ARTE OU PROPAGANDA?
Aqui, na qualidade de telespectador de algumas novelas, resolvi expressar algo que há tempos vem me causando um certo incômodo, pois apesar do referido gênero artístico ultimamente voltar-se a vários outros interesses não artísticos, ainda o considero arte.
Antes, gostaria de lembrar que ninguém mais nega que propaganda também é arte, e nosso país é um exemplo vivo disso, posto que lidera as estastísticas de premiações de propagandas em vários concursos pelo mundo afora.
E é verdade,nossa propaganda tem dado mais IBOPE televisivo do que certas programações "artísticas" do dia, seja tanto nos canais abertos quanto nos fechados.Ao menos para mim, que adoro propaganda.Mas a inteligente!
Bem, mas o que quero colocar é a sensação que a inclusão do MERCHANDISING me causa quando, no decorrer da arte cênica, empurra-se goela abaixo do telespectador comerciais de vários tipos de produtos.
Apelos comerciais totalmente fora de contexto, enxertados, em que nunca acrescentam nada à cena em questão, como por exemplo quando uma camisa que poderia se azul, vermelha ou amarela naquele momento ganha um destaque excepcional por estar mais branca após ter sido lavada com este ou aquele produto!
Ou seja...detalhes que em nada enriiquecem as cenas.Tão somente as descaracterizam.
Causa-me uma sensação horrorosa e logo a seguir passo a desqualificar minha primeira impressão sobre a obra , sobre quem a escreve, e sobre quem a encena.
Para mim uma agressão a sua autenticidade.
Digo isso porque não consigo conceber uma arte comprada, manipulada, curvada a outros interesses,cuja finalidade única não seja a de lidar com a emoção pela característica intrínseca da própria obra.
Tenho visto cenas em que artistas consagrados, tanto de novela como de cinema ou teatro ,perdem totalmente a espontaneidade de encenar, e a mim me parece que eles próprios se incomodam com o fato.
A arte verdadeira não deveria se prestar a este papel.
Não se poderia colocar em risco a naturalidade dum enredo artístico,atrelando-o ao proposito de aumentar o consumo , ou formar opiniões forjadas sobre um determinado produto.
A arte cênica ,como qualquer outra, não é o local adequado para este artefato comercial.
E a propaganda, como arte, já conquistou seu espaço, não necessitando do espaço alheio.
Que se faça uso de outros instrumentos para que a verdadeira arte da propaganda continue a florescer, e que o interesse comercial não contamine o conteúdo artístico das produções, a emoção de quem lhes dá alma e tampouco a sede artística de quem lhes lança o olhar...