A Logosofia como ciência da observação
A Logosofia como ciência da observação
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
É tendência geral observar para criticar, ou para apontar defeitos, esgrimindo constantemente a ironia sutil, que se esboça no rosto ao descobrir no semelhante as falhas ou imperfeições de seu caráter ou procedimento. Só quando o ser sente sobre si a intolerância alheia, a mesma que ele antes manifestara para com os demais, é que percebe a necessidade de voltar os olhos para motivos que predisponham melhor seu juízo e que não lhe sejam molestos, como no caso citado.
As observações que fazemos sobre os demais devem servir à própria razão e contribuir para o melhoramento individual, pois da observação justa e inteligente surge a capacidade para corrigir os defeitos próprios. Assim, cada semelhante se converterá num espelho no qual cada um verá projetada sua imagem. Se tomarmos para observar, por exemplo, os belos gestos ou modos, as atitudes justas ou a conduta nobre, instituindo-os como modelos que servirão para aperfeiçoar nossa cultura, e tratarmos de nos assemelhar a eles, veremos que a observação assumirá para nossa vida uma importância indiscutível.
E se, por um lado, serão melhoradas as características próprias pelo cultivo das qualidades observadas em pleno apogeu nos demais, por outro será necessário corrigir quaisquer falhas ou defeitos que entorpeçam o livre desenvolvimento dessas condições, já que o fato de não fazê-lo significaria colocar-se sempre numa escala de inferioridade, que de nenhuma maneira convém ao conceito que cada um deseja que os demais tenham dele.
Observar é exercitar a reflexão enquanto o entendimento
estende sua mão para tocar e palpar o que se vê
A Logosofia, ao ilustrar sobre a importância da observação como um dos meios individuais de aperfeiçoamento, também assinala que se deve alcançar uma verdadeira técnica na ciência de observar. A isso obedece o fato de ela salientar a necessidade de orientar a observação para fins sempre úteis ao processo de evolução, e que sejam férteis no sentido de auxiliar a inteligência na busca de elementos para ampliar os conhecimentos e aumentar o cabedal do saber.
Como ciência integral, propicia todas as observações que contribuam para ampliar o campo das experiências, já que, nas múltiplas fases em que costumam se configurar, delas podem extrair-se valiosíssimos ensinamentos.
Fica assim esclarecido que a observação deve ser considerada questão fundamental para a evolução consciente do ser. E se for avaliado o que isto significa para a superação individual, ver-se-á que na vida diária é pouco ou nada o que se observa, visto que simplesmente se vê o que se quer ver, e na maior parte das vezes até isso é julgado de forma arbitrária.
Logosoficamente, observar é exercitar a reflexão enquanto o entendimento estende sua mão para tocar e palpar o que se vê. A observação é, portanto, ativa, nunca passiva ou indiferente; e, sendo ativa, é lógico que deva encontrar a mente sempre disposta a receber com alegria o fruto da observação, e que este fruto sirva eficazmente ao enriquecimento das energias internas do ser.