O BRASIL DELES

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e o ex-jogador Ronaldo, através de artigos publicados, deram a exata noção da diferença entre o Brasil real e o Brasil fictício deles. Do quanto à classe elitizada, não enxerga o que acontece a sua volta.

Em artigo publicado no jornal A Folha de São Paulo, Ronaldo defendeu novamente a Copa do Mundo no Brasil. E o dinheiro gasto com a construção dos elefantes brancos, disfarçados de arenas de futebol. Além dos orçamentos iniciais. Como sempre.

Muitos duvidam da capacidade de Ronaldo escrever um artigo como aquele. Eu me incluo entre os que duvidam. E se ele tiver a mesma genialidade dos pés com as palavras, mais do que um privilegiado, Ronaldo é um desses caras iluminados.

É uma pena que continue a viver como se estivesse na Espanha ou Itália. A Europa ainda não é aqui. Defensor desde o começo da Copa do Mundo, Ronaldo usou até a matemática para mostrar o legado que ela deixará. No artigo Ronaldo também falou de saúde, educação e hospitais, talvez, tentando se desculpar das bobagens que já falou.

Fernando Henrique Cardoso é outro extremo dessa elite. Desde que deixou de ser presidente e o PSDB passou a ser oposição, o ex-presidente usa seus artigos para apontar o dedo na direção das mazelas petistas.

E se faz isso com certa maestria, ao mesmo tempo tanto o sociólogo como os tucanos, não apontam soluções. Das mazelas do governo quem está na oposição sempre sabe. E se resolvê-las depois que se torna governo é um desafio, ter entre suas lideranças pessoas com essa capacidade é um desafio ainda maior.

Falando sempre mais do mesmo, Fernando Henrique Cardoso reflete toda a frustração e a amargura da oposição. Talvez, dele próprio. Principalmente quando se trabalha com a perspectiva de outra iminente derrota em outubro.

Nossas elites ainda não acordaram para o Brasil que poderá submergir pós-Copa do Mundo. Depois que o exército deixar de fazer o segurança nas ruas.

Aliás, cabe uma reflexão do que a democracia que o fim da ditadura trouxe, está fazendo com a instituição chamada Exército Brasileiro. Ultimamente, ele só tem servido para abrir caminhos em favelas, ou manter a segurança durante a Copa do Mundo. Sendo mais direto: Limpando sujeira. Só faltava o Rio de Janeiro chamá-lo.

Existe um abismo entre o Brasil real, e o Brasil das elites e dos governantes. Depois de assistirem o crime se organizar, agora assistem ao surgimento das gangues de rua. Que destroem o patrimônio público ou privado, como se estivessem mijando fora do vaso dentro de suas casas. Se a impunidade é o nosso câncer, o mau exemplo vem das elites.