A VELHICE

A VELHICE

Por Aderson Machado.

Quando eu era menino, achava que uma pessoa com 60 anos de idade já era velha. Bastante velha, esperando a morte chegar. Assim pensando, tinha em mente que pessoas nessa faixa etária eram praticamente inúteis, e que não lhes restava mais nada senão esperar o momento da partida. Um pensamento até certo ponto sinistro, esse meu.

Essa minha maneira de pensar tinha, a priori, até uma justificativa plausível. Como morava na zona rural, vivendo e convivendo com trabalhadores braçais, pessoas essas acostumadas a pegar no “pesado”, era natural que tais pessoas, depois dos 40, começassem a apresentar algum sinal próprio da velhice – uma velhice antecipada, por assim dizer.

Essas pessoas, consequentemente, ao atingirem os 60 anos, por aí, já estavam um tanto quanto desgastadas, cansadas, decrépitas, isso em função do trabalho árduo, exposição excessiva ao sol e à chuva todos os dias da semana, é bom que se diga. Dir-se-ia, assim, que o homem da roça envelhece mais rapidamente, embora eu, particularmente, queira discordar um pouco dessa teoria, haja vista que o trabalho físico, ao contrário, deve fazer com que a pessoa mantenha um bom preparo físico, e, dessa forma, a sua longevidade seja um diferencial em relação àqueles que trabalham com a mente ou, por outra, levam uma vida sedentária, e, ainda por cima, não se cuidam, abusando de todo tipo de vício, o que, com certeza, concorre para abreviar as suas vidas.

Voltando aos nossos camponeses, que envelheceram precocemente, quero acreditar que isso se explica pelo fato de eles não terem se cuidado bem, porquanto bebiam, fumavam, passavam noites inteiras em festas, e por aí vai. Por conseguinte, não foi o trabalho duro o fator responsável por esse estado de coisas. Digo isso com convicção, pois sou testemunha ocular de casos em que muitos camponeses trabalharam duramente, mesmo depois dos 80 anos! Esses últimos são um exemplo de quem levou uma vida com disciplina, fugindo dos vícios, se alimentando bem, dormindo regularmente, etc.

Há, evidentemente, os casos de envelhecimento precoce em razão de algum tipo de doença, mormente as doenças degenerativas, ou coisa que o valha. Nesse e outros casos, com qualquer idade, o ser humano, bem como os animais, pode se tornar um doente irreversível.

Por outro lado, em condições normais de temperatura e pressão, vamos colocar assim, cada um de nós pode ter uma vida longa, desde que se alimente adequadamente, faça exercícios físicos regularmente, durma bem e, claro, não cometa nenhum tipo de excesso, o que, fatalmente, pode comprometer a saúde física ou mental, ou as duas ao mesmo tempo. Nesse caso, não importa se você mora na cidade ou na zona rural; se trabalha com o físico ou com a mente. Tudo é uma questão de disciplina. E essa disciplina cabe a cada um de nós cuidar dela, ainda que com a devida orientação médica, sem a qual poderíamos nos desviar do caminho correto, caminho esse responsável por conseguirmos viver mais e melhor.

Por fim, devo dizer que os avanços conseguidos pela medicina conseguiram fazer com que a expectativa de vida das pessoas aumentasse. Não só no Brasil, mas em todo o mundo. Dessa forma, caiu por terra aquele meu pensamento de menino, que achava que uma pessoa com 60 anos estava acabada... Ledo engano. Felizmente.

Aderson Machado
Enviado por Aderson Machado em 25/02/2014
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