O CÚMULO DO RIDÍCULO: ÉRAMOS FELIZES E O GOOGLE NÃO SABIA!

Escrever é um vício. Um delicioso e confortante vício que depende de vários fatores, dos quais a inspiração é o principal. Acontece que nem sempre a inspiração anda rodeando nossa cabeça abrindo espaço para que sejamos abatidos por uma espécie de distanciamento ou apatia, fazendo com que deixemos o teclado em paz por algum tempo, até que sejamos abatidos pela recaída.

Estava mergulhado nesse estado de espírito até que, num golpe de sorte, dei de cara com um artigo que tirou-me da letargia e levou-me a martelar meu surrado teclado.

Nunca li nada escrito pelo Eduardo Aquino porém, lendo os artigos inseridos na "Tribuna da Internet", hoje, 22/12/3013, encontrei um seu texto que, sem falsa modéstia, gostaria imensamente de ter escrito.

Como as minhas colocações não seriam tão lúcidas quanto as dele, resolvi transcrevê-las aqui, compartilhando com um montão de gente que pensa parecido com o que eu e ele pensamos.

Assim, deixo abaixo, o lúcido artigo de Eduardo Aquino com o título "O Cúmulo do Ridículo: Éramos Felizes e o Google Não Sabia"!

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O CÚMULO DO RIDÍCULO: ÉRAMOS FELIZES E O GOOGLE NÃO SABIA!

Postado em dezembro 22, 2013 - "Tribuna da Internet".

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Eduardo Aquino

Desisti de argumentar, cansei de justificar. Assim sendo, podem me rotular: sou ridículo e pronto! Ok, não tenho conta em redes sociais, nem perfil, sou algo tecnofóbico e ninguém me verá na rua, em bares, no social digitando loucamente. Nem contem em me convidar para qualquer novidade em rede. Definitivamente, não curto nem sou curtido, muito menos sou afiliado a nenhuma tribo. Ou, em outras palavras, eu não existo, pelo menos virtualmente, sou uma alma penada, horrorizado com ausência de contato visual, pela multidão de zumbis hipnotizada pelas telas.

Procuro, em vão, um pouco de atenção, puxar um papo com alguém, contar um caso, uma piada, enfim, relaxar e conviver com algum semelhante. Mas nessa selva de celulares, lap-tops, fones de ouvido que quase equivale a um cartaz “favor não encher o saco!”, sigo à procura de seres reais que me vejam, ouçam, toquem.

Ao meu socorro, idosos com seu jeito generoso, um sorriso amistoso e convidativo: “Ah, esses jovens e seus eletrônicos…” E solidários puxam uma conversa que se a paciência e o respeito permitirem, será muito agradável e sábia.

NÃO VI NO YOUTUBE

Sou do tipo que adora puxar um papo, curioso em conhecer as histórias de vida, a alma humana. Mas cada vez mais me sinto um estranho no ninho e respondo aos filhos, amigos, conhecidos que não vi no YouTube a bobagem que se tornou viral. Não, não sei o que bombou no Twitter, o escândalo no Instagram. Não sei quem é a atriz que apareceu transando na rede. E não ando me interessando por conteúdos bolinhos, fofocas virtuais. Me recuso a alimentar redes sociais cada vez mais radicais e inconsequentes: petistas e antipetistas, católicos e evangélicos, cruzeirenses e atleticanos, ateus e religiosos.

Aliás, primeiro aprender a escrever, depois a raciocinar minimamente, adquirir uma cultura básica e, quem sabe, se aproveite algo nas blogosferas, tuitagens. Meu Deus, me livre dos “selfies”, da exposição de narcisismo primário. Dos candidatos à fama rápida, dos descerebrados em geral, dos pobres de espírito em especial.

Que haja um paraíso virtual, cheio de photo shoppings, perfis celestiais. E um inferno internáutico, onde todos os mentirosos das redes sociais tenham uma eternidade real ao lado dos políticos, corruptos, os de baixo perfil que despejavam poluição visual, sonora, conteúdos diabólicos, com mantras de ódios, racismo, violência. Que o diabo os carregue, após um blecaute divino, a eletricidade seja extinta e, com ela, esse mundo louco, pobre, trevoso que é o mundo virtual, na prisão perpétua que as telas nos condenaram.

ROMANTICAMENTE

Que o sol nasça a cada dia e a humanidade se alegre e emocione. Que ele se ponha, e o ser humano, romanticamente, componha uma música, um verso, e olho no olho, enamore sua musa, beijando-a docemente, sonhando namorar enfrente a um mar, caminhando em busca de uma cachoeira divina, curtindo a lua cheia e vermelha que arrepia e inspira. Que o toque da pele, o cheiro inebriante de suave colônia, que a visão dos cabelos ao vento, preencha emoções, resgate sentimentos.

Cara, como sou ridículo! Venham me extinguir ou creiam que sou um visionário. Pois esse mundo virtual e digital, povoado por aparelhos eletrônicos e tecnologia de ponta, não anda nos fazendo bem! Convido-os ao mundo das coisas, das sensações e percepções, de uma nova consciência, com uma nova postura. Pois éramos felizes e o Google não sabia! (transcrito de O Tempo)

Eduardo Aquino
Enviado por Amelius em 22/12/2013
Reeditado em 22/12/2013
Código do texto: T4622105
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