Um Remédio Para a Solidão

A solidão parece ser um mal sem cura para quem padece de suas agruras.

Estar só, apesar da multidão, da luminosidade ruidosa das grandes cidades, acaba por ser um problema sem solução.

O ser humano busca a companhia de outros nas grandes aglomerações , e acaba por encontrar a solidão, o vazio, uma falta que não é preenchida por coisa alguma.

A dor de estar só é aguda.

Vão-se os amigos, os filhos, os anos, a vida. Vão-se os sonhos e os projetos juvenis. Nem por isto se desiste desta procura indefinível, incompreensível, como se, no fundo de si ,houvesse uma esperança maior por um encontro misterioso.

O que se busca é ser feliz. E não há felicidade sem conhecimento.

Sonha-se com a fortuna, realizações intelectuais, um grande amor. Depois que tudo chega e passa, persiste um vazio traduzido por uma única palavra: solidão.

A sabedoria coloca o ser humano frente a si. Um "si mesmo" estranho e distante; a companhia que faltava, o amigo ausente, a esfinge indecifrável que cada um carrega consigo.

Ninguém pode ser feliz na solidão; e nem a transpõe, se não chega a ser amigo de si , a se conhecer e superar suas condições.

A solidão é uma falta. E o que falta é o que não se conhece, se ignora. E para que se chegue a saber o que não se sabe, será necessário unir-se a quem procure resolver a mesma questão; e a fundamental não é o ter, senão o saber, que "vincula, irmana e une".

O remédio para a solidão faz parte de uma receita simples e humana ,que cada um haverá de encontrar nas profundezas de seu íntimo sentir.

E como a criança , que nos mínimos aconteceres encontra motivos de interesse e alegria, deverá o ser adulto, como aprendiz, revivê-la ,para que não envelheça pelo tédio e o vazio, sinônimos da depressão.

"Sejamos como os rios que renovam constantemente suas águas", disse certa vez o pensador González Pecotche. E renovar as próprias águas significa deixar de ser o que se é, para ser o que se pretende: mais humano, feliz e dono do destino.

Saibamos escrevê-lo e liberar-nos das duras palavras impostas, as quais pretendem nos subjugar num futuro sem esperanças.

Nossas vidas devem ter um significado maior.

Nagib Anderáos Neto

neto.nagib@gmail.com