UAU! ESTÁ TUDO BEM COM AS MULHERES
Nossa! Então, de repente, o IPEA descobriu erros na pesquisa. E nossas mulheres continuam vivendo no país das maravilhas. O bom de a pesquisa estar errada, é que se viu um aumento considerável no número de hipócritas destilando a sua hipocrisia.
E como estamos falando de Brasil, outra pergunta precisa ser feita: A pesquisa estava mesmo errada? Eu ainda não engoli isso totalmente. Seria um erro, ou foi à pressão da sociedade, sobretudo da mídia, que mudou o resultado final? Está na hora de se convocar uma CPI para apurar as pesquisas dos órgãos governamentais.
Ou você que está lendo este artigo, nunca duvidou dos índices de inflação. Dos índices de desemprego. Da fórmula matemática que aumenta o Salário-mínimo. Sempre gosto de contar que por muitos anos preenchi pesquisas industriais do IBGE.
Não, nunca fui funcionário do IBGE. Bem que gostaria. Eles enviavam os formulários para as empresas preencherem os dados. Além de chutar muitas coisas para terminar rápido, a minha pergunta sempre era: Não estou fazendo o trabalho que deveria ser feito pelos pesquisadores do IBGE? Eu trabalhava e eles ganhavam. Diga-se de passagem, salários muito acima do meu. E de sacanagem eu errava.
Enquanto a maioria da mídia soltava fogos para comemorar o erro da pesquisa, ninguém prestou atenção no comentário do apresentador do Jornal da Band, Ricardo Boechat. E nem devemos culpar mídia. Ninguém presta muito atenção nos índices que ficam abaixo dos 50%.
Boechat disse que, mesmo a pesquisa apresentando erros, ainda assim um em cada quatro brasileiros pensava da mesma forma. Para o calo ou o joanete doerem um pouco mais, seria como se uma em cada quatro pessoas não gostasse de você. Achasse você um chato. Ou feio. No fim, você chegará à conclusão que é muita gente.
No caso específico das mulheres, significa dizer que se você gosta de usar roupas que exibam a sensualidade do teu corpo, um em cada quatro brasileiros continuam achando que você merece ser estuprada. Você parece uma pecadora, quando só está exercendo o direito de cidadã. Não é assustador?
Se o erro inicial da pesquisa poderia mudar o rumo das políticas públicas que defendem as mulheres, agora elas voltam para as gavetas. Lembram-se do que eu falei dos índices que ficam abaixo dos 50%? Pois é!
Enquanto eu escrevia este artigo, e você lia, não temos a noção de quantas mulheres foram encoxadas, agredidas, violentadas ou mortas. Acreditem, foram muitas. Espanta que se continue a discutir pesquisas. A condição da mulher da brasileira precisa de uma discussão mais abrangente. De emergência nas soluções. Não de ser pesquisada.