1- Sem nenhuma dúvida admitimos que os negros não desfrutam as mesmas oportunidades concedidas aos brancos.
Nos cárceres a maior parte dos presos é negra.
Na TV a imensa maioria das pessoas a qual aparece é branca.
A pobreza contempla muito mais os negros do que os brancos.
Os brancos prevalecem nos colégios particulares.
A enorme presença dos negros nas escolas públicas é incontestável.
Dessa forma a fama, o poder e a influência “abraçam” os brancos.
Podemos, então, concluir que as nossas opiniões e atitudes apresentam a cor “branca”.
Conforme os brancos desejam, moldamos idéias e ações.
Daí é prudente deduzir que a arte, ciência, história e literatura a qual conhecemos possui a “cara” dos brancos.
Vale a pena não esquecer isso!
2- “Joaquim Barbosa, um negro, alcançou um alto posto, Ilmar.”
Se nós estivéssemos habituados a ver os negros alcançando posições elevadas, nada comentaríamos sobre o êxito de Joaquim Barbosa.
Raramente nós verificamos os negros no poder, exercendo influência ou suscitando excelentes notícias.
Nunca deveríamos dizer “Um homem negro chegou lá.”
Sempre deveríamos dizer “Um homem talentoso chegou lá”.
Se o indivíduo é branco ou negro, não tem importância, entretanto o detalhe da “cor” costuma ser relevante.
3- Sobre a educação, há mais negros nas escolas públicas, portanto os pobres estão compondo as escolas que o governo oferece.
Os ricos ocupam, salvo as exceções, os colégios particulares.
Por que os ricos preferem o ensino particular?
Porque a qualidade da escola pública é precária.
Mergulhando nesse “mar” reflexivo, veremos alguns absurdos os quais despertam inquietação.
Os alunos da escola pública diferem dos alunos da escola particular?
4- A capacidade é igual.
Ambas as instituições apresentarão o mesmo perfil de alunos, ou seja, haverá os interessados, os dedicados, os relaxados, os preguiçosos, os brincalhões, os geniais.
Virtudes e defeitos não desprezam um ou outro aluno.
Quanto ao estímulo, a possibilidade de desenvolver e a estrutura que os dois alunos encontram, no entanto, há uma desigualdade abismal.
5- O estudante da escola particular tem salas de informática, vem de casa bem alimentado, não precisa trabalhar, assiste ótimas aulas, não possui horários vagos, o ambiente das aulas é refrigerado, pode contar com um reforço extra quanto aos conteúdos...
O estudante da escola pública não tem salas de informática, vem de casa torcendo para saborear a merenda, precisa trabalhar, algumas aulas que assiste não são legais, lastima os horários vagos, o excessivo calor das salas atrapalha bastante, ele nunca conta com um reforço objetivando ajudar na compreensão dos conteúdos...
6- Qual é a diferença dos professores das duas escolas?
Nas duas escolas há professores brancos e negros.
Na escola particular, o professor encontra o material necessário, salas arejadas e pode trabalhar sem obstáculos.
Na outra escola, a escola dos negros e pobres, falta material básico, as salas não auxiliam o professor na concretização de boas aulas, existem mil obstáculos (insegurança, maus hábitos que a família deixou ganhar força, falta de assiduidade, alunos que estão muito aquém da sua série, impossibilidade total de executar o programa etc.).
7- Na escola particular, o professor precisa acompanhar à risca o roteiro proposto pela direção a qual anseia por garantir o dinheiro dos pais.
É fundamental que os ricos continuem matriculando os filhos lá.
Na escola pública, o professor fica muito à vontade.
Os pais não possuem nenhuma voz ativa.
O salário pago aos professores da escola pública permite, se ele soma dois ou três turnos, pagar a escola particular do filho.
8- Compreenderam?
Os professores da escola pública jamais colocariam os seus filhos no colégio no qual ensinam, mas conseguem pagar a escola particular dos filhos aproveitando o salário que recebem.
A escola pública é uma porcaria, por isso nós não queremos nossos filhos matriculados lá.
Essa péssima escola pública dá um salário o qual, com muito esforço, permite que seus professores paguem a escola particular dos filhos.
9- Pode?
Claro que não pretendo pôr nos ombros dos professores a culpa da atual situação do ensino público.
Não seria justo!
A intenção aqui não é questionar a dedicação dos professores.
Nada disso!
Existe, todavia, uma boa dose de culpa a qual os professores da escola pública devem aceitar.
10- Na semana da consciência negra, as escolas públicas debatem o preconceito e ressaltam a falta de oportunidade dos negros.
Será que, após a semana, os professores não correm o risco de retomar a “normalidade”?
Será que não estamos seguindo a mentalidade branca o tempo todo, fazendo uma pausa hipócrita durante sete dias?
11- Como ousamos dizer alguma coisa aos nossos alunos?
Como podemos falar sobre preconceito e falta de oportunidade, se nós, eliminando somente uma semana, favorecemos a construção desse “apharteid”?
Os pobres e negros, que tanto dependem das nossas aulas, merecem ouvir uma tremenda conversa fiada?
Certamente afirmarão que os assuntos discutidos, nessa semana, são fundamentais, que não é papo furado.
12- Peço perdão, porém eu só aceitaria participar desse debate se nós estivéssemos dispostos a mudar o quadro da escola pública ruim.
Como? Desfazendo a má qualidade.
Precisamos já ofertar aulas maravilhosas, cumprindo todos os horários, evitando o enrola-enrola tão rotineiro.
É vital criar condições de colocar os nossos filhos para assistir as aulas que nós e os colegas oferecemos, não permitindo mais as diferenças estabelecidas entre as duas escolas.
Por que não praticar os discursos os quais criticam o racismo e a falta de oportunidade dos negros?
Enfim, apenas uma semana supostamente consciente não basta.
Um abraço!
Nos cárceres a maior parte dos presos é negra.
Na TV a imensa maioria das pessoas a qual aparece é branca.
A pobreza contempla muito mais os negros do que os brancos.
Os brancos prevalecem nos colégios particulares.
A enorme presença dos negros nas escolas públicas é incontestável.
Dessa forma a fama, o poder e a influência “abraçam” os brancos.
Podemos, então, concluir que as nossas opiniões e atitudes apresentam a cor “branca”.
Conforme os brancos desejam, moldamos idéias e ações.
Daí é prudente deduzir que a arte, ciência, história e literatura a qual conhecemos possui a “cara” dos brancos.
Vale a pena não esquecer isso!
2- “Joaquim Barbosa, um negro, alcançou um alto posto, Ilmar.”
Se nós estivéssemos habituados a ver os negros alcançando posições elevadas, nada comentaríamos sobre o êxito de Joaquim Barbosa.
Raramente nós verificamos os negros no poder, exercendo influência ou suscitando excelentes notícias.
Nunca deveríamos dizer “Um homem negro chegou lá.”
Sempre deveríamos dizer “Um homem talentoso chegou lá”.
Se o indivíduo é branco ou negro, não tem importância, entretanto o detalhe da “cor” costuma ser relevante.
3- Sobre a educação, há mais negros nas escolas públicas, portanto os pobres estão compondo as escolas que o governo oferece.
Os ricos ocupam, salvo as exceções, os colégios particulares.
Por que os ricos preferem o ensino particular?
Porque a qualidade da escola pública é precária.
Mergulhando nesse “mar” reflexivo, veremos alguns absurdos os quais despertam inquietação.
Os alunos da escola pública diferem dos alunos da escola particular?
4- A capacidade é igual.
Ambas as instituições apresentarão o mesmo perfil de alunos, ou seja, haverá os interessados, os dedicados, os relaxados, os preguiçosos, os brincalhões, os geniais.
Virtudes e defeitos não desprezam um ou outro aluno.
Quanto ao estímulo, a possibilidade de desenvolver e a estrutura que os dois alunos encontram, no entanto, há uma desigualdade abismal.
5- O estudante da escola particular tem salas de informática, vem de casa bem alimentado, não precisa trabalhar, assiste ótimas aulas, não possui horários vagos, o ambiente das aulas é refrigerado, pode contar com um reforço extra quanto aos conteúdos...
O estudante da escola pública não tem salas de informática, vem de casa torcendo para saborear a merenda, precisa trabalhar, algumas aulas que assiste não são legais, lastima os horários vagos, o excessivo calor das salas atrapalha bastante, ele nunca conta com um reforço objetivando ajudar na compreensão dos conteúdos...
6- Qual é a diferença dos professores das duas escolas?
Nas duas escolas há professores brancos e negros.
Na escola particular, o professor encontra o material necessário, salas arejadas e pode trabalhar sem obstáculos.
Na outra escola, a escola dos negros e pobres, falta material básico, as salas não auxiliam o professor na concretização de boas aulas, existem mil obstáculos (insegurança, maus hábitos que a família deixou ganhar força, falta de assiduidade, alunos que estão muito aquém da sua série, impossibilidade total de executar o programa etc.).
7- Na escola particular, o professor precisa acompanhar à risca o roteiro proposto pela direção a qual anseia por garantir o dinheiro dos pais.
É fundamental que os ricos continuem matriculando os filhos lá.
Na escola pública, o professor fica muito à vontade.
Os pais não possuem nenhuma voz ativa.
O salário pago aos professores da escola pública permite, se ele soma dois ou três turnos, pagar a escola particular do filho.
8- Compreenderam?
Os professores da escola pública jamais colocariam os seus filhos no colégio no qual ensinam, mas conseguem pagar a escola particular dos filhos aproveitando o salário que recebem.
A escola pública é uma porcaria, por isso nós não queremos nossos filhos matriculados lá.
Essa péssima escola pública dá um salário o qual, com muito esforço, permite que seus professores paguem a escola particular dos filhos.
9- Pode?
Claro que não pretendo pôr nos ombros dos professores a culpa da atual situação do ensino público.
Não seria justo!
A intenção aqui não é questionar a dedicação dos professores.
Nada disso!
Existe, todavia, uma boa dose de culpa a qual os professores da escola pública devem aceitar.
10- Na semana da consciência negra, as escolas públicas debatem o preconceito e ressaltam a falta de oportunidade dos negros.
Será que, após a semana, os professores não correm o risco de retomar a “normalidade”?
Será que não estamos seguindo a mentalidade branca o tempo todo, fazendo uma pausa hipócrita durante sete dias?
11- Como ousamos dizer alguma coisa aos nossos alunos?
Como podemos falar sobre preconceito e falta de oportunidade, se nós, eliminando somente uma semana, favorecemos a construção desse “apharteid”?
Os pobres e negros, que tanto dependem das nossas aulas, merecem ouvir uma tremenda conversa fiada?
Certamente afirmarão que os assuntos discutidos, nessa semana, são fundamentais, que não é papo furado.
12- Peço perdão, porém eu só aceitaria participar desse debate se nós estivéssemos dispostos a mudar o quadro da escola pública ruim.
Como? Desfazendo a má qualidade.
Precisamos já ofertar aulas maravilhosas, cumprindo todos os horários, evitando o enrola-enrola tão rotineiro.
É vital criar condições de colocar os nossos filhos para assistir as aulas que nós e os colegas oferecemos, não permitindo mais as diferenças estabelecidas entre as duas escolas.
Por que não praticar os discursos os quais criticam o racismo e a falta de oportunidade dos negros?
Enfim, apenas uma semana supostamente consciente não basta.
Um abraço!