O SENTIDO DO TRABALHO

O que se entende como trabalho? Tudo depende do modo como encaramos as nossas atividades.

Vejamos algumas situações:

1) A industriária na linha de produção da fábrica embrulhando docinhos;

2) A costureira fazendo pequeninas flores de seda para vender;

3) O alpinista em férias escalando uma montanha alta e íngreme;

4) O esportista que veleja sozinho para dar a volta ao mundo;

5) A jovem senhora que cuida voluntariamente de idosos em um asilo.

Analisemos:

Quanto à industriária que embrulha doces (o que pode ser visto como atividade leve), ela o faz durante um expediente integral, logo fica cansada e entediada pela repetitividade, da qual não pode libertar-se, pois dela depende o seu salário.

Quanto à costureira que passa o dia produzindo delicadas flores (o que teoricamente também é uma atividade leve), ela o faz condicionada e se cansa, pois não pode parar, já que precisa ter material para venda e, com isso, garantir a sua sobrevivência.

Quanto ao alpinista que escala a montanha (o que lhe exige um esforço físico tremendo, atenção redobrada e grande risco de vida), ele o faz com todo o gosto, apesar da exaustão, e por sua própria e única vontade, visando a proeza de chegar ao cume.

Quanto ao esportista que veleja ao redor do planeta (o que lhe faz expor-se a situações arriscadas e submeter-se a uma rotina técnica excruciante para sobrepujar os elementos adversos da Natureza), ele o faz com o maior prazer, apesar da fadiga, por sua própria decisão, visando alcançar a vitória final.

Quanto à cuidadora voluntária de idosos incapacitados (que arduamente os alimenta, higieniza, segue as prescrições médicas e ainda é presença amiga junto a quem não mais pode cuidar de si mesmo), ela o faz com alto nível de dedicação e altruísmo, apesar da estafa, por uma opção consciente, visando elevar a qualidade de vida daqueles que já deram sua parcela de contribuição à sociedade.

Constata-se que todas estas atividades são cansativas, mas será que os seus executores as encaram como um trabalho?

A industriária e a costureira vêem suas atividades como um "emprego difícil", pois estão obrigadas a fazê-las, com um pequeno retorno financeiro, o que lhes gera tédio e desestímulo.

Porém, o alpinista e o velejador vêem seus desempenhos como "maravilhosa diversão", pois a eles não estão obrigados, quase sempre não têm vantagens pecuniárias e, ainda assim, os realizam com muita alegria e prazer.

A cuidadora de idosos é um caso à parte, pois não age por obrigação, mas por um "senso todo especial de responsabilidade", voluntariamente, sem salário ou vantagens, enfrentando situações de sofrimento, que procura sublimar em seu coração com um insondável sentimento de puro amor.

Há alguns pontos essenciais para entendermos as diferenças.

EMPREGO: faz-se por obrigação, tendo ganho financeiro.

DIVERSÃO: faz-se por opção, tendo ótimo ganho emocional.

TRABALHO: faz-se por obrigação ou opção, com ou sem retornos financeiros, mas sempre tendo um sentimento de profunda realização pessoal.

Não podemos, individualmente, modificar as relações de mercado e de trabalho. Mas, nos cabe fazer tudo que for possível para unir o útil ao agradável.

Podemos fazer do trabalho, seja o que for, mesmo o rotineiro, que nos dá o "pão de cada dia", algo que possa nos divertir e nos realizar. 

Como? Ao fazê-lo com o ânimo alegre, com um sorriso no rosto, espalhando bem-estar. Ao procurar dar-lhe um sentido mais amplo, como o de prover o nosso desenvolvimento e o de nossas famílias. Ao encarar a lida diária por seus ângulos positivos, como o crescimento profissional e o aprendizado pessoal. Ao amainar a competitividade e criar preciosos laços de amizade com nossos colegas, parceiros, sócios, chefes, supervisores, orientadores e mestres, livrando-nos da insidiosa solidão. E ao atribuir-lhe um sentido maior de utilidade, na busca incessante pela construção de um mundo melhor!

Mari Lys
Enviado por Mari Lys em 08/05/2007
Reeditado em 28/05/2024
Código do texto: T478947
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