A iniciativa privada

A iniciativa privada

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

No curso dos tempos e à medida que a humanidade foi cobrindo suas etapas históricas de idade em idade, uma verdade permaneceu intacta, pode-se assim dizer, apesar do empenho de muitos em desconhecê-la e mesmo destruí-la.

Essa verdade, que tantas vezes, em diferentes pontos do mundo, se pretendeu negar, sobreviveu sempre, em todos os tempos, desde que o homem existe; ainda mais: sobrepôs-se a todas as emergências nas quais perigou sua existência visível no seio da sociedade humana. Referimo-nos à iniciativa privada, que é, inegavelmente, um patrimônio tão sagrado como a própria vida. Ela é o princípio de onde a mão do homem tira tudo quanto realizou desde seus primeiros dias, nos alvores do mundo. Pensamentos, ideias, grandes concepções da mente humana surgiram de cada ser, individualmente, jamais por germinação coletiva, sendo precisamente da iniciativa privada que nasce o pensamento que forja e constrói as bases da sociedade.

É pela própria iniciativa, e não por imposição alheia, que o homem constitui seu lar, trabalha e se esforça por oferecer aos seus o maior bem-estar, e é também pela própria iniciativa que depois procura estender esse bem-estar a todos que, graças à ampliação de suas atividades, se podem beneficiar, cumprido-se assim uma magnífica função social.

A grandeza de um povo se lavra unicamente com o concurso de todas as forças individuais

A iniciativa privada constitui um dos mais inapreciáveis valores que possam existir como meio de progresso e de grandeza para os povos, pois dessa particular iniciativa é que surgem as criações mais estupendas, os descobrimentos mais maravilhosos e as técnicas mais surpreendentes, que em conjunto servem de base para os grandes avanços que a humanidade realiza em todas as ordens do progresso.

Restringir ou anular a iniciativa privada não seria outra coisa que truncar toda manifestação do esforço individual. Seria privar o homem de seus melhores estímulos e obrigá-lo a enclausurar-se a si mesmo, numa espécie de abandono búdico.

A iniciativa privada, compreendendo com isso, para maior clareza de expressão, tudo quanto surge da inteligência individual, cria no homem uma noção mais exata de sua responsabilidade. Mercê de sua própria iniciativa, sabe que é o sustentáculo de sua família e trata, pelo esforço e seguindo sempre suas íntimas diretrizes, de mantê-la em níveis sociais cada vez mais elevados, segundo sejam as exigências que essa mesma iniciativa haja criado no seio de suas relações e na marcha de suas atividades. De modo que sua responsabilidade e o cuidado de seus interesses o levam a esforços sempre maiores, os quais, transcendendo o círculo familiar, chegam a estender-se ao terreno dos negócios e de toda outra atividade que dependa de suas diretrizes.

A grandeza de um povo se lavra unicamente com o concurso de todas as forças individuais, asseguradas pelo livre império da própria iniciativa, ao convergir, pelo influxo próprio de um patriotismo viril, para altas finalidades que hão de culminar em épocas de esplendor e de progresso.

Trechos extraídos da Colección de la Revista Logosofía Tomo 4, p. 113

Carlos Bernardo González Pcotche
Enviado por Edlamar em 05/09/2013
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