Beijinho no ombro

Quem me conhece de perto sabe que odeio funk. Não é exagero meu, não. Odeio mesmo! Não pelo ritmo mas pela anencefalia dos intérpretes e da podre ideia (ideologia é outra coisa) que disseminam. Apologia à inimizade ("Desejo a todas inimigas vida longa")e incentivos à violência ("Bateu de frente, é só tiro porrada e bomba", "Não sou covarde, já tô pronta pro combate") permeiam as letras do estilo. Coreografias à base de pornografia (sensualidade também é outra coisa) embalam crianças de doze anos ou menos, alterando e desenvolvendo nelas uma sexualidade prematura e equivocada. E eu, ateu convicto (e invicto), horrorizo-me quando a cantora (?) diz "Acredito em Deus, faço ele de escudo." Como assim? Sem comentários...

Adultos conscientes evitam falar palavras de baixo calão perto de crianças mas a cantora acha bonito induzir na música o termo "puta que pariu". Sem contar com o inglês. Poderíamos transcrever assim: quipe calme, com os dois es sendo lidos como semivogais. E o tema da música, então? Recalque? Conhece Freud, "queridinha"? Freud ou Fróide? Creio que quem se incomoda muito com o "outro" tem grande problema de aceitação e não consegue firmar-se como sujeito. Sei que muitos não concordarão comigo mas não quero uma filha minha pornografando ao som de uma porcaria dessas e servindo de isca para maníacos sexuais.

É claro que eu poderia ter escrito um texto inteligente mas preferi estilizar. Beijinho no ombro?

Antônio Carlos Policer
Enviado por Antônio Carlos Policer em 24/03/2014
Código do texto: T4742337
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