Tempos medíocres
Sábado passado consegui convencer a Ju de ir ao cinema comigo, ver o filme “300”. Confesso que não foi tão fácil, pois até a logomarca do filme contém sangue escorrendo.
Quem esperava um épico, como “Gladiador”, se decepcionou, pois o filme é muito mais uma história em quadrinhos, do que um relato histórico da batalha espartana contra os Persas. Já eu, me deleitei vendo os desenhos de Frank Miller em movimento na telona. Quando os letreiros subiram minha frase pra Ju foi: - Obrigado por me acompanhar e desculpe por te trazer aqui.
Bem! Gostos cinematográficos à parte, saímos do cinema ainda digerindo o filme com seus litros e litros de tinta vermelha. Me lembrei do Big-Brother, dos campeonatos de futebol, das reuniões de trabalho. Me senti minúsculo diante dos 300 de Esparta, quando me lembrei que por trás de toda computação gráfica de Hollywood, aquilo um dia aconteceu de verdade.
Que época é esta que vivemos hoje? O que fazemos como seres-humanos? O que fazemos como cristãos? Vamos na igreja levantar as mãos e pedir um serviço melhor?
Os jovens são dispensados das escolas no período noturno pra ver o paredão do Big-brother. Os homens se vestem de espartanos covardes e vão para os estádios de futebol lutar pelo seu time. As mulheres acompanham preocupadas as inovações na área da estética. Os filhos estão em casa brincando de super-heróis ou estudando pro MBA. Enquanto isto na sala da Justiça, os governantes cuidam do Real, do PIB, do que for, menos de pessoas de carne-e-osso, que por sinal, estão arrastando e sendo arrastadas pelas ruas das cidades.
Hoje, vivemos nas mais profundas sombras, e o pior, achamos que estamos na luz. Vivemos certos de que estamos fazendo o certo, mas não estamos errando mesmo, simplesmente não estamos fazendo nada. Por alguns minutos abrimos os olhos da verdade e nos damos conta disto tudo, porém, chega a hora da novela, do brasileirão, da academia e tudo volta ao seu estado de mediocridade padrão.
E quem sou eu pra dizer tudo isto, pois ao terminar este texto fecharei meus olhos novamente pra continuar meu trabalho do dia, preocupado com as contas do mês.
Viva os 300 de Esparta, pois eles um dia viveram!