ESPACIALIZAÇÃO DO CRESCIMENTO URBANO DE RONDONÓPOLIS E SUAS CONTRADIÇÕES SOCIAIS III
É o que acontece nesta cidade: todas as benfeitorias infra-estruturais que são feitas na cidade para que um pequeno grupo de privilegiados se desfrute, são pagas por todos aqueles que nem sempre as usam. Alguns bairros possuem quase tudo o que se pode ter, às vezes em áreas totalmente baldias, porém, em contrapartida, temos bairros periféricos sem quase nada de urbanização. Inclusive, se pode afirmar que nessa cidade houve um crescimento exagerado do perímetro urbano e uma proliferação também exagerada de loteamentos, porém, desacompanhados de urbanização de fato.
Entender o processo de formação sócio-espacial desta cidade envolve uma discussão teórica e metodológica que consigam clarificar um pouco mais aos olhos dos observadores mais atentos. Por se faz necessário entender um pouco o que Guidugli tem a nos dizer:
“Muitos fatores participam do processo explicativo envolvendo as transformações espaciais que ocorrem em diferentes regiões, municípios ou cidades. A ação econômica pela sua vinculação ao sistema dominante; à ação, mas também, à omissão dos poderes públicos; diferenciações quanto ao acesso aos sistemas econômico e político pela comunidade, etc., são exemplos destes fatores intervenientes no processo de produção e transformação social do espaço. Dentre os espaços que vêm, crescentemente, apresentando situações as mais dramáticas porque obrigam grandes volumes populacionais, os espaços urbanos são aqueles que mais oferecem uma situação de problemas e crises. O modelo de urbanização que tem transformado cidades pequenas em médias e estas em grandes representa questão significante para a compreensão da problemática urbana”
Analisar o espaço rondonopolitano implica não só reconhecer sua natureza capitalista periférica, mas, além disso, a natureza da organização contemporânea, mergulhados nos entrecruzamentos de fluxos de informações e de mercados que interligam o globo terrestre hoje. É entender a fala de Ruy Moreira afirmando que:
“A paisagem não é objeto autônomo em si em face do qual o sujeito poderia se situar em uma relação de exterioridade; ela se revela numa experiência em sujeito e objeto são inseparáveis, não somente porque o objeto é construído, mas também porque o sujeito, por sua vez, aí se acha envolvido no espaço”.
Aires José Pereira é graduado e Especialista em Geografia pela UFMT, Mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, Doutor em Geografia na UFU, prof. Adjunto da UFT e escritor com 12 livros publicados.