O STF PERDEU A AURA
Temos uma nova pizza à disposição. Criada num dos três poderes da nação, e por enquanto, disponível apenas em Brasília. Esse novo sabor tem o nome de “embargos infringentes”. Não vem com data de validade, mas de salvação. Existem alguns condenados do “Mensalão”, ávidos para provar o gosto.
E como diz um apresentador de televisão, saírem pela porta da frente, rindo da sociedade brasileira. Indignada, mas com cara de boba. Não são meros ladrões de galinhas. De onde se conclui o que todos sabemos. No Brasil, nem a justiça é igual para todos.
Em agosto de 2012, quando o julgamento começou, escrevi uma coluna com o título de “Julgamento, Pizza, ou Circo”. Depois, à medida que o STF condenava os réus e aplicava as penas, fiquei feliz de ter errado. Desde o começo, ficou evidente que havia dois juízes politicamente em lados opostos. Mesmo assim, muitos brasileiros acreditaram que desta vez seria diferente. Inclusive eu.
Até que alguém descobriu os “embargos infringentes”. Então a maionese desandou literalmente. O que foi batizado de “julgamento do século” transformou-se num novo corporativismo. Com mídia, holofotes e distinta plateia. Aquelas de circo. Ou nesse batismo, estavam prevendo que é o julgamento que poderá durar um século?
Num determinado momento, quase que a sociedade brasileira foi seduzida pelo ministro do supremo Joaquim Barbosa. Nas redes sociais a campanha “Joaquim para presidente”, ganhou força. Muitos viam em nele, uma espécie de salvador da Pátria. Sem se darem conta do quanto isso é perigoso. Barbosa é apenas mais um no jogo do corporativismo. Está longe de ser o que precisamos.
O STF resolveu jogar no lixo, toda a credibilidade adquirida nos últimos meses. Perdeu a aura quando abriu aos condenados do “Mensalão”, novas possibilidades de se safarem dos crimes que cometeram. Dessas que os brasileiros comuns nem chegariam perto. Se você apelasse para os embargos infringentes, seria premiado com sorrisos irônicos. Desses que Joaquim Barbosa é especialista.
Nossos três poderes, não têm medido esforços para que a frase atribuída a Charles de Gaulle, de que “O Brasil não é um país sério”, seja cada vez mais verdadeira. Enquanto nosso legislativo convive com um deputado condenado e preso, o judiciário faz de tudo para salvar alguns de uma temporada na cadeia. E de devolverem o dinheiro roubado.
Durante o “Rock in Rio”, com nariz de palhaço Dinho, o vocalista do Capital Inicial, fez um convite bem sugestivo as oitenta mil pessoas que estavam lá. Ele cantou o refrão: “Vamos saquear Brasília”. Música do álbum Saturno. Seria a solução final, antes que a classe política saqueie o que ainda resta do Brasil. E fique impune como sempre.