QUEM ACENDEU O ROJÃO?

QUEM ACENDEU O ROJÃO?

HERIBALDO DE ASSIS *

Por vezes o estopim social no Brasil é aceso e explode vitimando milhares de brasileiros – brasileiros mortos pela violência, pelo descaso e pela omissão dos nossos governantes. Governantes que estão mais preocupados em aumentar tarifas e fazer escusos conchavos com empresas que financiam campanhas eleitorais.

Quem acendeu o rojão foi toda a inerte sociedade brasileira ! Quem acendeu o rojão foram todas as nossas incompetentes instituições públicas ! Quem acendeu o rojão foi o sistema político brasileiro que, através de seus nefastos representantes, vampiriza o povo brasileiro com tarifas exorbitantes e juros altos...

Infelizmente outros rojões sociais explodirão porque o Brasil continua sendo um barril de pólvora – um perigoso barril repleto de gritantes desigualdades sociais. Essas desigualdades sociais que são negligenciadas pelos políticos brasileiros. Antigamente rojões eram utilizados para comemorar e não para ferir alguém – e nem o que comemorar temos mais diante de tanta violência, exploração, miséria e descaso.

E quando o povo reclama é agredido com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo – os governantes brasileiros estão gastando mais com armas para fazer calar o povo do que com aumento salarial para os professores (será que estamos votando em nazistas?)... A tarifa zero para transporte público parece um sonho impossível no Brasil – afinal as empresas de transporte urbano também financiam as campanhas eleitorais dos políticos, além de “doarem” exorbitantes quantias aos partidos políticos.

E nesse jogo duplo de favorecimentos ilícitos o povo é apenas um mero detalhe – afinal o que as empresas e os políticos querem de nós são apenas duas coisas: pagar sem reclamar e votar... E enquanto não reclamarmos em massa, enquanto não deixarmos de votar (para conceder conforto e altos salários a todos esses dispensáveis políticos incompetentes) seremos sempre meros telespectadores da triste história desse infeliz país.

Um dos gênios artísticos do Brasil (o bahiano Glauber Rocha) tinha o seguinte lema: uma câmera na mão e uma idéia na cabeça.Mas a câmera está nos sendo arrancada pela violência, pelo roubos, e pela Ditadura (que ainda persiste no Brasil).

Quanto a idéia: esta está nos sendo retirada pelo analfabetismo, pela falta de cultura e pela desnutrição (que tolhe qualquer desenvolvimento cerebral).E assim (sem câmera e sem idéias) estamos politicamente, artisticamente e culturamente mortos – mortos que nem aquele brioso e competente cinegrafista da BAND que ousou ter uma câmera na mão e uma idéia na cabeça,e que ousou (mais ainda) ter nascido nesse arremedo de país denominado Brasil...

* Escritor, Poeta, Filósofo, Compositor, Redator-publicitário , Roteirista e Licenciado em Letras pela Uesc - Universidade Estadual de Santa Cruz.E-mail: herisbahia@hotmail.com

Heribaldo de Assis
Enviado por Heribaldo de Assis em 10/02/2014
Reeditado em 10/02/2014
Código do texto: T4686064
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