ESPACIALIZAÇÃO DO CRESCIMENTO URBANO DE RONDONÓPOLIS E SUAS CONTRADIÇÕES SOCIAIS II
O processo de expansão urbana converte-se, em resumo, num conjunto de múltiplas contradições cujas soluções, muitas vezes mistificadoras, têm sido encaminhadas no sentido de aumentar as alocações dos recursos públicos para resolver problemas criados especulativamente. Sobre esta questão de aplicação de recursos públicos para resolver as contradições especulativas, basta olharmos o cenário do espaço urbano rondonopolitano para termos a certeza disso. Por exemplo, seus bairros periféricos precisam de investimentos públicos para “sanar’ a falta de investimentos privados por parte das imobiliárias que os “lotearam”. Guidugli nos afirma que:
“Muitos desses bairros estão numa situação de descaso tanto público quanto privado. As verdadeiras soluções demandam a identificação detalhada dos processos que geram os microespaços e isto implica uma perspectiva mais responsável para avaliar estas situações”
A cidade que estamos estudando tem uma história de “construção” e de “reprodução” do espaço a qual tem assumido características variadas segundo um conjunto de outras variáveis que vêm marcando seu crescimento. Analisando-se seu conjunto obtém-se o delineamento fundamental de suas transformações. Igualmente, avaliando-se os detalhes, por exemplo, em cada bairro, tem-se uma oportunidade melhor para reavaliar e reescrever sua história. Os exemplos a serem analisados, os bairros periféricos dessa cidade, representam um ensaio desta para elevar os preços dos terrenos e, obviamente, elevar os custos do produto moradia, que vai entravar não só a produção de moradias, como vai obstaculizar a modernização tecnológica da própria indústria civil; além de contribuir para elevar os preços dos terrenos.
Diante do exposto, o espaço urbano constitui uma realidade objetiva, um produto social em permanente processo de transformação.
O espaço impõe sua própria realidade; por isso a sociedade não pode operar fora dele. Desta forma Milton Santos nos afirma que: “estudar o espaço, cumpre apreender a sua relação com a sociedade, pois é esta que dita à compreensão dos efeitos dos processos (tempo e mudança) e especifica as noções de forma, função e estrutura. Já o processo de reprodução espacial envolve uma sociedade hierarquizada, dividida em classes, produzindo de forma socializada para consumidores privados.
Aires José Pereira é graduado e Especialista em Geografia pela UFMT, Mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, Doutor em Geografia na UFU, prof. Adjunto da UFT e escritor com 12 livros publicados.