país, recentemente trouxe 30% da sua nova coleção da China.

E agora, veículos chineses começam a entrar no mercado, mas a de se lembrar que algo semelhante aconteceu com os automóveis japoneses. Os japoneses entraram no mercado dos Estados Unidos, com modelos pequenos e baratos para concorrer com os carrões americanos. Logo, a tecnologia japonesa passou a se mostrar confiável e até chique, depois que entrou na moda ‘economizar combustível.

Deng Xiaoping, herói da modernização chinesa, sem nenhum apreço por ideologias, nunca achou que um regime de liberdade política pudesse manter nos trilhos uma população de mais de 1 bilhão de habitantes

Fonte:

http://www.worldbank.org/content/dam/Worldbank/document/China-2030-complete.pdf

http://ideas.repec.org/b/wbk/wbpubs/12925.html

outro Texto: Será mesmo escravagista a mão-de-obra chinesa?

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3228743