ZUMBI E MANDELA, UM IDEAL COMUM EM TEMPOS DIVERSOS
       


           Ao ler os jornais do domingo,ouvindo, inclusive notícias televisivas e da internet, deparei-me com manchetes que diziam da saúde do líder guerreiro sul africano Nélson Rolhilhala Mandela, hoje contando noventa e cinco anos, sendo que sessenta e sete desses anos vividos nas prisões sul africanas, onde à época, o regime do apartheid proibia a ascensão social do povo negro segregando-lhes, permitindo aos brancos muitos direitos e aos negros impondo muitos deveres. E o mundo acompanhou a luta de Mandela pela liberdade do seu povo. “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem apender a amar.”
            Desde há muito a luta pela igualdade entre entre pretos e brancos acontece, queremos uma sociedade justa, onde as oportunidades sejam plenas, para todos; educação de qualidade, para todos; acessibilidade a saúde, possível e gratuita, para todos; transporte digno, para todos; moradia e saneamento, para todos. Não há mais sentido experimentar-se a angústia de uma vida separada, desde quando todos somos originários da mesma África máe que nos acarinhou e tão bem nos acolheu em seu colo quente e cheiroso, nos primórdios da existência humana, permanecemos um tempo com ela, e depois nos espalhamos pelo mundo, onde as modificações impostas pelo ambiente nos fizeram diferentes por fora, mas só por fora, por dentro, em nosso sangue, na grande espiral, as marcas denunciam e revelam os segredos que, muito temos em comum, inclusive, as nossas aspirações e sonhos são os mesmos: justiça, igualdade, prosperidade . Todas as pessoas almejam uma vida melhor todos merecem uma vida digna, emprego para todos, quando há uma justa divisão igualitária das riquezas de um país. o respeito às tradições e às leis, a estabilidade social estará presente e a paz será o destino das nações. É difícil caminhar pelas ruas de uma cidade e encontrar, a cada passo que se ande exemplos de maus tratos e desatenção ao próximo, e este próximo, no mais das vezes é uma mulher ou um homem ou uma criança preta. É preciso reeducar-se uma parcela da sociedade, conscientizando-a de que os velhos preconceitos de superioridade ou inferioridade de  determinados grupos, devem ser revistos e transformados em conceitos de aceitação das diferenças, e que permitam-se esses mais conservadores, fundamentando-se nos rigores e preceitos da ciência, que preconiza: não há esta ou aquela raça, existe somente e sobretudoa raça humana, assim sendo, nos chegará a oportunidade áurea de refletirmos sobre um novo tempo mais verdadeiro e promissor.
         O século XXI, anseia por crescimento e evolução, não só econômica e tecnológica, como também ou sobretudo moral . Vivemos todos num mundo em que faz-se necessário que nos voltemos para uma maior promoção da vida, para que, políticas públicas, sejam estas estatais ou privadas, existam e se direcionem, principalmente, para os grupos sociais menos favorecidos, que as discussões e decisões nas arenas tenham a participação dos interessados e os seus resultados partilhados em prol do bem estar coletivo. A riqueza de um país, é o seu povo. A riqueza de uma comunidade são os seus integrantes e sua solidariedade.
       A peleja travada pelos ícones do passado para que o povo de cor preta, escravizado que fora, tivesse a sua liberdade e os seus direitos civis reconhecidos, não foi em vão. Zumbi, plantado na Serra da Barriga, no seu Quilombo de Palmares, doou-se em sacrifício pela liberdade de tantos outros africanos, crioulos, ladinos, pretos de todas as nações da África, que para cá vieram, com a missão precípua de ajudar a fazer um pais, tornando-se a partir daí, construtores de um futuro promissor, hoje realidade, da terra da Santa Cruz. Para Francisco, nos seus sonhos de liberdade, o preto também deveria ter a mesma chance de frequentar a escola, ilustrar-se, alisar o banco da ciência e formar-se doutor. Não pode ver concretizados os seus anseios, porém, a sua memória vive até os nossos dias, e a essência do seu pensamento sobrepõe-se as limitações do seu tempo, para Zumbi, o homem era um só, posicionando-se ele dessa forma, expressava sua maneira de ver e para ele, cuja capacidade de discernimento fugia ao comum do seu tempo, não deveria existir diferença entre as pessoas por causa da cor da pele, visto que, todos eram filhos do mesmo Creador.
     Em 1993, Mandela recebe o Prêmio Nobel da Paz e em um dos trechos do seu discurso, o advogado, estadista e pacifista, primeiro presidente da África do Sul assinala que “o valor desse prêmio que dividimos, será e deve ser medido pela alegre paz que triunfamos, por que a humanidade comum que une pretos e brancos em uma só raça humana, terá dito a cada um de nós que devemos viver como as crianças do paraíso, assim devemos viver porque teremos uma sociedade que reconhece que todos nascemos iguais, com todos os direitos em igual medida para a vida, a liberdade, a prosperidade, os direitos humanos e a boa governança. Tal sociedade nunca deve permitir novamente, que devam haver prisioneiros de consciência, nem que os direitos humanos de qualquer pessoa deva ser violado.”
        Tantos e tantos exemplos na história da humanidade, demonstram a saciedade que os caminhos a serem trilhados em busca da igualdade e paz, perpassam pela mudança de comportamento, busca de atitudes, tomada de consciência plena, ppara que afinal,possamos exercer e usufruir a  nossa humanidade..
       Donde concluímos que, a paz é possível, a justiça social é possível, o reconhecimento aos direitos do outro é possível, a aceitação do diferente é possível, a igualdade deve ter existência efetiva no cotidiano da humanidade. A educação que mexe com as cabeças, tem o poder de mudar o mundo e quando isso acontecer, seguramente será para melhor. Não haverão mais guerras, nem grandes, nem pequenas, pois, a verdadeira consciencia eclodirá, tomará  seu lugar, e se ampliará de forma tal, que  todos seremos atingidos por essa luz e nos recoheceremos, enfim, como irmãos. 
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 20/11/2013
Reeditado em 05/12/2013
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