UM CASO MEDIÚNICO
Durante o mês de setembro, justo o que marca os oitocentos anos de um dos maiores ataques genocidas da história (o que descobri posteriormente, de vez que nada, ou quase nada conhecia até então do termo 'cátaros', e os acontecimentos trágicos da tentativa do seu extermínio pelas Cruzadas mobilizadas pelo poder católico medieval) esta palavra, cátaros, principiou a ser "assoprada" na minha audição interna, por meu atual parceiro na transmissão de livros mediúnicos, sem que eu compreendesse bem o que estava acontecendo. Sei que, em decorrência disso, gastei uns dias metida numa espécie de obsessão em ouvir meus cds do projeto Era, do francês Eric Lévi, de quem ouvira certa vez menção por alto de ser, ele, e os integrantes deste grupo musical, adeptos, ou simpatizantes, do Catarismo. Mas até então, meu conhecimento disso acabava aí.
Em simultaneidade, imagens oníricas começaram a povoar minha mente durante estes períodos de relaxamento e semi-desligamento do espírito, em estados de devaneio que, literalmente, me lançavam n'outra dimensão, fora das agitadas tribulações do dia-a-dia. Via-me trajando roupas claras, despojadas demais, de pés no chão. Muito mais jovem, talvez, e, estranhamente, também cantando. Imergia numa mistura confusa de bem-estar com melancólica nostalgia. E, de entremeio, parecia ouvir com nitidez aquela voz, à qual já me habituei desde alguns anos atrás, quando comecei a receber as suas obras mediúnicas - o espírito Iohan - o querido músico, habitante das esferas espirituais mais saneadas em torno do orbe: - "Catarismo. Cátaros! Preste atenção nisso! Interesse-se!"
Até que, em determinada altura, já enveredando pelo mês de outubro, e compreendendo que não conseguiria me livrar do clima peculiar de ordem espiritual que vinha me dominando, afinal cedi ao impulso que me arrastava à estranha afinidade pelo termo, como se o reconhecendo de algum lugar de dentro de mim mesma que não conseguia definir. Dei uma pesquisada por alto no Google, e um emaranhado de páginas a respeito, para minha surpresa, surgiram. Uma, dentre todas, atraiu de abrupto minha atenção: a que fazia menção a dois livros, chamados 'Os Cátaros e a Heresia Católica', do autor espírita Herminio C. Miranda, e 'Os Cátaros e a Reencarnação' - ao que, já surpreendida, e dominada de modo inevitável por aquele tipo de "faro" espiritual que já conheço de muitas outras ocorrências no trabalho mediúnico em parceria, abri o texto, que mencionava as obras de títulos tão formidavelmente sugestivos, de vez que a iniciativa de procurar saber sobre o tema obedecia à irresistível interação com um mentor desencarnado que, desde um mês antes, me arrastava de encontro à pesquisa que iniciava, todavia, sem jamais supor que logo o primeiro link apontaria para aquela faceta extraordinariamente afim ao cerne dos assuntos que desenvolvo na produção de livros espíritas.
Quanto mais lia, mais me espantava - acima de deparar os assuntos sobre reencarnação intimamente entranhados aos contextos cátaros, principalmente por identificar, em mim mesma, de família e princípios Kardecistas, uma radiografia fiel de toda a ideologia que abraçaram naqueles tempos distantes, na prática mais entranhada do meu cotidiano - de vez que, praticantes de um cristianismo que buscava resgatar suas origens, de resto, pregavam a reencarnação, a cura por imposição de mãos, e a interação direta com Deus prescindindo de intermediários, o que, diga-se, fora a razão pela qual enfureceram a Igreja Católica, ao ponto desta mobilizar o ataque brutal das cruzadas contra aqueles que denominaram hereges, mas que mais não eram que cristãos dos mais autênticos - apenas que tendo escolhido seguir os mesmos Evangelhos, repudiando frontalmente a ritualística, a pompa e o dogmatismo da Igreja Romana, já distanciada dos característicos e objetivos iniciais da missão sublime de Jesus, quando esteve entre nós...
Dentre tantos outros detalhes que, sem medo de incorrer em precipitação por algum impulso adolescente, identificaram-me de pronto como exemplar fidedigno de cátara reencarnada, fechei a pesquisa, praticamente em choque. Antes, havia descoberto alguns outros títulos importantes sobre o tema, mas, antes de me decidir a comprá-los, arriscando alguma mescla indutiva nas atitudes que tomaria a seguir, resolvi indagar de novo e diretamente do mentor amigo a respeito do significado daquilo tudo - que já intuía! - e que ele só fez confirmar, por intermédio do diálogo psicográfico mantido na primeira oportunidade, em momento suficientemente tranquilo do meu repouso noturno.
Fora, ele, como supunha, um cátaro? Queria, com aquela insistência em atrair minha atenção para o tema, indicar que deveríamos discorrer sobre isso n'alguma de nossas próximas obras? A resposta veio clara, direta: "Fomos!" - Frisou - "Fui trovador e cátaro” E, em contínuo, confirmou que pretendia narrar a respeito em obra ainda a ser iniciada, acrescentando algumas particularidades que, por ora, deixo de fora do conhecimento do leitor.
A narração da sucessão de minúcias diárias extraordinárias relacionadas a estas sensações sutis de ordem íntima, originadas na sintonia fina mantida com consistência intensa, inquestionável, para com este espírito, faria se estender demais o artigo. O objetivo, aqui, é narrar o fenômeno de ordem mediúnica maravilhoso, acontecido em seguida - talvez um dos mais efetivos que já me colheram ao longo dos anos, durante os quais me engajei na divulgação da doutrina espírita!
Sempre criteriosa, e incerta - como acontece com nosso lado racional buscando explicações para o que só se justifica e se mensura no universo das leis que regem as extensões da vida do mais além - saí de novo em pesquisas na internet que indicassem algum possível elo entre o termo "trovador" e "cátaro" - cuja resposta, novamente, eu antecipava, com a mesma audição de dentro com que ia identificando os vínculos de todas as peças presentes nestes acontecimentos extemporâneos. E, novamente enchi-me de encantamento!
Encontrei outro endereço virtual, onde se mencionava os muitos pontos em comum da poesia e da música provençal com o catarismo, e o fato de que era comum que os cátaros fossem trovadores!
Isto, apenas, me bastaria para apaziguar todas as inquietações pelo que acontecia, e para me convencer a adotar a sugestão insistente que o amoroso amigo desencarnado vem me sugerindo, paciente, como se desejoso de, a todo custo, me oferecer as certezas de que eu precisava. Até que, hoje cedo, o presente celestial definitivo caiu-me em mãos, na forma de um dos numerosos fenômenos de materialização já tão narrados na literatura espírita de últimos séculos, e que os nossos afeiçoados da invisibilidade sempre nos proporcionam em momentos chaves; em horas nas quais precisamos adotar rumos seguros na tarefa delicada de transmitir aos reencarnados as convicções da continuidade da jornada humana para além da matéria.
Apanhei de cima da mesa, antes de ir ao trabalho, o primeiro livro que acabava de adquirir sobre o catarismo, justo o aludido acima, de Herminio Miranda. Olhei a contracapa e, intrigada, julguei tê-la manchado com leve marca digital, mas, fixando a vista, mal consegui acreditar no que meus olhos viam!
Uma clave de sol, perfeitamente delineada em meio a estranho contorno acinzentado, era visível, nítida, perfeita, bem acima do termo "catarismo", grafado no texto de contracapa logo abaixo! Aparecera do nada, de um dia para o outro, pois até a noite anterior, em absoluto, não existira ali!
Era, portanto, a resposta visível materialmente; o sinal indiscutível oferecido pelo amigo amorável das esferas invisíveis, a fim de aplacar em definitivo todas as minhas hesitações, as últimas dúvidas!
Então, tudo devidamente esclarecido, "my dear*" Iohan! Fique eternamente com a minha gratidão, com o meu encantamento - com o meu profundo carinho!
E, mãos à obra!...
*my dear - termo carinhoso que Iohan sempre usa em suas mensagens psicografadas, de vez que foi inglês em muitas reencarnações anteriores.