Problemas – Sim. E daí?
Nós temos um vasto mundo, um globo inteiro para viver, em terra, no mar e nas galáxias.
Nós temos um vasto mundo, um interior inteiro para viver em alma e em espírito.
Os problemas.
Podemos escolher os momentos para eles surgirem?
Talvez sim, talvez não.
Em algumas situações eles se apresentam diante de nós, inesperadamente.
Em outras, nossas próprias ações os provocam.
Uma vez surgido, resta-nos enfrentá-los ou não.
Os momentos de dificuldades nunca se apresentam sozinhos.
Juntamos a ele o nosso inconformismo e/ou o nosso descaso.
A visão que devemos ter dos problemas é a mais clara e simples possível.
Se considerarmos um problema como único, uma única solução poderá resolver.
Como proceder?
Quando acreditamos num problema, abrimos nossa mente para encontrar soluções.
Quando negamos um problema para nós mesmos, camuflamos a realidade e ficamos a mercê de eventualidades.
Menosprezar de nada acrescenta-nos. Levamos adiante como esta e quando ali voltarmos haverá mais de um problema.
Nem sempre querer resolver um problema imediatamente será uma solução inteligente.
A vida nos ensina que alguns problemas devem ser resolvidos somente quando maduros.
Porém, outros devem ser podados de imediato.
Haja feeling.
Muitas vezes devemos retirar nossa observação intimista e nos colocarmos na visão do observador de pássaros.
Não podemos perder o foco na solução do problema.
Algumas pessoas partem para soluções paliativas, sem analisar as situações de forma abrangente e futura, seus prós e os contra. Resolve um problema arranja outros.
A dúvida nos atrasa, pode nos levar a novos erros.
As deduções erradas do passado não podem ser cobradas por nós mesmos durante a vida, pois quando formulamos nossa opinião nela havia nossa compreensão dos fatos naquele momento e nossa reação foi dentro daquela conjuntura.
E se errados procedemos, lamente-se a falha, mas não a solução encontrada.
A solução pode ser uma partida? Sim. Resolve-se o problema. Adapta-se o enredo. Criam-se novos personagens
E novo cenário. E nova peça fica em cartaz.
Assim é a vida.
Existe o beijo da chegada e nem sempre o da partida.
A solução pode ser ficar, permanecer e prosseguir? Pode.
Mas importante é entender que se problema houve.
Problema há.
E se ficar é uma solução, porque se pensou em partir? Onde está a questão principal, na falta de solução ou na escolha da solução?
Podemos viver sem problemas?
Não acredito.
Se não existem, nós os criamos. Somos eternos inconformados.
Com a chuva, com o sol, com a dor, com o amor, com a morte, com a vida.
A prisão é antes de tudo uma tentativa extrema de solucionar algo.
Se escondermos um problema e não o repartirmos com alguém de nossa confiança ou o decantarmos em uma música, em prosa e verso, teremos sérios transtornos de saúde.
Nossa índole humana não foi feita para armazenar tristeza.
A diluição dela em nosso corpo é destruidora.
Mas, quando ela é exposta a mais alguém ou decantada isto funcionará como uma transferência/divisão de responsabilidades e com certeza uma solução será encontrada, fundamentada em novo discernimento.
Nosso refúgio nunca pode ser o material, a posse ou a mentira.
Perde-se um minuto com uma mentira e desaba-se uma vida inteira quando ela é descoberta.
O material é efêmero, passageiro...desgasta-se com o tempo e com ele o nosso egoísmo.
A posse nos implica nas vaidades e com ela perdemos a dignidade do amor.
Sorrir nesta hora é para muitos, algo impossível.
Mas como destruir num primeiro instante o maior do receio de todos nós, o medo. Medo de não conseguir encontrar uma solução para os problemas que se apresentam.
Com o sorriso derrubamos este primeiro reflexo automático de nosso sistema de defesa. Depois com os pensamentos mais concentrados avaliamos o problema e sua solução.
O choro tem seus caminhos e às vezes ele é o caminho.
Diante de um problema lá vem as emoções e acreditando que não se resolverá o choro é a solução.
Num primeiro momento funciona como o sorriso.
Apenas defesa.
Após enxugar as lágrimas ficamos com a secura do problema e sua solução.
Sonhar é tão doce quanto esquecer um problema.
No sonho o problema se resolve.
Busca solução em si mesmo.
Eterniza-nos o sentimento de invencibilidade e dura até a hora de escovar os dentes... olhamos nossa fisionomia no espelho e lá está bem grande escrito na testa...o problemão, que ontem era um probleminha mas...aumentou.
O amor é solução para tudo? Às vezes sim, às vezes não.
Depende do problema.
O amor pode ser o grande problema.
Amor em demasia, aquele cobrado, marcado, acirrado, enciumado, pode transformar um doce relacionamento em cobranças desnecessárias. Geralmente ele vem acompanhado por falta confiança não no outro, mas em si mesmo.
A morte pode solucionar tudo? Não.
O corpo desce, mas a vida fica nas fotos, nos vídeos, nas lembranças e principalmente nos documentos, nos bancos e no cartório.
E aí melhor vivo do que morto.
Nos problemas de saúde gravíssimos muitas vezes se invoca a eutanásia. Consideramos que as pessoas sofrem.
Mas o que é sofrer?
É quando parte de nós devora outra parte e vai aos poucos reduzindo-nos a nada? É quando perdemos a noção do presente e nos lançamos aos gritos de dores insuportáveis?
Não seria o sofrimento a solução neste caso?
Muitas de nossas curas são os nossos sofrimentos.
Quando não os suportamos mais, finalmente nos libertamos.
O que não dá para resolver, resolvido está.
Mas nunca esquecer de voltar a si.