1- Nós ficamos desconfiados se alguém tem fama de malandro ou age ressaltando malandragem.
Claro que não queremos contato com malandros.
Há situações, contudo, nas quais a boa malandragem ajuda bastante.
A boa malandragem seria ficar esperto, ligar a “antena”, não cair no papo mentiroso dos enganadores, exercitar a perspicácia a qual impede que sejamos vítimas de golpes.
Enfim, paradoxalmente um pouco de malandragem pode combater a desagradável e tradicional malandragem.
2- Recordo que, quando tinha onze ou doze anos, apareceu um homem o qual soube convencer mainha a lhe entregar a aliança prometendo trocá-la por ouro.
O safado levou a aliança de minha mãe numa boa.
Jamais retornou.
Eu testemunhei todo o golpe. Escutei o diálogo completo, a conversa, a promessa sem sentido, o desenrolar da trama venenosa e ambiciosa.
Como explicar isso?
3- Eu, com a inexperiência da idade, não tinha malandragem alguma.
Minha mãe nunca desenvolveu qualquer malandragem.
O malandrão percebeu e levou a aliança de ouro.
Meu pai, sintonizado com as malandragens coletivas, quando chegou, deu a maior bronca.
Ele costumava dizer:
“Você já viu alguém bater à porta para entregar um real?”
4- Percebemos que, caso não exista uma dose de malandragem, os malandros aprontarão conosco.
Dizem que Lula perdeu o dedo propositalmente, pois, querendo garantir um dinheiro mensal fácil, resolveu, numa atitude muito malandra, provocar o famoso acidente.
Se o petista fez isso, ele aprontou com os cofres públicos.
Verificando depois que alcançou resultado, optou por esquemas mais gananciosos e ousados.
O presidente não sabia, porém, que o meu artigo desmascararia um dia tamanha malandragem.
5- O vocábulo “malandro” permite uma interpretação relativa, entretanto exige sabedoria no exercício da denominada “boa malandragem”.
Nunca ensinemos aos nossos filhos a arte dos malandros, pois corremos o risco de formar futuros marginais.
Na hora dos relacionamentos, nada de malandragem!
A palavra deve ser totalmente abolida nesse momento.
Que pai aceitaria sua filhinha envolvida com um malandro?
Nossa cultura machista jamais admite que um rapaz caia nos braços de uma malandra.
Aceitaríamos como exceção as malandrinhas do Sérgio Mallandro.
Que homem não adoraria fazer gluglu com as beldades?
6- Na prática, a sociedade atual contém vários malandros.
Os nossos políticos, por exemplo, são excelentes malandros os quais usam paletó e gravata, tentando sugerir dignidade.
A malandragem sempre existiu.
A Bíblia narra a malandragem de Jacó que, se aproveitando da cegueira do pai Isaque, roubou as bênçãos as quais Esaú tinha direito.
Nesse caso o ato foi mesquinho, porém o motivo revelou nobreza.
7- A boa ou má malandragem faz parte da vida, interfere nas nossas decisões, acompanha a jornada humana.
Uma, considerando certas circunstâncias, merece tolerância.
A outra apenas obscurece a alma e precisa ser eliminada.
8- O cantor Bezerra da Silva conquistou a fama de grande malandro.
Curiosamente, nos seus últimos quatro anos, ele abandonou o suposto caminho dos malandros, pois se tornou evangélico.
Morreu em 17 de janeiro.
Juntando a data 17 com o mês 1, nós formamos 171, número o qual simboliza, na compreensão popular, o malandro consagrado.
Eis uma coincidência interessante.
9- Criando textos, nós não temos o direito de praticar a malandragem.
Não é possível enganar os leitores.
Cada autor tem o seu estilo, sua forma de coordenar as idéias, o seu jeito de ser.
Podemos sofrer a influência de outros autores, mas precisamos definir a nossa individualidade, estabelecendo uma marca pessoal.
Ninguém faz boa literatura exercitando a malandragem.
10- Recentemente um indivíduo mal-humorado condenou as minhas habituais piadas e disse que eu precisava trazer piadas inéditas.
Ele insinuou que todos os meus textos careceriam de originalidade.
Enfatizando a crítica dele, eu seria um recantista malandro, ou melhor (que seria, na verdade, muito pior), um malandro recantista.
11- Mais uma vez esclareci que, quanto ao humor, eu reúno piadas, faço uma edição dando um toque especial e finalmente as divido com vocês.
Sobre os outros textos, fiquei indignado com a acusação e, sem perder a oportunidade, desejo que ele verifique a esquina na qual estou.
12- Na verdade, a inspiração precisa de calma, carinho e prazer.
Dessa forma ela faz surgir primorosos textos, discutindo mil assuntos, favorecendo o enriquecimento literário através de magníficos trabalhos os quais jamais brigam entre si.
13- Tais maravilhas são construídas por escritores sensacionais, jamais malandros, todavia donos da malandragem sadia que permite uma incrível diversão usando as palavras.
Afinal de contas, escrever poesia é exatamente brincar com as palavras.
Os poetas seriam, então, os mestres da boa malandragem que sabem enganar as figuras de linguagem e ludibriar os sonhos os quais eles conseguem, causando fascínio, transformar em realidade.
Um abraço!
Claro que não queremos contato com malandros.
Há situações, contudo, nas quais a boa malandragem ajuda bastante.
A boa malandragem seria ficar esperto, ligar a “antena”, não cair no papo mentiroso dos enganadores, exercitar a perspicácia a qual impede que sejamos vítimas de golpes.
Enfim, paradoxalmente um pouco de malandragem pode combater a desagradável e tradicional malandragem.
2- Recordo que, quando tinha onze ou doze anos, apareceu um homem o qual soube convencer mainha a lhe entregar a aliança prometendo trocá-la por ouro.
O safado levou a aliança de minha mãe numa boa.
Jamais retornou.
Eu testemunhei todo o golpe. Escutei o diálogo completo, a conversa, a promessa sem sentido, o desenrolar da trama venenosa e ambiciosa.
Como explicar isso?
3- Eu, com a inexperiência da idade, não tinha malandragem alguma.
Minha mãe nunca desenvolveu qualquer malandragem.
O malandrão percebeu e levou a aliança de ouro.
Meu pai, sintonizado com as malandragens coletivas, quando chegou, deu a maior bronca.
Ele costumava dizer:
“Você já viu alguém bater à porta para entregar um real?”
4- Percebemos que, caso não exista uma dose de malandragem, os malandros aprontarão conosco.
Dizem que Lula perdeu o dedo propositalmente, pois, querendo garantir um dinheiro mensal fácil, resolveu, numa atitude muito malandra, provocar o famoso acidente.
Se o petista fez isso, ele aprontou com os cofres públicos.
Verificando depois que alcançou resultado, optou por esquemas mais gananciosos e ousados.
O presidente não sabia, porém, que o meu artigo desmascararia um dia tamanha malandragem.
5- O vocábulo “malandro” permite uma interpretação relativa, entretanto exige sabedoria no exercício da denominada “boa malandragem”.
Nunca ensinemos aos nossos filhos a arte dos malandros, pois corremos o risco de formar futuros marginais.
Na hora dos relacionamentos, nada de malandragem!
A palavra deve ser totalmente abolida nesse momento.
Que pai aceitaria sua filhinha envolvida com um malandro?
Nossa cultura machista jamais admite que um rapaz caia nos braços de uma malandra.
Aceitaríamos como exceção as malandrinhas do Sérgio Mallandro.
Que homem não adoraria fazer gluglu com as beldades?
6- Na prática, a sociedade atual contém vários malandros.
Os nossos políticos, por exemplo, são excelentes malandros os quais usam paletó e gravata, tentando sugerir dignidade.
A malandragem sempre existiu.
A Bíblia narra a malandragem de Jacó que, se aproveitando da cegueira do pai Isaque, roubou as bênçãos as quais Esaú tinha direito.
Nesse caso o ato foi mesquinho, porém o motivo revelou nobreza.
7- A boa ou má malandragem faz parte da vida, interfere nas nossas decisões, acompanha a jornada humana.
Uma, considerando certas circunstâncias, merece tolerância.
A outra apenas obscurece a alma e precisa ser eliminada.
8- O cantor Bezerra da Silva conquistou a fama de grande malandro.
Curiosamente, nos seus últimos quatro anos, ele abandonou o suposto caminho dos malandros, pois se tornou evangélico.
Morreu em 17 de janeiro.
Juntando a data 17 com o mês 1, nós formamos 171, número o qual simboliza, na compreensão popular, o malandro consagrado.
Eis uma coincidência interessante.
9- Criando textos, nós não temos o direito de praticar a malandragem.
Não é possível enganar os leitores.
Cada autor tem o seu estilo, sua forma de coordenar as idéias, o seu jeito de ser.
Podemos sofrer a influência de outros autores, mas precisamos definir a nossa individualidade, estabelecendo uma marca pessoal.
Ninguém faz boa literatura exercitando a malandragem.
10- Recentemente um indivíduo mal-humorado condenou as minhas habituais piadas e disse que eu precisava trazer piadas inéditas.
Ele insinuou que todos os meus textos careceriam de originalidade.
Enfatizando a crítica dele, eu seria um recantista malandro, ou melhor (que seria, na verdade, muito pior), um malandro recantista.
11- Mais uma vez esclareci que, quanto ao humor, eu reúno piadas, faço uma edição dando um toque especial e finalmente as divido com vocês.
Sobre os outros textos, fiquei indignado com a acusação e, sem perder a oportunidade, desejo que ele verifique a esquina na qual estou.
12- Na verdade, a inspiração precisa de calma, carinho e prazer.
Dessa forma ela faz surgir primorosos textos, discutindo mil assuntos, favorecendo o enriquecimento literário através de magníficos trabalhos os quais jamais brigam entre si.
13- Tais maravilhas são construídas por escritores sensacionais, jamais malandros, todavia donos da malandragem sadia que permite uma incrível diversão usando as palavras.
Afinal de contas, escrever poesia é exatamente brincar com as palavras.
Os poetas seriam, então, os mestres da boa malandragem que sabem enganar as figuras de linguagem e ludibriar os sonhos os quais eles conseguem, causando fascínio, transformar em realidade.
Um abraço!