ARTIGO – A volta do molusco – 09.04.2014
 
 
ARTIGO – A volta do molusco – 09.04.2014
 
 
          Há muitos anos que o Partido dos Trabalhadores deseja uma radical mudança em todos os setores da vida nacional.  E de tanto bater nessa tecla, por vezes de maneira mais radical, conseguiu conquistar o poder sem necessidade da violência que pregava ao longo e depois da revolução de 1964, cujo governo facilitou a abertura democrática nem tão geral e irrestrita, mas a verdade é que Lula e seus seguidores foram eleitos desde 2002 e permanecem no poder até os dias atuais.

          Nesses doze anos é inegável que há algum trabalho produzido por esse governo fatiado, cujo maior mérito é ter seguido na política econômica do doutor Fernando Henrique Cardoso, apoderando-se, inclusive, de programas sociais, como o “bolsa família”, este que fora ainda mais incrementado, eis que é uma segurança para a garantia de reeleições, até por que o povão pensa e julga, em face da campanha boca a boca que os seguidores da sigla praticam, que o dinheiro é deles. Na época do “mensalão” surgiu a máxima entre os menos afortunados de que “Eles roubaram dos ricos para distribuir com os pobres”, e isso pegou tanto que vem se tornando o melhor cabo eleitoral do governo.

          Prosseguiu o que o PSDB começou a fazer: Privatização de estradas, portos, aeroportos, telecomunicações, energia, etc.; redução de impostos para a indústria automotiva, trazendo inegáveis prejuízos aos Estados e Municípios, diminuindo-lhes as receitas oriundas do IPI e do ICMS, na forma de devolução/participação. E assim o Brasil continua a ser o país aonde se paga mais tributos no mundo, chegando-se a calcular que o trabalhador paga cinco meses de impostos por ano dos treze meses de salários.

          Nos últimos dias, em face da baixa sofrida pela doutora Dilma nas consultas populares -- que eu não acredito, pois sempre achei que são encomendadas e forjadas --, notadamente após a alta da inflação e do novo escândalo envolvendo a nossa PETROBRAS, surgiu uma onda do “volta Lula”, que está ganhando terreno, tanto que pesquisas o indicam com 52% das intenções de voto, ou seja, vitória certa já no primeiro turno. Embora ele afirme que não deseja ser candidato, ninguém poderá garantir que não aproveite essa dica de “marqueteiros” e concorde em governar por mais quatro anos.

          Confesso-me amedrontado, pois não ter aparecido novo líder nesses anos todos é preocupante, e o próprio Lula é o principal responsável pelo fenômeno, pois ganhando a confiança da maioria do povo continuou na pregação do “eu” fiz e do “nós do PT” fizemos, ou seja, ele e o seu partido, claro; ninguém mais fez coisa alguma em prol deste Brasil. Mentor eleitoral e espiritual da presidente Dilma, está sempre a ditar normas e medidas a serem tomadas pelo governo, a fim de mudar o quadro político que aí está. Que Deus me perdoe, mas esse inteligente político, oriundo da plebe, julga-se um verdadeiro onipotente e nele o povo acredita muito mais do que no Criador. Tanto que colocou um péssimo ministro da Educação para disputar a Prefeitura de São Paulo e obteve uma vitória maiúscula.

          Escapou ileso do processo do “mensalão”, pois não sabia de nada, quando os crimes se perpetuaram, em parte, juntinho a sua sala no Palácio Presidencial, embora o condenado Marcos Valério tenha dado um depoimento à Polícia Federal contando de sua participação no esquema ilícito de angariar dinheiro para a mantença no poder por mais vinte anos. A presença do ex-metalúrgico encobre qualquer nova liderança que venha brotando, até mesmo pelo respeito que ele impõe no seu meio político: Ninguém pode tomar o lugar do chefe! Ainda agora ordenou que os seus aliados na Câmara e no Senado evitassem a todo custo à aprovação da CPI proposta pela oposição para apurar possíveis irregularidades cometidas envolvendo a PETROBRAS, tais como compra e venda de destilarias, ora a preço de ouro ora a preço de banana, caso de Pasadena, nos Estados Unidos e San Lorenzo, na Argentina, bem como a ocorrência de propina em troca de facilidades na formatação de negócios da empresa e suas subsidiárias.

          O presidente do Senado, o irretocável Renan Calheiros, que trabalha para o governo ao invés de manter isenção, arranjou uma maneira de encaminhar o pedido para a Comissão de Constituição e Justiça, que nomeou o já conhecidíssimo senador pernambucano pelo estado de Roraima, doutor Romero Jucá, especialista em servir ao governo de qualquer partido, como relator da matéria, e não se poderia dele esperar outra coisa: Favorável à CPMI, todavia que nela se incluam irregularidades denunciadas em áreas governadas pelos partidos de oposição, casos de São Paulo e Pernambuco, por exemplo. Entendo que uma vez lido o requerimento de solicitação de CPI não mais cabe qualquer providência, salvo a indicação dos integrantes e início dos trabalhos. Obrou pessimamente o doutor Renan, este que andou perto de ser cassado em tempo não muito remoto.

          De minha parte, chego a pensar que mesmo em sendo a Dilma Rousseff candidata à reeleição nem Jesus Cristo evitará que saia vitoriosa no pleito, isso no primeiro turno, pois as oposições estão fracas e desconhecidas do povo, caso de Doutor Aécio Neves, das Minas Gerais; Doutor Eduardo Campos, este de Pernambuco, que deveria ser a estrela da chapa, mas lamentavelmente quem é mais conhecida é a sua vice, ex-senadora Marina Silva. Todavia, aqui pra nós, o estreito vínculo da doutora Marina com as hostes petistas não me fornecem confiança de que ela não seja uma continuadora das políticas defendidas pelo governo, até por que recentemente o titular da chapa pertencia ao bloco de apoio à presidente Dilma.
 
Gim Argelo e Renan - Proposta negada pelo Plenário

          Ontem, no Senado, o presidente Renan quis impor a votação do requerimento de urgência, que indicava o nome do senador do PTB (DF), doutor Gim Argelo, para ocupar o cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União, isso sem qualquer obediência às normas regimentares, que só permitem passar por cima do regulamento da Casa em havendo unanimidade dos senadores, inclusive não era nem para colocar em votação, em face das manifestações contrárias de diversos líderes partidários. Tomou um susto, pois não foi aprovado,e a situação agora piorou, porquanto os membros do Senado querem ouvir e fazer a sabatina própria para os casos da espécie. De tanto passar por cima da constituição e do regimento interno, creio que já era época de ser apresentado um requerimento propondo a perda do mandado de presidente da maior casa de leis do país, a de Rui Barbosa, que deve estar morto de vergonha lá no céu.

          Resumindo: Não encontro na oposição ninguém que possa ser tido como moluscicida, qual seja aquele que extermina moluscos.
Ansilgus

14/04/14 23:49 - Celêdian Assis

Meu amigo, tenho lido, acompanhado e muitas vezes também tenho escrito
meu grito de alerta, em outros espaços, sobre a atual situação
política em que nos encontramos, entretanto, o seu artigo lúcido,
coerente, resume monumentalmente o meu sentimento e de tantos outros.
Ando muito incomodada, triste e enojada de ser testemunha desse tempo
de tantos desmandos, corrupções, artimanhas pelo poder, as famosas
bravatas tão propaladas antes. Só mesmo Deus para nos salvar, nos
enviando um salvador eficiente, capaz de fazer uma verdadeira oposição
a tudo que está aí. Um milagre talvez! Um grande abraço e os meus
votos de que esteja bem de saúde.

 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 09/04/2014
Reeditado em 05/03/2016
Código do texto: T4762518
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