REFLETINDO SOBRE SAUDADE
Saudade é uma palavra ampla que carrega vários sentidos derivados sempre da carência por algo que não temos mais e do qual sentimos falta. Todo sentimento de ausência, de perda, de distância, seja do país, da família, chamamos de saudade. Porém há vários formas de saudade. Há a saudade doentia de um amor perdido que nos abandonou. Há a saudade mórbida de alguém que não se consegue esquecer, saudade de quem já partiu desta vida e nos deixou prematuramente. Há as saudades mais doces, como daquela turma boa, das amizades de escola dos filhos pequenos, dos pais, das pessoas que moram longe de nós, da comidinha da mãe etc...
Saudade dá ideia ainda de solidão, de alheamento e de isolamento. Há palavras derivadas dela como saudosismo, saudosista etc.
A saudade que mais gosto de sentir é a saudade dos meus 15 anos. Quando a efervescência das paixões me nasciam e meu jeito de ver o mundo era de quem havia mal acabado de descobrir a vida e todos os seus mistérios. A vida era apenas um manjar para um garoto esfomeado. Eu a comia de todas as formas, com os olhos, com o coração, com a alma e participava de todas as suas festas, sem nunca me cansar. Não havia medo de vencer os limites, aliás nem sabíamos o que era limite, íamos lá e simplesmente fazíamos.
O que dizer então das primeiras namoradas? Das primeiras bebidas? Do prazer dos primeiros cigarros. Dos primeiros beijos, dos olhares furtivos, das paqueras, das aventuras, das partidas de futebol, das amizades genuínas, das brincadeiras sem fim. Saudade deveria ser só isso!!
A saudade dos momentos de felicidade que vivemos. Poder sentir esta fina lembrança de uma época gostosa que nos foi tão boa e que não voltará jamais é a melhor maneira de sentir saudade e deveria ser a única. O resto é dor. Saudade deveria ser apenas sentir a ausência de algo sem estar associada ao sentimento de perda, de angustia. Perda é algo pungente, torturante que causa melancolia, nostalgia, solidão que se perene são a ante sala da depressão. Defino a saudade como uma cama macia onde deitamos sozinhos, enquanto a melancolia é como dormir só numa cama de pedra. Já solidão é como dormir sentindo frio, em qualquer cama.