Transtornos alimentares e exercícios, os dois lados da moeda.
A cultura corporal na atualidade tem sofrido influências de diversos tipos de mídia colocando uma enorme pressão principalmente em jovens mulheres levando-as a rigorosas práticas para deixar o “corpo perfeito” como o exercício em situações extremas e levando-as a desenvolver transtornos alimentares na intenção de atingir um corpo ideal estereotipado.
A pressão pela boa forma física pode surgir desde a infância e pré-adolescência e permanecer por anos trazendo más conseqüências à saúde.
Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia e a bulimia nervosas, em ambas há uma distorção na maneira de enxergar o próprio corpo, no que diz respeito ao seu peso e tamanho, somado a isso um medo constante de engordar. Mas algumas diferenças caracterizam esses dois transtornos. Na anorexia o indivíduo (a) submete-se a longos períodos de jejum ou restrição alimentar, uso de inibidores de apetite, laxantes, diuréticos e atividade física exagerada. Há uma perda de peso importante, geralmente maior que 15% do peso ideal, além disso, outro sinal importante no sexo feminino é a presença de amenorréia (falta de menstruação) e diminuição da libido no sexo masculino em fator da pouca gordura corporal. A prevalência da anorexia nervosa é de 1% na população geral com 90% dos casos em mulheres.
Na bulimia há a indução de vômitos, uso de laxantes, diuréticos e inibidores de apetite, geralmente após um episódio exagerado de alimentação. Os pacientes com bulimia nervosa apresentam peso normal ou discretamente acima do normal. A prevalência na população geral pode chegar a 4%.
Levando-se em consideração o exercício físico, uma série de estudos avaliou que muitos indivíduos com esses distúrbios apresentavam práticas de exercício de uma forma inadequada e excessiva, com enormes prejuízos para a saúde, a “dependência de exercício” é um dos termos usados para descrever o problema. A imprecisão e os exageros na vontade de atingir uma imagem prejudicam o corpo.
O exercício físico excessivo é descrito por alguns especialistas como uma variante de um transtorno alimentar, uma vez que o quadro seria secundário, mais freqüente no sexo masculino, mas não deixando de acometer as mulheres.
Além da preocupação com a forma e aparência, em relação ao exercício, a atividade física funciona como um apoio psicológico para esses indivíduos, e, quando tais não conseguem se exercitar, seja por falta de tempo ou quaisquer outros empecilhos, se entregam com maior ênfase aos transtornos e em outro momento tentam compensar a atividade não praticada com extenuantes sessões de treino, podendo causar outros prejuízos para o corpo como fraturas por estresse, problemas musculares e articulares.
O outro lado da moeda é que os exercícios podem atenuar a gravidade desse quadro, desde que não praticado de forma excessiva, períodos de longos jejuns seriam descartados pela própria sensação de fome causada pela atividade, além dos resultados mais satisfatórios do que os causados por atividades extremas, o bem estar e o corpo mais bonito amenizariam os quadros de reincidência nos distúrbios, claro, aliados a uma alimentação balanceada e descrita por um profissional de nutrição, e um educador físico. A atividade física regular também traria uma satisfação psicológica, ao contrário da atividade física extenuante, que causaria maior estresse ao organismo de maneira geral.
Contudo, a positividade da atividade física em quadros de transtornos alimentares é bem vista pela sociedade médica, trazendo mais benefícios do que prejuízos desde que regrada.