O FUTURO É LOGO AMANHÃ!
ECOLOGIA AUTO-APLICADA
Nadir Silveira Dias
Há mais de vinte anos que me ocupo em tentar conceber um meio lógico, prático e eficaz para reverter a verdadeira barbaridade que é a orgia de gasto com água tratada para a descarga nossa de cada dia. Isso além da poluição do meio ambiente e da própria água que vai ser objeto de captação para novos e dispendiosos tratamentos.
Minha perplexidade aumentava na medida em que crescia o meu conhecimento e me aproximava dos grandes centros urbanos, cuja magnitude do dano se agigantava para mim e eu não percebia, como ainda não percebo, qualquer medida prática no encaminhamento da solução de tamanho problema. E o que existe atualmente são apenas tangenciamentos meramente periféricos a partir da evidência de provável falta de água potável no futuro.
Na Suíça, em típico procedimento de ecologia aplicada – em grau de sustentabilidade gerida pela própria família - um professor não quis ter a sua casa integrada ao sistema oficial de água e esgoto porque ele faz desaguar no rio um volume imenso de resíduos que, apesar de tratados, mesmo assim ainda causa a morte de algas e peixes que fazem a vida aquática saudável para todos nós.
A solução criada pelo insurgente e meritório professor foi a produção de estrume induzido a partir do próprio vaso sanitário (cuja melhor denominação seria vaso defectório ou vaso defecto-mictório) ao qual se adapta (ou constrói) com separador da parte líquida da sólida, e que se ramifica para a produção de gás natural para o fogão e o tratamento da água servida, sua reciclagem, purificação, e o conseqüente reaproveitamento em vários níveis de utilização!
O sistema, na verdade, apenas reaplica, com maestria específica, o princípio segundo o qual na vida nada se perde, mas tudo se transforma.
E para ser ecológico (ou saber cuidar da própria casa – ekos, no grego) basta se fixar um pouquinho na antropologia, nas características naturais inerentes ao ser humano e a todos os seus demais comprometimentos com a própria preservação. Com as suas conseqüências e efeitos. E apenas isso é preciso fazer para viver sem destruir o próprio ambiente.
Ou então, morra-se mais rapidamente enquanto ser desatento da sua real finalidade por aqui, que outra não é, se não houvessem ou não houverem outras, a de não destruir, a de não degradar, o meio ambiente em que vive, pois sem ele não vive. Sem ele não viverá!
Nós não valemos nada sem essa rede de vida fluente em todos os níveis que cerca a todos nós!
E pelos constantes ataques produzidos ao meio ambiente, cada dia valemos menos!
Nesse contexto, é de todo certo que precisamos fazer a nossa parte, ao menos para não prejudicar ainda mais o que já é prejudicado pelo próprio regime de utilização oficial. No entanto, não é menos correto afirmar que diante da nossa realidade cultural e da realidade de nossos ganhos, não conseguiremos mudar quase nada sem esse mesmo (na verdade, outro diverso e adequado) impulso oficial.
Por conseguinte, mexa-se! Se ainda não puder fazer o que deve ser feito, pelo menos não faça o que não pode ser feito. Coisas do tipo muito simples: Adote o hábito de separar o lixo seco (o orgânico do inorgânico), mesmo que na sua rua ainda não exista a coleta seletiva de lixo. Não destaque a argola das latas de cervejas e refrigerantes. Não deixe o vento levar sacolas plásticas. Ponha-as limpas no lixo seco. Ou elas vão para os galhos das árvores, para os córregos, riachos, rios e mares ou degradar rapidamente todos os pontos da terra.
Enquanto não atingimos um patamar em que possamos reagir ao sistema oficial de descuidos e abusos dos nossos recursos hídricos, e às nossas próprias desatenções ou abusos, tentemos corrigir os nossos próprios erros e oremos!
O futuro é logo amanhã!