NADA A COMEMORAR

O ex-presidente Lula quer falar. O que ele teria a dizer agora. Dirá aquilo que todos sabiam desde o começo, e só ele não? Apenas uma coisa merecia comemoração. Ouvir Lula dizendo que sabia de tudo. Confessando a verdade. Pedindo desculpas.

Estamos prestes a ouvir também um “ufa!” do STF (Supremo Tribunal Federal). Aquele “ufa!” enganador de dever cumprido. Fica a impressão que nossos juízes fizeram algo de histórico, extraordinário e grandioso, quando na verdade, não foram além da obrigação. Já estão cansados, e a limpeza nem começou. Varreram apenas a sujeira da varanda. Muita dessa sujeira, infelizmente para debaixo do tapete.

Desde jatinhos buscando presos com todo o conforto, estamos prestes a descobrir uma nova forma de prisão. Aquela em que uma parte dos mensaleiros condenados vai brincar de estar preso. Logo alguém perguntará: Onde estão as grades? E a sociedade sofrerá um novo estupro político. Mesmo “presos” eles podem tudo.

Ou assistir comédias com atores medíocres e hipócritas, com tipos como José Genoino e José Dirceu. No lugar de representar o papel de heróis e presos políticos em pleno governo petista, os dois ficariam ótimos na caricatura de múmias. E apagadas da nossa História. Eles podem ser heróis em Cuba.

E surgem as perguntas. A BBC de Londres pergunta se o Brasil passará no teste. No primeiro teste passamos. O problema é, com que nota. Estamos longe de uma média cinco. Muitas décadas ainda se passarão, antes que a corrupção deixe de compensar. E muitas outras, até que seja normal prender os corruptos.

Em artigo publicado no jornal A Folha de São Paulo, Ricardo Melo, que na juventude foi dirigente estudantil, pergunta por que os petistas estão presos e Paulo Maluf não. Uau! O que abre caminho para outra pergunta interessante. Por que o PT se aliou a José Sarney, Collor de Mello, Renan Calheiros e Paulo Maluf em São Paulo? Todos eles corruptos e execráveis quando o Partido dos Trabalhadores era oposição.

Não deveríamos comemorar uma exceção que deveria ser regra. Desde as infindáveis discussões até a prisão dos primeiros réus, descobrimos centenas de falhas e atalhos nas leis brasileiras. O que permite se safar com facilidade. Até fugir. É inadmissível que as leis do país, possibilitem uma opinião diferente de cada juiz da Suprema Corte.

Todos esses acontecimentos recentes colocaram a sociedade brasileira em cheque. A pergunta da BBC de Londres cabe também aqui. Será que passaremos no teste de não votar em partidos corruptos. Seria um bom começo. Ou seremos reprovados como sociedade politizada. Quase cúmplices dos “heróis” mumificados, coadjuvantes da indignação.