NOTAS DE LEITURA * 7- Ambrosia, de José Geraldo Neres
1.
Ensaiei estas notas de leitura com a exclusiva finalidade de divulgar a minha opinião. Não tenho a pretensão de ser um experto seja naquilo que for. Sou um cidadão comum, que reclama o direito a ter opinião. Opinião relativa sobre tudo e sempre disponível para cotejá-la com as demais, no interesse de encontrar, na pluralidade, a singularidade que se pretende.
Conheço muito superficialmente o poeta José Geraldo Neres e a sua poesia. E digo-o com mágoa, pois o desconhecimento absoluto ou relativo não pode satisfazer seja quem seja.
Oxalá esta minha nota determine uma aproximação efectiva deste poeta e de outros de quem estou também distante. No universo da Literatura, como nos demais, a distância impossibilita a criação e o fortalecimento de laços. E, aqui, não me refiro à distância física, mas à distância intelectual . As novas tecnologias do longe fazem perto. Que assim seja, doravante.
Situando-me neste intróito, passemos à ambrosia de José Geraldo Neres.
2.
O título da colectânea de poemas não é inocente nem obra do acaso. E o poeta decidiu explicitar quanto afirmo, prevenindo alguma leitura menos atenta, nos termos que considero indispensável registar nesta nota: Ambrosia ou licor que conferia a imortalidade a quem o bebesse; dizem os brâmanes que pela posse desse maravilhoso licor houve grandes lutas entre os bons e os maus gênios. Mitologia Indiana. Fonte de pesquisa: "Diccionário das Mitologias Européias e Orientais", de Tassilo Orpheu Spalding.
Sem dificuldade, suponho eu, o leitor percebe que José Geraldo Neres situa-se e situa os poemas reunidos na colectânea. Estamos no mundo maravilhoso da fantasia, quiçá a outra face da realidade quando o Homem faz do sonho o objectivo a alcançar. Exactamente por isto mesmo, o grande poeta português António Gedeão afirma, na sua Pedra Filosofal, que "sempre que o Homem sonha, o Mundo pula e avança".
3.
A colectânea é constituída por nove (9) poemas. Olhando-os, verifico que o poeta ignorou quaisquer determinações da versificação. O que digo é tão-somente uma verificação, que em nada afecta a colectânea ou a minha apreciação dos poemas. A versificação é um método de escrita, tão válido como qualquer outro. E não são os métodos que fazem acontecer poesia...
O primeiro poema, o único que surge sem título, será nuclear e dele partem ou me parece que partem todos os subsequentes.
Os poemas nivelam-se em qualidade e neles há versos preciosos. A linguagem é contida e muito expressiva. A beleza e a clareza caminham de mãos dadas rumo à poesia.
Não conhecer esta colectânea será ficar-se mais pobre. Ler e reler estes nove (9) poemas é um prazer.
Grato, poeta, porque me concedeste o privilégio de te ler.
Lisboa, 10 de Julho de 2004.
José-Augusto de Carvalho