Por que a Burocracia?
O emaranhado de normas no serviço público, que antes visava combater a corrupção, acabou transformando num entrave ao andamento dos trabalhos. Ainda no período que antecedeu a Independência do Brasil, com a chegada da Coroa Portuguesa, no ano de 1808, via-se uma “inchada máquina governamental”, saqueando o nosso ouro. A esperteza, o olho grande na riqueza do Brasil já vem de longe. Eis aí uma “herança maldita”. E a burocracia vem como desculpa para evitar a corrupção. Ninguém confia no serviço público.
Entre as décadas de 1970 e 1980, tivemos um Ministério da Desburocratização, com destaque para o ministro Hélio Beltrão, que pareceu bem disposto a desatar o nó da burocracia. Extinto o ministério, só duas boas heranças ainda restaram: O Juizado de Pequenas Causas e o Estatuto da Microempresa.
De resto, a burocracia continua emperrando o serviço público.
Vejamos um caso bem simples: Na gestão Beltrão acabou a obrigatoriedade de ir ao cartório para autenticar um documento, desde que apresentada a cópia com o respectivo original. O funcionário que o acatasse poderia apor na cópia: “confere com o original”. Pronto, estaria o documento autenticado. Mas, como o cartório perdia essa “boquinha”, volta então à necessidade da autenticação cartorial. Isto é, só ele tem autoridade para dizer que o documento é verdadeiro. Pé na bunda do brasileiro já explorado com tantos impostos e taxas.
Quem não conhece o processo das licitações no serviço público?
Com toda a burocracia, ainda assim surgem os espertos, os corruptos, sangrando o erário. Se não fosse a burocracia, pior ainda. Uma porteira aberta para esses herdeiros da coroa portuguesa. Enfim, a burocracia ainda é um mal necessário.