FUGINDO À REGRA
FUGINDO À REGRA
Por Aderson Machado.
Nos meus escritos, tive a oportunidade de escrever sobre muitos personagens que fizeram parte da minha infância. A propósito, tenho comigo um texto inédito, escrito à mão, sobre Seu João Amaro, um vizinho meu dos tempos em que eu era criança. E isso já faz um bom tempo. Para ser mais preciso, refiro-me à década de 50 do século XX.
Pois bem, se escrevi acerca desses personagens todos, que tal eu escrever sobre mim mesmo? Aliás, ninguém melhor do que eu para fazê-lo.
No texto MINHA INFÂNCIA NO FECHADO, eu falei um pouco sobre minhas aventuras e estripulias. Mas não é bem isso que desejo focalizar, com mais profundidade, neste texto. Não. Na verdade, quero abordar um outro aspecto de minha pessoa. Digamos assim, o outro lado da história.
Pra começo de conversa, desde os meus 12 anos de idade, eu perdi a audição do ouvido esquerdo, ocasionado pelos banhos no açude de meu pai. É que entrou água no ouvido em questão, ele ficou zumbindo por algum tempo, e eu não disse nada para os meus genitores para que alguma providência fosse tomada. Resultado: depois de algum, eu não estava escutando mais nada através desse ouvido. Até o dia de hoje. Dessa forma, quando alguma pessoa conversa comigo estando no meu lado esquerdo, eu me sinto um pouco desconfortável, mormente se o meu interlocutor estiver falando um pouco baixo. Aí eu tenho que me virar para o lado dessa pessoa para poder captar bem a mensagem a mim transmitida.
O fato supracitado diz respeito a um problema fisiológico, como, por exemplo, a perda da visão, ou de um órgão qualquer, decorrente de algum tipo de acidente ou incidente.
Mas acontece comigo uma coisa no mínimo curiosa. Apesar de eu ser destro, não consigo fazer embaixadinhas, em se tratando de futebol, com o pé direito. Só o faço, com perfeição, diga-se de passagem, com o pé esquerdo! A meu ver, esse fato só é explicado através da Psicologia. Talvez Freud explicasse muito bem...
Outra coisa, no jogo de baralho só costumo dar as cartas com a mão esquerda. E isso não é normal em se tratando de um destro.
Voltando ao tema futebol, devo dizer que, com a bola em movimento, ou rolando, como queiram, tenho habilidade em chutar com os dois pés – um de cada vez, é claro.
Outra característica que me é peculiar: Eu não consigo, de jeito e maneira, fechar o olho direito deixando o esquerdo aberto. Consigo, sim, fechar o esquerdo, deixando o direito aberto! Como é que pode? Eis aí mais uma questão para ser explicada pela Psicologia, entendo eu. Eu não entendo, todavia, como é que essas coisas acontecem comigo, o que me torna, de certa forma, uma pessoa “anormal”, ainda que tenha o juízo no seu devido lugar. Até que me provem o contrário.
Já comentei esses fatos com algumas pessoas, quer familiares ou amigas, mas nunca dei muita importância para eles. Não sei se deveria ter consultado um psicanalista, ou coisa que o valha. Se não o fiz até agora, quando já estou na casa dos 60 anos, acho que é melhor deixar pra lá, isto é, deixa como está pra ver como é que fica...
De qualquer modo ou maneira, fica aí o registro pra você, amigo leitor.
Por fim, quero acreditar que fatos dessa natureza não acontecem apenas comigo.
Ou será que estou errado?