FREVO CENTENÁRIO

Dia 9 de fevereiro de 2007, data festiva e de elevado astral para o povo pernambucano, foi comemorado o Centenário do Frevo, nosso ritmo maior, envolvente, empolgante.

Oriundo do maxixe, dobrado e polca-marcha, o frevo surgiu de uma mescla de ritmos, tornando-se nesse amálgama inexplicável e colossal um todo individualizado com personalidade própria e indiscutível.

Não se sabe exatamente o exato limite dessa metamorfose musical, que inebria os milhões de foliões pernambucanos. Essa maravilha parece tomar conta do coração e do corpo inteiro daqueles que brincam, cantam, e vivem o nosso grandioso carnaval.

Atingindo essa invejável idade, o ele percorreu ao longo de sua existência caminhos amargos, trilhas duvidosas e incertas. Não raro, surge ali e acolá o boato de que ele “morrerá”, tal qual um paciente que padece na UTI esperando o momento final, ficando a mercê do tratamento que lhe seja ministrado, entregue a sua própria sorte...

Contudo, sua garra, seu brilho, sua estrela se constituíram numa fortaleza muito maior doque os agouros que lhe fizeram por todo esse tempo. Nessas crises inconcebíveis e não merecidas, por tudo de majestoso que ele possui, conseguiu superar a todas elas, dando a volta por cima, como quem diz: estou vivo, muito vivo e sempre vivo...

O tratamento ingrato que muitos lhe deram não foi suficiente para derrubá-lo, pois, alguns poucos abnegados cuidaram e muito bem das seqüelas deixadas por aqueles que não lhe deram o lugar ao sol como merecia ao longo desses anos.

Com sua rica e exuberante linha melódica, rítmica e harmônica, fez valer o seu valor como ritmo singular que abrilhanta nosso tríduo momesco, levantando o astral do folião, envolvendo a todos no calor da multidão.

Sua autenticidade permite essa “coroação centenária”, sendo a majestade do nosso carnaval que reina em trono único, não cabendo espaço para substitutos, nem daqui, nem tampouco alienígenas.

Temos, então, um inegável motivo de orgulho para os pernambucanos, pois, o frevo teve seu nascedouro em nossa terra natal, ultrapassou nossas fronteiras e deu seu recado no exterior, sendo por demais valorizado e enaltecido onde quer que chegue.

Contudo, esse valor precisa ser reconhecido e autenticado pelos pernambucanos, já que temos esse ritmo como patrimônio maior da nossa música carnavalesca.

Essa consciência precisa ser aguçada, revivida e exaltada, para que nos próximos anos ele não padeça desses males que o acometeram nesse primeiro século de vida.

Não fora sua resistência, própria de sua força e dinâmica rítmica, ele teria sucumbido de verdade, porém, teve fôlego para resistir a tudo e a todos, e ai está, revitalizado e altivo brilhando em mais um carnaval.

Trazendo alegria, saudade e nostalgia, o frevo faz parte do cenário sentimental do nosso povo, que vive os carnavais de hoje, lembra os de outrora, e sonha com o do futuro, num ciclo que se renova a cada ano.

Assim, nosso frevo centenário se mescla no tempo e no espaço, como uma nuvem que passa carregada de euforia, com espírito jovem e experiência do ancião que não teme o futuro, já que mantém sempre seu astral elevado, ao som indelével dos metais e palhetas que estarão sempre ecoando através dos tempos, trazendo para o nosso povo inesquecí

Viva ao nosso Frevo Centenário!!!

Luiz Guimarães Gomes de Sá

Médico, compositor e Membro da Academia Pernambucana de Música

msn lgprojet2007@hotmail.com

LUIZ GUIMARAES
Enviado por LUIZ GUIMARAES em 04/05/2007
Reeditado em 04/05/2007
Código do texto: T474193