CHEGOU O PRIMEIRO PIT STOP

Está chegando à sexta-feira que o Brasil vai parar. Contam-se nos dedos os dias que faltam para o primeiro pit stop do ano. De repente, viramos a chave, e nada mais tem importância além do carnaval.

Quando alguém perguntar o motivo da sociedade brasileira não conseguir promover as mudanças necessárias para mudar o país, poderemos responder com uma analogia. Alguém consegue imaginar o carnaval brasileiro na Ucrânia?

A resposta certamente é não. Assim como, também, não podemos imaginar a perseverança dos protestos ucranianos aqui no Brasil. Lá, eles conseguiram as mudanças que almejavam. Aqui, a indolência e a letargia dos nossos genes não nos permitem ser perseverantes nessa escala. O carnaval é bem melhor.

Para quem acompanha os torneios de tênis, existe outra analogia interessante. É comum nos jogos do brasileiro Thomaz Bellucci, a sua indolência quando percebe que o jogo está perdido. Não vemos esse tipo de atitude nos espanhóis, nos argentinos ou nos sérvios. Mesmo com a derrota iminente, eles lutam pelos pontos até a última bola.

No gigante abaixo da Linha do Equador, parece não existir uma fuga para a sombra e a água fresca. Se o carnaval é o maior espetáculo da Terra, então eu não entendo nada de espetáculo. E tenho uma grande curiosidade. Qual é o nível de audiência no nosso carnaval fora do Brasil?

Com o fuso horário, geralmente quando os peitos e as bundas estão de fora, os europeus curtem suas melhores horas de sono. Outros estão começando o dia já trabalhando.

A partir de sexta-feira, vamos esquecer todos os problemas do país. Dos políticos as rodovias, passando pelos prontos-socorros, tudo deixarão de ter importância. O Ministério da Saúde adverte: Samba pode causar esquecimento momentâneo.

Os atores Cauã e Grazi deram o tom da sociedade brasileira. Mesmo recém-separados os dois foram juntos levar a filha ainda pequena para o bloco de carnaval. Farão o mesmo quando precisarem levar a filha para a escola ou para a igreja?

Até a mídia embarca na onda do carnaval. Só ficaremos sabendo das tragédias carnavalescas, quando chegar à quarta-feira de cinzas. Então voltaremos a lembrar dos políticos. Das dores de barriga. Da falta de médicos. Do racionamento de água. Da falta de chuva. E já de olho no pit stop da Copa do Mundo.

Eu não gosto de me lembrar da presidente Dilma nunca. Só que não vou deixar passar batido. A presidente “fechou” com a família do torcedor do Santos morto pela torcida rival? O que é pior num estádio de futebol, ou na porta dele: Racismo ou assassinato?