BIG BROTHER BRASIL

Os critérios de beleza integram um sacrário amoroso de plenitude do corpo, especialmente na postiça sociedade consumista. O belo como tal é imutável, porém os critérios circunstanciais de avaliação variam em épocas e modas, de pessoa a pessoa. Que o digam os gordinhos americanos propagandistas do “fast food” da contemporaneidade. Cada pessoa tem o seu tempo de usufruir a louvação estética. A beleza transparecida faz bem aos olhos e repercute na pele; mas aquela que realmente transpassa é a interior, a que punge o coração e o derrama para a posteridade, na plenitude das células etéreas de sobrevivência muito além do corpo. O poeta, em sua entrega, parece reconhecer esse dom. Talvez por isso o poema seja uma contextual declaração de amor à palavra: tem o rosto imanente ao Belo a todo tempo. A fotografia de um jovem apolíneo pode interessar aos insetos no quarto escuro... No dia seguinte, alvo das luminárias da passarela, poderá inspirar a moda e a libido numa casa de “Big Brothers”, para milhões de telespectadores bestificados com as impressões do sucesso fácil e excepcionalmente bem pago.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

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