O homem e o seu deus

Sábado passado fui à praça Carlos Gomes com o Davi e o Vitor acompanhado pela minha mãe, graças a ajuda dela cuidando dos meninos, consegui desenhar aquelas estátuas que fazem parte das colunas do coreto, no centro da praça. Sempre gostei daquele semblante forte e sofrido que elas possuem. Muitas vezes imaginei Deus daquela forma, um semblante sério, forte, porém sofrido pelo tempo, pelo eterno tempo de sua história.

Mas esta não é a imagem de Deus, esta é a minha imagem de deus. Já estudei muito a Bíblia; o velho e o novo Testamento de Deus, onde estão contidas as revelações do "Eu Sou". Difícil é reunir todos estes textos e formar a imagem única deste Deus que por hora se revela, por hora se oculta de nós. Este abrir e fechar de portas divinos, nos faz criar imagens fragmentadas do mesmo Deus que, como diz o grande Paulo "vemos em partes, mas então veremos face a face".

Nestas inúmeras tentativas já criamos milhares de deuses, na verdade cada um cria o seu, por isso criei esta arte ao lado. Eu crio meu deus que me aceita ou me condena, me ama ou me odeia. Os ricos arrogantes criam o deus que os aceita assim como são, e os pobres o deus que os assiste mesmo na mais profunda miséria. Os religiosos o deus que os convêm a formar igrejas lucrativas e emburrecedoras de fiéis. Os cruzados, os xiitas e todos extremistas a criar o seu deus da guerra que os guia nas batalhas e nos suicídios em nome da fé.

O Cristo então, sem palavras, muitos o amam, muitos o idolatram, muitos o ignoram com respeito, outros o tratam com desdém, poucos porém, muito poucos, aprendem sua mensagem, suas palavras e sua obra. A mensagem de Deus se fez carne e habitou entre nós, como disse João, porém poucos se debruçam sobre suas palavras, preferem simplesmente adorá-lo ignorando sua mensagem de arrependimento, humildade e amor incondicional.

Hoje, muitas vezes, tenho vontade de entrar em qualquer igreja cristã, dizendo - Esqueçam Jesus, esqueçam o Cristo, lembrem-se que ele é apenas o Verbo que se fez carne. Atenham-se às suas palavras e a sua mensagem, pois ela pode transformar o mundo. Estas palavras contidas em quatro pequenos livros chamados de Evangelhos, nos permitem desenhar e pintar não a nossa própria imagem de deus, mas a única imagem de Deus. Como disse Gandhi, que nunca se dobrou aos pés de Jesus: "Se perdêssemos todos os livros do mundo e nos restasse apenas o sermão do monte de Jesus, nada estaria perdido".

Lucas Pedro
Enviado por Lucas Pedro em 17/04/2007
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