UMA HISTÓRIA SOCIAL DA MÍDIA

Através dos tempos, o poder da comunicação fez e faz parte das culturas dos povos, desde os primórdios até os dias atuais. Quando o homem passa a articular suas primeiras falas ou, quando ele gesticula ou produz som para se fazer compreender, ele usa esses meios para chamar a atenção dos demais e, com isso, adquirir para si, o poder de se fazer notar. Ao pintar seus medos, suas crenças e suas bravatas no interior das cavernas, ele passa também a se comunicar através do visual.

Nos povos da pré-história, a palavra usada pelos patriarcas e sábios tinha o poder de centralizar; o poder de transformar; o poder de massificar. O comércio dos fenícios expande, significativamente, a comunicação dos povos, levando e trazendo informações, notícias e renovando conhecimento. Descobridores do alfabeto, aperfeiçoado mais tarde pelos gregos e romanos, esse povo (fenícios), usa dessa comunicação para poder se expandir mais, com mais rapidez.

Os Assírios construíram as primeiras estradas transitáveis, levando a informação, a comunicação entre as cidades, de uma forma mais rápida. A troca de mercadorias e das dívidas, por mulheres, praticados por esse povo, assim como, os leilões de seres humanos praticados na antiguidade, é encontrado nos navios negreiros vindos para o Brasil, e nos leva para os concursos de beleza, onde a “mercadoria” é exposta.

Os Persas construíram e pavimentaram estradas, inventando o correio a cavalo, ligando cidades com distâncias superiores a 2.000 quilômetros, facilitando a informação, levando a notícia mais longe e a comunicação de uma forma segura, sem ser deturpada, ao longo do trajeto percorrido, imitado mais tarde, pelos jornais, pela televisão, o fax e a Internet, através de E-mails.

Os hebreus usaram a comunicação oral, escrita e visual, para massificar a fé em seu deus e os babilônicos escreveram como forma de se organizar socialmente, o primeiro código de leis da história da humanidade. Os gregos e romanos usaram e abusaram da retórica para difundir suas idéias, conceitos, normas e leis.

Na Idade Média, os monges e bispos da Igreja Católica do Ocidente e Oriente, usaram como forma de comunicação, a Bíblia Sagrada, as imagens esculpidas e os vitrais das igrejas, para transmitir aos seus fiéis, os ensinamentos do seu deus único; os persas, através do seu livro sagrado, o Zend Avesta, de Zoroastro; os muçulmanos de Alá, através do Alcorão, todos em épocas diferentes, porém na mesma linha da propaganda de massa, imitados mais tarde pelos reis, que escreviam mensagens divinas e, até hoje, pelos pregadores que utilizam os meios de comunicação (Jornal, Rádio, Televisão, Internet), para transmitirem suas ideologias religiosas e arrebanharem adeptos.

Todas essas culturas são, em sua maioria, copiadas, muitas vezes pela dominação do homem pelo homem. Outras, copiando. O que se nota, na verdade, é que essa prática continua sendo utilizada pelos povos no percurso da história, chegando até os dias de hoje. Quando o homem pinta gravuras lá na Idade da Pedra Lascada Superior, ele é imitado na Idade Antiga pelos egípcios, mesopotâmicos, hebreus, gregos e romanos e, na Idade Média, pelos religiosos católicos que difundiam seus ensinamentos através das gravuras, afrescos, pinturas, vitrais e esculturas de suas igrejas.

Um exemplo é a semelhança entre o livro sumeriano (Mesopotâmia), “A Epopéia de Gilgamech” e o livro dos Gênesis, da Bíblia Sagrada, que conta à estória do dilúvio, mesmo tendo sido escritos em séculos diferentes. Além desses, mais de 100 outras, contam a mesma história, portanto, cópias comunicadoras, cada uma, dentro de sua própria cultura e religião.

Na Grécia, Homero escreveu os livros épicos Ilíadas (que servia de inspiração para Alexandre da Macedônia, que foi aluno da filosofia grega) e, Odisséia, sendo copiado pelos cantores de improvisos, apenas tendo como base, frases pré-fabricadas dos poemas originais. Os estudos de Sócrates foram registrados por Platão, encampados por Aristóteles, ou seja, o mesmo pensamento copiado duas vezes.

Na Idade Média, os rituais tinham como fundamentos principais, fazer o público ver e lembrar-se de eventos importantes, para que fossem comentado e transmitido, copiados até hoje, através da prática televisiva.

O poder da oratória dos tempos medievais (através do teatro e do jogral itinerante), que levavam as informações aos mais diferentes lugares, foi copiado com o advento do rádio, sendo esse meio de comunicação bastante usado na segunda guerra mundial – tanto pelos aliados –, mas e principalmente, por Hitler e o seu ministro da propaganda, Goether.

Stalin e Mussolini utilizaram-se desse meio de comunicação para disseminar suas idéias e ideologias, tal qual fez Max e Engels quando escreveram o Manifesto Comunista, quase um século antes. Kennedy usou o poder da comunicação televisiva em seus discursos e, Martin Luther King, usou e abusou desses poderes para disseminar o seu protesto anti-racismo.

De modo que, um meio de comunicação utilizado não cai em desuso, nem se torna obsoleto quando aparece outra forma de comunicação mais avançada, pois elas passam a coexistirem, sendo imitadas, copiadas, havendo espaço para todas, sem haver aniquilação de uma pela outra.


 




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Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 11/04/2007
Reeditado em 06/12/2011
Código do texto: T445976
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