Aposentadoria de ex-governadores
Ex, quer dizer que já foi, que não é mais, que passou, que já cumpriu algo. Em tratando-se de políticos, então, a maioria deles, o povo gostaria que fossem “ex”.
Vem à baila novamente um velho tema em nosso pequeno Acre. Pagar ou não aposentadoria para pessoas que foram ex-governadores. De antemão, declaro, já, que sou taxativamente contra. Não há sentido nisso.
Governadores podem ter sido bons ou ruins. Dar aposentadoria aos dos dois, seria colocar os dois no mesmo patamar, o bom e o ruim, seriam iguais, pois, os dois estariam recebendo o mesmo salário. Um receberia por ter sido bom e o outro, receberia, mesmo tendo sido ruim. Injustiça.
De mais a mais, presume-se que uma pessoa que chegou à posição de governador, não necessite, depois de ter saído do poder de um salário para viver, na realidade não necessitaria nem antes nem durante, mas este é outro problema.
Ninguém chega a governador vindo do “nada”. Ninguém é hoje paupérrimo e amanhã governador, há um caminho que é seguido para se chegar a isso.
O povo, não tem que sustentar uma pessoa porque foi governador. A pessoa foi eleita para o cargo, recebeu ordenado e mordomias durante quatro ou oito anos para prestar um serviço à comunidade e não tem que ser remunerado pelo resto da sua existência por isso. Trabalhou, ganhou e saiu. Pronto. Sua herança será o prestígio que adquiriu, se não adquiriu, como acontece com alguns, paciência.
É um erro que cometemos em nossa cultura. Considerar os políticos “deuses”, pessoas importantes, que merecem a nossa reverência, não passam de empregados do povo, que os coloca lá e os tira na hora que quiser.
Vejamos como é a nossa cultura a respeito deste assunto. Quando encontramos com algum político na rua, fazemos questão de cumprimenta-lo, muitas pessoas o fazem com reverência e deferência como faziam nossos avós com os “coronéis”. Na realidade, eles, os políticos se acham “coronéis”, mas na realidade não o são. São apenas pessoas comuns, tão comuns que erram a todo instante.
Bem, voltando ao assunto do governador.
É um verdadeiro absurdo que um simples mortal, seja eleito para um cargo político, exerça esse cargo por quatro anos ou mais, recebendo proventos e usufruindo as mordomias, sem contar que alguns deles tiram todo tipo de vantagem de tudo que puderem amealhar. Alguns empregam famílias inteiras. Durante o mandato, têm todo tipo de vantagem que o cidadão comum não consegue nem imaginar. Estando no poder não sabe quanto custa um copo dágua, um litro de gasolina, um quilo de feijão, não pagam aluguel, não compram um carro, usam e abusam de passagens aéreas, recebe reverências e agrados o tempo todo, de um séqüito de puxa-sacos.
Não há porque, pagar-se um salário para o resto da vida para um ex-governador. Já imaginaram se fossemos pagar salários para todo “ex” disso ou daquilo?
Ter sido governador não é nenhum privilégio, é sim uma oportunidade que foi dada para que essa pessoa pudesse mostrar seus bons princípios, justeza de caráter e honestidade.
Se fossemos julgar apenas por esses três requisitos, seriam poucos os ex-governadores que receberiam salários.
É acintoso para o povo, que tem que trabalhar trinta e cinco anos para poder aposentar-se recebendo um salário mínimo, pagar salários milionários para quem trabalhou apenas quatro ou oito anos, por melhor governador que essa pessoa tenha sido.
É dinheiro que poderia muito bem ser usado para obras sociais como: casas populares, programas sociais para crianças desamparadas, construção de postos de saúde, escolas rurais, aplicado em cultura, programas de geração de renda.
Não conheço e acho que ninguém conhece, nenhum ex-governador que necessite, para o seu sustento de receber esse provento, em geral são pessoas abastadas.
O político que tivesse o mínimo de hombridade e tivesse sido ex-governador, deveria abdicar dessa aposentadoria imoral.
Todos os ex-governadores têm a minha admiração, foram pessoas que prestaram inestimável serviço à sociedade, foram pessoas importantes para o desenvolvimento do nosso estado, terão sempre o meu respeito e acho que de toda nossa população.
Mas, pagar-lhes um ordenado vitalício acho descabido para a economia de um estado igual ao nosso.
Enfim, resumindo: quem é ex-passou, um ex-governador não necessita de receber uma aposentadoria, foi eleito, exerceu o cargo, foi remunerado, foi tirado pela decisão soberana do povo, não é que não mereça, nossa sociedade é que não tem condições de pagar.
Vamos colocar isso em um plebiscito, para que o povo decida. Certamente a resposta unânime seria não. Igual foi o do desarmamento.