Quando os alunos adolescentes terão paz?
Logo em uma sexta-feira 13 fui avisado de que aconteceria uma “Caminhada pela Paz”, com saída marcada para as 15 horas, com o sol a pino, promovida por amigos e parentes de vítimas da violência urbana, e que percorreria as principais ruas da cidade. Do Oiapoque ao Chuí virou mania pedir-se paz, e não é nada que mereça critica uma vontade de se obter paz. Ocorre que sendo tantas as caminhadas e gritos, o artigo vira tão comum que e se equipara a mercadoria de loja de um e noventa e nove, compra-se, mas sabendo que não vale nada! Houvesse uma única manifestação em cada cidade, trazendo o peso de participantes ilustres (não que todos não sejam ilustres, mas...), seria obtido um resultado, se não junto às autoridades omissas, mas pelo menos os bandidos veriam coragem de nas comunidades. E o que mais bandido teme é o olho no olho!
Cheguei a ter dó pós-morte das cinco vítimas da violência representadas na caminhada. Não havia vinte adultos, parentes ou amigos na caminhada, e ai sugere a pergunta; teriam tão poucos parentes e amigos? O grosso destas caminhadas são alunos da rede pública, literalmente forçados a sair com suas fardas e gastar seus calçados em hora de aula, sob um sol que lhes prejudica a saúde, e em alguns casos “ameaçados” de perder ponto caso não façam a adesão ao manifesto alheio! O interesse da paz, contra a violência é de comerciantes, empresários, autoridades, moto taxistas, e ainda de muitos sérios alguns advogados, nem todos! Um bom grupo de mal advogados torce pelo bandido para em nome do “direito de defesa” ganhar um bom trocado. Mas por que estes grupos representativos não levantam as bandeiras e as faixas? São bem mais fortes que crianças e adolescentes!
Na qualidade de jornalista com sessenta nos pelas cotas, quarenta e lá vai fumaça de profissão, operado do coração, diabético e etc., só caminho o necessário para anotar algumas ocorrências, e colher algumas imagens na minha câmara digital, o restante consulto os sites dos meus amigos, ou faço contato com os envolvidos no fato, e acho que ainda faço bem mais do que os novos colegas que copiam e colam textos sem ter ido ao local do crime, digo da caminhada! Antes eu gritava, mesmo que calado em frente ao teclado. Agora não tenho mais ânimo, afinal meu grito será abafado pelo silêncio de quem teria que ir às ruas e não vai, manda alunos da rede pública em substituição. E o pior não há como nas maratonas uma aguinha mineral para re-hidratar os minúsculos corpos.
Se alguém deseja gritar pela paz ou qualquer outro motivo, que vá com corpo, alma e espírito, e não fazer como uma determinada igreja que, tendo cerca de quinhentos membros, promoveu um circuito em que até jardim da infância estava representado, e podia-se contar em uma dúzia os membros presentes. Fosse pelo menos a metade ver como é bom andar sob o sol no asfalto quente em um percurso que medido dá uma légua! A passeata tomou um ar de risos quando umas adolescentes alunas distorciam a letra da música “paz, queremos a paz”, e daquele grupo que nem entendia ao certo porque ali estavam, ouvia-se “rapaz, queremos rapaz.” Manifesto é coisa de gente grande, vamos deixar os adolescentes alunos em paz, para que aprenda sobre ela com gente grande e em sala de aula.
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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi Bahia, e observa que se o comércio não fechar e os empresários aderirem a caminhada, os moto táxis não aderirem, igualmente as autoridades; vereadores, prefeito, promotores, juizes, policiais e etc. não forem juntos caminhar com a comunidade geral, é melhor cada um de nós rezar um “pai-nosso” que o pedido de paz será mais ouvido!