MOVIMENTO E ESPIRITUALIDADE

No começo de tudo, as coisas acontecem lentas. A gestação é demorada, o andar inicial é trôpego, ir à escolinha é um acontecimento, brincar com os amiguinhos é prazeiroso e demorado também.

O ensino básico é interminável, o médio idem. Um dia de trabalho é muito, a semana é longa, a vida não passa, como fazer dezoito anos fica longe!

Espera , opa ! Vestibular, namorada, automóvel, filmes, teatro, competição, lazer, nossa! Quanta coisa ao mesmo tempo!

Aniversários, 18, 19, 22, 26, formatura! Emprego bom, imposto de renda, compromissos com a comunidade, os amigos, os amigos! Churrasco, futebol, viagens, férias, pós graduação assoberbados então.

Por volta dos 30 anos, vem o compromisso com a casa própria ou aluguel; o casamento e seus "ingredientes”; o carro novo, a viagem inesquecível, haja dinheiro!

Quando se vê, 40 anos. O plano de saúde que começa a subir, os filhos crescidos e destemidos começam a viver e perceber a roda viva do existir, lá se foi a lentidão gostosa dos primeiros anos. Aquí começam a perceber o caminho percorrido pelos pais.

Então 50 anos, começa-se uma nova corrida - gostosa! - observar , incentivar e colaborar para a concretização dos sonhos e necessidades dos filhos crescidos! Cuidar mais da própria saúde, afinal, a rodagem já é grande.

Bem, tudo está - dentro do possível - certo, cronologicamente correto. A vida acontecendo, primeira geração (a nossa) passa pelas provas; a segunda ( os filhos) caminhando muito bem e a terceira é motivo de alegria - o começo - com sua inocência e poucos compromissos.

Claro, agora já passaram 51, 54, 57, todos nós nessa faixa, sabemos que estamos ficando SEX...sexagenários! Aquela suavidade e lentidão dos primeiros anos de vida, foram engolidas num piscar de olhos, dos 20 aos 50 parece que não foram 30 mas sim 3 anos.

Temos agora aposentadoria, plano de saúde caríssimo, e o perigo da inutilidade pois é ela que pode nos tirar a vida.

A inutilidade leva à depressão, às "síndromes" e até nos mata. Porque inutilidade?

Porque quando solicitados pela vida, corremos muito, demos conta de tudo, fomos super, fomos heróis de tudo e de todos (claro que aqui falo de amor). Nos viciamos em ser perfeitos, previsivelmente bons e agora podemos nos tornar inúteis para essa engrenagem.

As empresas não precisam tanto de aposentados - se bem que parece que está havendo alguma mudança -, os filhos estão focados nas suas demandas, pois estão no meio do caminho já percorrido por nós, os netos precisam aprender a nadar, precisam se conectar, precisam falar mais um idioma o quanto antes, precisam...precisam...

A solução para nós é parar de encanar, de ensimesmar-se, de pensar muito parado, sem sair do lugar.

Vamos pensar em duas palavras bacanas e pensar no significado: "ócio criativo".

Se não sabemos ou não fazemos ainda, podemos aprender a nadar, desenvolver o interesse pela leitura, fazer caminhadas, conhecer os museus, os teatros e olhem que tudo isso está à nossa disposição a custos baixos, é só procurar! Podemos também ser voluntários, pois tem muita gente deficiente, doente ou abandonada, precisando de "um olhar".

Assim, nos livramos da depressão, das "síndromes", porque como disse na música o inesquecível Raul Seixas: "Não Pense Que a Cabeça Aguenta se Você Parar".

O QUE PARECE SER O FIM PODE SER APENAS O COMEÇO, DEPENDE DE CADA UM.

O segredo está no MOVIMENTO.

Esse movimento representa subir um degrau a mais rumo à ESPIRITUALIDADE.

VOCÊ, NÓS, NINGUÉM MORRE, DEUS É PERFEITO!

SAÚDE!!!

EDSON LEITE - 18/10/2013.