A perfeição humana e os erros do homem

A perfeição humana e os erros do homem

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Mais de uma vez os seres humanos terão perguntado a si mesmos como tendo Deus criado todas as coisas e sendo elas perfeitas, o homem é imperfeito.

Toda a Criação é perfeita e, do mesmo modo, é perfeito o arquétipo do ser humano em seus dois aspectos: físico e psicológico. Mas, por uma exceção inobjetavelmente justa, dada a faculdade suprema que encerra e que responde à vontade inexorável de Quem o criou, quis Deus que cada ser humano conhecesse por si mesmo qual é sua perfeição.

Sem exclusão alguma, todos partiram do mesmo ponto: do nada aparente em que vivem os seres no plano da inconsciência; e foi-lhes dado dispor de faculdades com as quais nenhuma outra espécie conta, faculdades que penetram já na essência divina, quando o homem consegue internar-se na esfera do conhecimento.

O conhecimento é a própria vida; sem ele, ela é árida e fria,

e carece dos atrativos superiores que a tornam grande e querida

É evidente que, ignorando o homem suas próprias possibilidades, e não sabendo tampouco que elas, ao existir, poderiam servir para iluminá-lo nos trechos profundamente escuros de sua vida, foi decompondo esse jogo de faculdades, alterando-as até chegar a uma virtual imperfeição. E já nesse estado de imperfeição, foi fazendo muitas coisas imperfeitas, cometendo muitos erros, tanto que eles serão, por longo tempo, a causa de inumeráveis males que têm afligido, afligem e continuarão afligindo a humanidade.

Não é que o homem tenha sido abandonado à sua própria sorte, pois em todo momento foi-lhe dado perceber sinais que, aproximados à inteligência, teriam podido esclarecer e guiar seu entendimento para as altas necessidades que o espírito exige, para libertar-se da imperfeição a que chegou. Prova disso é que, à medida que a humanidade avança, de época em época, os seres humanos, embora lentamente, também vão avançando e evoluindo. Mas os erros e tudo quanto os homens fizeram com imperfeição é o que tem travado sempre o passo das gerações em seu afã de conseguir a identificação com o arquétipo, perfeito como tudo que foi criado.

Chegar a constituir-se cada um tal como o arquétipo humano foi criado requer uma constante e vigilante atenção de todos os movimentos internos, especialmente os mentais, os que a inteligência regula para que sirvam aos fins do aperfeiçoamento. Vemos assim que o conhecimento é a própria vida; que, sem ele, ela é árida e fria, e carece dos atrativos superiores que a tornam grande e querida; sem ele, tudo cansa e satura, porque cada desejo tem um estreito limite, e estreitas são também as metas que sustenta.

A quem se empenha em superar-se, busca e trabalha, a Providência o ajuda, acercando, aos conhecimentos que encontrou, outros que se vinculam e com os quais enriquece sua inteligência.

Se foi possível ao homem cometer tantos erros e acumular tantas imperfeições, também lhe foi dado - porque tem faculdades para isso - eliminá-los, fazê-los desaparecer, alcançando o que se ajusta à verdade, em uns casos, e corrigindo erros, em outros.

Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 151

Carlos Bernardo González Pcotche
Enviado por Edlamar em 09/09/2013
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