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AS SECAS E A SEDE
Nem as pedras da coroa de Dom Pedro II foram vendidas, nem o problema periódico das secas, no Nordeste, foi ainda solucionado.
Não obstante todos os esforços realizados, infelizmente, ao longo da História, a inclemência das estiagens continua a nos oferecer emigrações, morte das plantações e dos rebanhos... E muita sede.
Algumas instituições criadas com o fim único de dar combate ao fenômeno natural da seca – DNOCS e SUDENE, por exemplo – ou emborcaram ou o que ainda resta, hoje, é inoperante e de nada serve, a não ser para dar empregos aos apaniguados.
Durante o período leiloeiro e de “privataria” do (des)governo de FHC, dois órgãos importantes para fomento do desenvolvimento – SUDENE e SUDAM – foram extintos, mercê da corrupção que reinava regionalmente; e o tucanato glutão encarregou-se de abafar os escândalos, de comum a envolver políticos mandachuvas de décadas e décadas de muita voz de mando eleitoral.
Na época desse descalabro do loteamento e leiloamento do patrimônio nacional, a imprensa criou um dizer bem chistoso para o caso, que dizia assim: “Em vez de curar a bicheira do boi, os tucanos mataram o boi para curar a bicheira”. Quer dizer, extinguiram as duas superintendências de desenvolvimento: a do Nordeste e a da Amazônia.
Faz muito que se fala da transposição das águas do São Francisco, e a ideia permanece na falácia do papel e na voz dos meios de comunicação. Além do quê, é pouco provável que a providência resolva o caso das secas e da sede na região mais tórrida do País.
É doloroso ver camponeses buscando latinhas d’água a léguas de distância. E não menos trágico é você encontrar na inóspita caatinga as ossadas de bovinos e outros animais.
Como aqui é fato consumado e sabido, 2013 foi um ano escasso de chuvas; ano seco, podemos dizer. Chega a configurar-se em uma grande seca. Pior que a meteorologia e os agoureiros da política já preveem que 2014, o ano da Copa do Mundo, não terá inverno. Isto é apreensivo e constrangedor.
Cidades interioranas, além das zonas rurais mais agrestes, já se ressentem da falta do “precioso líquido”. Até algumas capitais nordestinas não racionam, mas racionalizam o uso da água, no que fazem muito bem. O móvel deste artigo foi, inclusive, o que ouvi na imprensa: os reservatórios d’água estão à metade da sua capacidade total por milímetros cúbicos. Açudes, rios a lagoas secam a olho nu.
Tubos de dinheiro já foram e serão rasgados numa Copa só para inglês ver, e os irmãos nordestinos morrendo de sede e à míngua. Sempre emigrando, eternos retirantes, como judeus a errar, mundo afora.
Em 1936, ao escrever “Vidas secas”, Graciliano Ramos já denunciava: “E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos”.
Mas a pergunta é: falácia, propaganda enganosa dos partidos, enrolação de transplante das águas e vinda de refinaria para o Ceará, tudo isso vai trazer água para matar a sede da fauna, da flora e das populações campesinas da região historicamente marcada pela natureza?
Não obstante todos os esforços realizados, infelizmente, ao longo da História, a inclemência das estiagens continua a nos oferecer emigrações, morte das plantações e dos rebanhos... E muita sede.
Algumas instituições criadas com o fim único de dar combate ao fenômeno natural da seca – DNOCS e SUDENE, por exemplo – ou emborcaram ou o que ainda resta, hoje, é inoperante e de nada serve, a não ser para dar empregos aos apaniguados.
Durante o período leiloeiro e de “privataria” do (des)governo de FHC, dois órgãos importantes para fomento do desenvolvimento – SUDENE e SUDAM – foram extintos, mercê da corrupção que reinava regionalmente; e o tucanato glutão encarregou-se de abafar os escândalos, de comum a envolver políticos mandachuvas de décadas e décadas de muita voz de mando eleitoral.
Na época desse descalabro do loteamento e leiloamento do patrimônio nacional, a imprensa criou um dizer bem chistoso para o caso, que dizia assim: “Em vez de curar a bicheira do boi, os tucanos mataram o boi para curar a bicheira”. Quer dizer, extinguiram as duas superintendências de desenvolvimento: a do Nordeste e a da Amazônia.
Faz muito que se fala da transposição das águas do São Francisco, e a ideia permanece na falácia do papel e na voz dos meios de comunicação. Além do quê, é pouco provável que a providência resolva o caso das secas e da sede na região mais tórrida do País.
É doloroso ver camponeses buscando latinhas d’água a léguas de distância. E não menos trágico é você encontrar na inóspita caatinga as ossadas de bovinos e outros animais.
Como aqui é fato consumado e sabido, 2013 foi um ano escasso de chuvas; ano seco, podemos dizer. Chega a configurar-se em uma grande seca. Pior que a meteorologia e os agoureiros da política já preveem que 2014, o ano da Copa do Mundo, não terá inverno. Isto é apreensivo e constrangedor.
Cidades interioranas, além das zonas rurais mais agrestes, já se ressentem da falta do “precioso líquido”. Até algumas capitais nordestinas não racionam, mas racionalizam o uso da água, no que fazem muito bem. O móvel deste artigo foi, inclusive, o que ouvi na imprensa: os reservatórios d’água estão à metade da sua capacidade total por milímetros cúbicos. Açudes, rios a lagoas secam a olho nu.
Tubos de dinheiro já foram e serão rasgados numa Copa só para inglês ver, e os irmãos nordestinos morrendo de sede e à míngua. Sempre emigrando, eternos retirantes, como judeus a errar, mundo afora.
Em 1936, ao escrever “Vidas secas”, Graciliano Ramos já denunciava: “E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos”.
Mas a pergunta é: falácia, propaganda enganosa dos partidos, enrolação de transplante das águas e vinda de refinaria para o Ceará, tudo isso vai trazer água para matar a sede da fauna, da flora e das populações campesinas da região historicamente marcada pela natureza?
Fort., 04/12/2013.