A Língua Que Jesus e Seus Discípulos Falavam
A Língua Que Jesus e Seus Discípulos Falavam
Estamos tão acostumados a ouvir os textos sagrados em latim, que geralmente nos parece que Jesus Cristo e seus apóstolos praticavam esta língua. È uma idéia errônea. Quando Jesus Cristo, na agonia, pregado na cruz rodeado de verdugos, chorado por seus discípulos, pronunciou as amargas palavras: ELI! ELI!... Não falava em latim, mas na língua popular de Israel, o aramaico. O aramaico era o idioma do povo da época em que o Redentor, seguido pelos humildes pescadores da Galiléia, cruzava as terras áridas da Palestina; na época em que, do alto do Monte Sinai lançava aos ventos, para que se espalhassem pelo mundo, às frases de bondade e de bem-aventurança que hoje se conhecem com o nome de “sermão da montanha”. O aramaico idioma semítico originário da Ásia Menor havia suplantado, com a influência das esplendorosas civilizações assírio-babilônicas, o antigo e bíblico hebraico. No tempo dos apóstolos era falado em uma grande área da Ásia Menor, incluindo as regiões que hoje se conhecem com os nomes de Jordânia, Transjordânia, Líbano, Síria, Armênia e Israel.
São Mateus escreveu sua Vida de Jesus no mesmo idioma em que havia conversado com o senhor. Mas, como o aramaico só se falava nos distritos semitas que acima citamos, e como cada vez o cristianismo mais se estendia pelo mundo, fez-se indispensável traduzir o relato de São Mateus para um idioma universal; portanto apelou-se para o grego, língua mais difundida naquela época. Seguindo essa norma foram também vertidas para o grego as páginas escritas mais tarde por São Marcos, São João e São Lucas. Com o desenvolvimento do poder romano na ordem cultural, houve necessidade de traduzir os evangelhos para o latim em primeiro lugar e depois aos dialetos de cada região. Até o século IV haviam sido feitas tantas traduções, freqüentemente realizadas por pessoas incapazes, que o Papa Dâmaso, no ano de 382, interessou-se em conseguir uma versão melhor. Este trabalho foi encomendado a São Jerônimo, que revisou o Novo Testamento em latim, corrigindo-o de acordo com os melhores manuscritos gregos que se conheciam. Esta edição é geralmente conhecida com o nome de VULGATA. A Vulgata permaneceu como a melhor versão dos Evangelhos por mais de doze séculos, até que uns dignitários da Igreja perceberam que São Jerônimo havia cometido muitos erros.
Ao ser eleito, em 1569, o Papa Pio V resolveu que se devia fazer imediatamente uma revisão da versão de São Jerônimo. Assim é que, em 1590, se publicou a Vulgata Sixtina, em latim. No ano seguinte, o Papa Gregório XIV fez revisão dessa nova edição a que se chamou Vulgata Clementina, sendo esta a versão em latim da Igreja Católica Romana. Os Evangelhos tem sofrido diversas traduções através dos tempos, esses erros foram sanados pelo Professor Jorge M. Lamsa, em sua tradução direta do aramaico para o Inglês. Ele em sua tradução fez ressaltar vários erros dos primeiros tradutores. O conhecido milagre de Jesus caminhando sobre as águas não é referido, segundo o prof. Lamsa, mas o resultado de uma palavra mal traduzida. De acordo com o aramaico, “caminhou pelo mar” devia ser traduzido por “caminhou junto ao mar”, ou caminhou à beira – mar. Neste caso, São João havia usado a palavra se, que significa textualmente em ou por deixando implícito que Jesus caminhou perto do mar. Outra frase é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico se salvar.
Neste caso, a palavra aramaica gomala tem dois significados: camelo e corda; donde se deduz, por simples lógica, que foi tomado um significado por outro. O descobrimento de duas folhas de papiro e um pedaço adicional em que foram encontradas frases de Jesus. Segundo os peritos estas foram as primeiras escrituras. É a mais antiga que qualquer outro manuscrito ou parte do Novo Testamento. Seu estudo significa um valor histórico e um modo de verificar a verdade de algumas afirmações, senão também a emoção de Ter entre as mãos documentos que pertenceram aos primeiros cristãos.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE