ME AJUDE POR FAVOR!

ME AJUDE POR FAVOR...

Ajudar vai muito mais além do que um simples verbo transitivo direto. Confúcio disse que “De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos”; já Abraham Lincoln afirmou: “Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar”!

O verbete “ajudar” tem conotação direta em auxiliar, assistir, socorrer, facilitar... Já quem é ajudado, automaticamente faz-se valer, faz-se servir de algo que beneficia uma ocasião carente, desprovida de uma solução.

Querer ajuda é comum; o que não é nada comum é dispor-se a ajudar; e quando suscitamos a oportunidade de poder ajudar, via de regra, julgamos precipitadamente o mérito. Se fosse em linguagem jurídica, diríamos se tratar de uma liminar. Aquele que requer ajuda, em geral passa pelo crivo de análise direta se há merecimento; e isso é uma incongruência humana, pois deveríamos ajudar a qualquer um, sem ao menos olhar quem o é. Isso faz bem à alma e para os crédulos de Deus, trata-se de princípio divido; uma regra infligida pelo Criador para crescimento mutuo.

Certa vez, numa noite de 24 de dezembro; um casal de atores se travestiu de mendigo e ela, visivelmente grávida, saiu de porta em porta solicitando auxílio para aquela noite, pois havia a suspeita de que o bebê nascesse a qualquer momento. Nas várias casas que eles pediram ajuda, todos ceavam ou preparavam a ceia da noite de natal; um marco em que se atribui o nascimento de Jesus Cristo, que viera ao mundo em completa necessidade humana; e que segundo consta em livros bíblicos, nasceu num estábulo, porque não tivera uma casa descente para abrigar sua mãe grávida.

Aquele casal de atores tocou a campainha de pelo menos 20 casas; e nenhuma destas lhes ofereceram mais do que alimento. Mas por que lhes ofereceram alimentos, se eles não disseram que estavam com fome? O que o casal deixou bem claro é que ela estava grávida e precisava de um lugar confortável para ter a criança...

Todas as famílias que atenderam o casal, primeiro prejulgaram QUE NÃO ERA UMA ATRIBUIÇÃO DELES, ACOLHER AQUELE CASAL; depois, visivelmente ficaram com medo de que fossem vigaristas; e em um terceiro plano, mesmo que ninguém tivesse a coragem de confessar, nenhuma família quis atrapalhar o regozijo de suas festas com a chegada de intrusos tão maltrapilhos. Por sorte, era atores e de fato eles não precisavam de ajuda para a gravidez, salvo em contrário, a criança poderia não ter a mesma sorte que segundo consta, teve Jesus Cristo...

Muitos falam no presente do indicativo: eu ajudo, mas o mais engraçado é que o “ajudar” da maioria das pessoas, quase sempre faz sentido a algo que amacie sua própria consciência e nunca em fatos que exigem ajuda verdadeira. Eu já ouvi de muitas pessoas algo do tipo: - Eu ajudo os cegos a atravessarem a rua ou ajudo anciãos com dificuldade de locomoção. Isso é ajudar? Claro que não! Isso é obrigação de todos! É o mesmo que se autor afirmar honesto, porque paga suas contas todas em dia...

Quando há uma decepção ou extenuação pessoal, muitos elevam ao pretérito imperfeito do indicativo: eu ajudava ou eu ajudei. Na conjugação mais-do-que-perfeito do indicativo, eu ajudara, também se relaciona aos que adoram afirmar por mero engrandecimento; e no futuro do pretérito do indicativo, eu ajudaria; é uma ressalva para os que não querem fazer nada...

Tem os que fazem pactos diante dos outros; e neste caso, costumam conjugar no futuro do presente do indicativo, EU AJUDAREI; em geral cai no esquecimento e os louros não passam da hora da promessa.

No presente do subjuntivo, que eu ajude; é uma espécie de peneira, quando temos a necessidade de escolher quem é que deve ser ajudado; e no pretérito imperfeito do subjuntivo, se eu ajudasse, espera-se naturalmente que os efeitos sejam evidenciados antes mesmo da ajuda; como se cobrasse uma promessa de recompensa, acaso se concretize o subsídio; quase a mesma coisa do futuro do subjuntivo, quando eu ajudar...

Egoístas e insensatos gostam mesmo é do imperativo afirmativo, ajuda tu; já os ausentes de emoção e os negativistas, estes gostam do imperativo negativo, não ajudes tu; enquanto que todos teríamos que conjugar no infinitivo pessoal, por ajudar eu; com certeza todos sentir-se-iam muito mais felizes, leves...

Na minha infância conheci muita gente obstinada na causa da ajuda, como a beata Irmã Dulce, que despojou-se de toda sua riqueza para ajudar mendigos e graças a sua luta incansável, construiu sozinha um hospital de referência, um dos maiores da Bahia. Viveu e morreu pobre, mas orgulhava-se de sempre pedir a Deus, mais forças, para permanecer ajudando a quem precisasse dela...

A ajuda nem sempre enlaça o tema DINHEIRO. Agora mesmo, eu posso pedir ajuda a alguém para terminar este texto; posso também pedir um ombro amigo para ouvir minhas lamúrias e me aconselhar a viver melhor; posso pedir ajuda para aproximar-me de pessoas pelas quais o destino as distou do meu convívio; enfim, ajudar é amplo e magnífico; e tenha certeza de quem ajuda de coração, sem esperar a recíproca, em geral a recebe sem saber, porque este tipo de ato faz nossa vida melhor.

De agora em diante, quando vires alguém necessitando de ajuda, preste-a o auxílio necessário; mesmo que este socorro não resolva o problema dela; e se não puder ajudar, por favor, NÃO ATRAPALHE!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires. Autor do Blog Crônicas do Imperador www.irregular.com.br

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 01/11/2013
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