ORIGEM DOS ÍNDIOS BRASILEIROS

INTRODUÇÃO

Essa é questão que, assim como a origem do homem, ainda está longe de ser respondida de forma definitiva. Os esforços nesse sentido alcançaram progresso, pois primitivas hipóteses vêm sendo substituídas por hipóteses cada vez mais consistentes e apoiadas por dados empíricos.

Mais adiante abordaremos como os que aqui chegaram responderam a origem do índio brasileiro e logo a seguir vamos enumerar algumas hipóteses ultrapassadas as quais não terão outro objetivo a não ser ilustrar o desenvolvimento dessas respostas.

É evidente que o desenvolvimento sofrido por essas respostas foram e continuarão sendo provenientes do trabalho daqueles voltados a respondê-la, bem como, de um modo mais geral da evolução do pensar humano e o consequente desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Os profissionais envolvidos a responder a origem dos povos são o Antropólogo Físico; o Arqueólogo; e o Etnólogo cujos trabalhos interagem. Além disso, esses profissionais têm seus trabalhos complementados por atividades específicas de paleontólogos, geneticistas, geógrafos e linguistas.

O desenvolvimento dessas respostas com o passar dos tempos deixa claro que descobertas significativas nas áreas envolvidas podem gerar novas argumentações, que tornam ultrapassadas respostas anteriormente dadas.

A RESPOSTA DOS DESCOBRIDORES

Ao chegarem, os colonizadores portugueses tiveram muitas dificuldades para encontrar resposta à origem dos índios. Pois, essa resposta teria que estar dentro de seu sistema tradicional de explicação do mundo, no qual a narrativa bíblica era a explicação.

Julgavam que caso os índios tivessem origem sem ligação ao Velho Mundo, equivaleria entendê-los como não descendentes de Adão, ou seja, não homens.

Nessa condição seria perfeitamente aceitável e permitido explorar de todas as formas os nativos. Aliás, foi justamente o que aconteceu, mesmo depois da intervenção em 1537 do Papa Paulo III que, por meio de a Bula Veritas Ipsa, proclamou a humanidade dos índios.

DIVERSIDADE DE RESPOSTAS

ILUSTRAÇÃO COM ALGUMAS TESES

A partir do Século XVI começaram a surgir respostas sobre a origem dos índios brasileiros.

Dessas hipóteses, as dos antropólogos físicos, dentro da diversidade de características biológicas das populações, ou davam foco as características comuns e para procurar uma origem única, ou focalizavam as diferenças para concluir sobre origens diversas.

Julio Cezar Melatti em seu livro, “Índios do Brasil”, ilustra essas tendências com duas hipóteses: a de Hrdlicka, que considera como origem única dos índios americanos, as populações da Ásia Oriental, cujos representantes teriam chegado às Américas através do Estreito de Bering; e a de Imbelloni que admite como origem sete tipos humanos distintos. Desses alguns entraram pelo Estreito de Bering e outros pela Terra do Fogo.

Nesse período surgiram as hipóteses mais diversas vamos enumerar algumas de forma muito sintética:

a) No final do século XVIII o etnógrafo Joseph Guignes afirma descender os índios brasileiros diretamente dos chineses;

b) Em 1842 o pai da arqueologia brasileira, o dinamarquês Peter Wilhelm Lund, com base em estudos em uma das ossadas recolhidas em mais de 200 cavernas de Minas Gerais, o homem fóssil encontrado na Lagoa Santa, concluiu serem as ossadas encontradas como as mais antigas do mundo. Até certo ponto fortalecia a tese do padre, historiador, etnógrafo e arqueólogo Brasseur de Bourbourg que, anos antes afirmara que o homem americano é que dera origem aos outros povos;

c) Em 1850, quando da publicação de sua “História do Brasil” o historiador Francisco Adolfo Varnhagen defende a tese de que a origem de nossos indígenas eram os cários;

d) Em 1876 o historiador Onfroy de Thoron publicou um tratado em Manaus onde defendia a tese de que os índios brasileiros tinham origem nos marinheiros bíblicos de Salomão;

e) Achamos importante o registro por Platão em 350 a.C de imensa ilha, Atlântida que o filósofo situou ao longo da costa da Europa e do norte da África, a oeste do estreito de Gibraltar, que teria sido centro de grande império. Cabe aqui ressaltar que muito antes de Platão em religiões antigas e em escolas iniciáticas existiu e continua existindo essa afirmação. Essa tese foi descartada porque geólogos e paleontólogos demonstraram que continentes e mares já tinham essa mesma configuração atual à época do surgimento do homem.

A PRIMEIRA TEORIA COM GRANDE ACEITAÇÃO

Indica como origem dos índios brasileiros grupos de Homines Sapientes há aproximadamente 14 milênios.

A Ásia era uma região gelada na Idade do Gelo. Nessa época existia imensa cobertura de gelo Interligando Ásia e América do Norte no Estreito de Bering. Facilitada a migração pelas pistas geladas, povos asiáticos atravessaram as geleiras e chegaram a território americano, onde hoje é o Alasca.

Com o fim da Idade do Gelo aquela grande cobertura de gelo derreteu e abriu-se o oceano que separa hoje o Continente Asiático do Americano, impedindo novas migrações e separando definitivamente a população que ficou na Ásia da que migrou para a América. Como não havia alternativa, essas pessoas continuaram migrando, ao longo de milhares de anos, rumo ao sul, saindo da América do Norte e povoando a América Central e a América do Sul.

Esses grupos de Homines Sapientes teriam chegado à América pelo atual estreito de Gibraltar, outrora pradaria de Beríngia. Essa teoria ajudou estudiosos estadunidenses concluírem como sendo o sítio de Clovis no Novo México o lugar onde se originou a cultura mãe de toda América, há 13.2 milênios.

O Estreito de Gibraltar é uma separação natural entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, e entre dois continentes - Europa e África. Através do Estreito de Gibraltar ocorre o intercâmbio de águas entre o Atlântico e o Mar Mediterrâneo.

Entretanto, surpreendentes descobrimentos efetuados na América do Sul, como os achados em Pedra Museu (em Santa Cruz, Argentina, de 13 milênios), em Monte Verde (no Chile, de 33 milênios) e, sobretudo, em Pedra Furada (Piauí, Brasil, de 60 milênios), fazem pensar em outras teorias para explicar a origem da população da América. Esses achados, também levaram à conclusão de que o Homo Sapiens veio primeiro à América do Sul e, só depois de vários milênios, à América do Norte.

Assim, essa teoria inicial de grande aceitação necessitava de ser complementada com outras.

TEORIAS COMPLEMENTARES

Teoria Africana

Yuri Leveratto em seu artigo, divulgado na internet – yurileveratto.com, afirma: “a teoria africana, está suportada nos descobrimentos de Pedra Furada, no Piauí (Brasil), estudado pela arqueóloga Niede Guidon”.

Essa arqueóloga administra o Museu do Homem Americano situado no município São Raimundo Nonato, Piauí. Com base em análises em materiais lá encontrados afirma: “outras análises que se fizeram utilizando o método da termoluminiscência provaram que tem havido assentamento humano neste lugar desde há 100 milênios”.

E, com base nesses estudos acrescenta em entrevista dada a Yuri Leveratto: “os antigos habitantes daquela região eram homens Sapiens arcaicos e vinham diretamente da África”. E continua: “Em minha opinião, o Homo Sapiens saiu da África faz 130 milênios. Como se sabe, o continente antigo já havia sido colonizado pelo Homo Erectus, mas o Sapiens o suplantou e se dispersou por todo o planeta (exceto pela Antártida). Alguns deles se dirigiram em direção a Ásia e Europa, enquanto outros, provavelmente pescadores, foram arrastados pelas correntes e chegaram a América do Sul, empurrados pelos ventos alísios”.

Essas hipóteses foram sustentadas pelos investigadores do departamento de Genética e Biologia Evolutiva, da Universidade de São Paulo, Walter Neves e Danilo Bernardo , que identificaram, nos crânios encontrados no Piauí, o tipo humano Sapiens arcaico (presente na África desde há 130 milênios).

Teoria Australiana

Propõe que alguns grupos de Sapiens Australóides, chegaram a América desde Austrália há 6 milênios e, assim como nas hipóteses anteriores migraram para terras brasileiras.

Essa teoria é sustentada pelo linguista italiano Alfredo Trombetti, que demonstra com provas filológicas as surpreendentes afinidades entre idiomas próprios de etnias patagônicas com línguas australianas.

Em 1998, técnicas de reconstituição permitiram vislumbrar a face da jovem encontrada em Lagoa Santa, denominada Luzia. A face reconstituída de Luzia lembrou os aborígenes da Austrália.

Teoria Polinésiana

Existe teoria sobre a origem do nativo americano que sugere grupos da Melanésia e a Polinésia. Essa teoria é sustentada por provas antropológicas, etnográficas e linguísticas. Apesar de os estudos concluírem por semelhanças a alguns povos da América do Sul, como Bolívia, Colômbia e Equador e não citarem o Brasil, encontramos em nossas pesquisas o fato a seguir que tem relação com essa teoria.

No Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro existiam guardados crânios antigos de uma linhagem extinta de índios brasileiros chamados botocudos (ou aimorés).

Pesquisadores, em busca de pistas sobre o povoamento das Américas, ao vasculharem o DNA mitocondrial desses índios por meio de análises genéticas realizadas nesses crânios, encontraram algumas marcas genéticas características de povos polinésios, das ilhas do Pacífico.

Para justificar a dificuldade de esses povos chegarem à América do Sul argumentam: os polinésios foram sempre excelentes navegadores e poder-se-ia admitir que tenham navegado de uma ilha a outra, provavelmente saindo de Nova Guiné.

CONCLUSÃO

Apesar de existirem hipóteses, consideradas exóticas, de que os outros povos é que teriam sua origem no índio americano, a maioria parece concordar que a origem do índio brasileiro é externa e múltipla.

É possível constatar que, à medida que novas descobertas mais antigas acontecem, bem como novas conclusões de estudos são apresentadas, outras hipóteses surgem com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Quem nos permite compreender essas questões é a antropologia, a etnografia, a linguística e agora também a genética, por meio da qual no futuro se poderá decifrar todo o genoma de muitos indígenas brasileiros.

O desaparecimento de muitos grupos indígenas brasileiros impede o conhecimento maior sobre a origem da matriz Brasil.

FONTES:

Livro: Índios do Brasil – Jullio Cezar Melatti

Sites:

blogs.estadao.com.br;

brasil500anos.ibge.gov.br;

consciência.org;

genealogiahistoria.com.br;

lagoasanta.com.br;

yurileveratto.com; e

wikipedia.org.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 30/10/2013
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